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Onda de furtos revolta lojistas em Vera Cruz


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 22/07/2022 11:00
Atualizado 22/07/2022 11:35

Polícia   SEGURANÇA PÚBLICA

A constante reincidência de casos de furtos em Vera Cruz vem causando preocupação nos moradores, principalmente os donos de estabelecimentos comerciais. Na madrugada do último sábado (16) para domingo (17), por exemplo, um indivíduo tentou efetuar roubo em duas agências bancárias no centro, bem como em outros pontos comerciais. As ondas pontuais da prática criminosa, já conhecida pelas forças policiais, são consequência de uma cadeia de fatos familiares para as autoridades. A coibição dos crimes e movimentação mais assertiva da justiça com os casos é debate entre a população, que cobra medidas mais incisivas.

Segundo o comandante da Brigada Militar de Vera Cruz, tenente Carlos Moisés Savian dos Passos, a relação dos furtos com o tráfico de drogas é direta. “Essas ondas que acontecem aqui em Vera Cruz são bem pontuais. Geralmente são indivíduos usuários de drogas e também têm uma ficha criminal extensa com vários delitos. Então para manter esse vício, quando eles são libertados, começam novamente esses furtos. Geralmente são devedores das chamadas bocas de fumo, e aí quando são cobrados por traficantes, precisam apresentar um resultado para pagar a dívida. Quem acaba pagando por isso é o comerciante, é o morador na sua residência e os próprios espaços públicos. Eles não medem esforços, pois não têm nada a perder, então as ações são bem audazes”, salienta.

Impotência de quem já sofreu

André Kessler, administrador de uma loja de roupas no centro de Vera Cruz, já foi vítima de ações criminosas mais de uma vez em seu estabelecimento - uma delas recentemente. Para ele, há um problema crônico, e o sentimento é de impotência. “A gente entende que o trabalho da polícia é realizado, tanto é que o autor da última tentativa de furto aqui na loja - no último fim de semana - foi preso, mas liberado logo depois. Acredito que, para avançarmos, teríamos que ter uma mudança de legislação, uma forma que esses indivíduos realmente pudessem permanecer presos por algum período sem esse sentimento de impunidade. O que fica, para nós, é o sentimento de impotência. De que é assim e as mudanças são difíceis de acontecer”, pontua. Ainda, segundo Kessler, há uma cobrança forte no setor do comércio para medidas mais fortes em relação à segurança pública. “Eu tive que colocar vigilante aqui de madrugada, mas é uma medida que talvez resolva de forma momentânea. Precisamos debater uma forma mais eficiente de combate, com maior vigilância e monitoramento das ruas também por parte do Poder Público. É uma demanda latente da população”, comenta.

“Prende e solta"

O tenente Savian também comentou sobre a dificuldade em manter o indivíduo preso após a ação da BM. “Infelizmente, hoje, para manter essas prisões é uma dificuldade, porque o furto qualificado não entra como uma prioridade no código penal. Para mim, é um dos piores crimes, pois a pessoa é lesada em seu patrimônio em questão de segundos, e ainda deixam um estrago, como móveis e objetos quebrados. Qualquer coisa vira moeda de troca para alimentar vício e pagar dívida com o tráfico”, comenta.

Para Savian, é importante conscientizar a população quanto ao uso de equipamentos de segurança. Isso também auxilia na investigação posterior e prisão do suspeito. “Fica claro que, se a pessoa não tem um reforço na sua segurança com grade, câmera de segurança, cerca elétrica ou algum outro dispositivo, a propriedade está vulnerável e vira alvo mais fácil dos criminosos. Se está difícil em um ponto, eles tentam em outro que seja mais fácil. Até realmente ser feita uma prisão preventiva, ele já terá cometido vários crimes no caminho. Esse ‘prende e solta’ permite que eles fiquem pagando a sua dívida com o tráfico. O problema fica na parte burocrática da legislação. Não conseguimos deixar o indivíduo preso lá sem um indício forte de autoria, uma prova concreta através de imagens, por exemplo. Além de fazermos a prisão, a Polícia Civil ainda tem que fazer um inquérito, documentar tudo e fazer a acusação do suspeito. Por isso, reforçamos o pedido com equipamentos de segurança, para que a identificação desses indivíduos leve a resultados mais eficientes com a segurança. Pedimos o apoio da comunidade também, para que façam denúncia quando verem qualquer tipo de atividade suspeita e tragam qualquer informação que possa ser útil à Brigada Militar, através de 190 ou do nosso contato de emergência,  (51) 9 9990 3051”, alerta.

Sistema de videomonitoramento

A Prefeitura de Vera Cruz já trabalha com essa demanda da comunidade e, segundo o prefeito Gilson Becker, há um avanço em relação ao tema. “Já estamos em tratativas, trabalhando para aperfeiçoar o sistema de videomonitoramento inteligente e cercamento eletrônico. Nós já solicitamos também mais uma câmera de reconhecimento facial junto à Secretaria do Estado e tem outras questões que estão sendo trabalhadas para aperfeiçoamento desses dispositivos de segurança, que têm a base junto à Brigada Militar. Esse trabalho está em andamento e há uma evolução para que haja definições já nas próximas semanas”, disse.


Foto: Divulgação
Além do patrimônio lesado, há um transtorno com móveis e objetos danificados
Além do patrimônio lesado, há um transtorno com móveis e objetos danificados

Foto: Divulgação
Constância de crimes dessa natureza revolta a população
Constância de crimes dessa natureza revolta a população