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Aos 85 anos, mão na enxada e vontade de seguir ativo


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 01/05/2022 19:00

Geral   DIA DO TRABALHO

Se tem uma palavra que consta no dicionário de todo agricultor é trabalho. No de Theobaldo Regert, de 85 anos, com certeza vem grifada, com sinônimos de dedicação, perseverança, força de vontade, realização. O filho do Pedro Regert seguiu os passos, dando sucessão à propriedade onde se criou, em Linha Capão. Desde jovem, aprendeu a cultivar de tudo, a criar animais, a ter ovos, leite, a depender, enfim, o mínimo possível de fora. Como era costume, desde criança os filhos -  e eram 15 - costumavam acompanhar os pais na roça.

A lida no campo era natural, mas Theobaldo tomou gosto, e ao casar com dona Hildegard, há 64 anos, assumiu de vez a propriedade. Foi só por volta dos 45 anos de idade, quando os cinco filhos já estavam adultos, que foi estimulado a cultivar tabaco em suas terras. Ouviu a promessa de que a cultura transformaria a vida dos agricultores, com garantia de renda e melhores condições de vida.

Theobaldo apostou e viu que não era mentira. Mas jamais passou pela sua cabeça abrir mão de continuar seus outros cultivos. Mandioca, milho, soja, arroz, verduras, tem de tudo. Também têm porco, galinha, vaca. Ter comida na mesa sempre foi uma prioridade. “No tempo antigo era só na força, no braço. Hoje está tudo diferente. Quem não plantava, não colhia e não comia”, enfatiza ele, que é sócio-fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar de Vera Cruz, e no começo da sua trajetória, para lavrar terra utilizava um burro, só mais tarde que veio a junta de bois e depois ainda, a modernidade com o uso de trator.

Aposentado aos 60 anos, seu Theobaldo faz questão de pegar firme na enxada para capinar, plantar sua mandioca, milho, batata, ajudar no que for preciso para ter comida na mesa, mesmo que a saúde lhe impeça de fazer serviços mais pesados. Só que ficar parado, o aposentado nem cogita. “Fico contente que ainda consiga fazer algo. Sempre tem serviço. Me sinto bem em trabalhar, se não tenho dor, não tenho porque ficar parado”, frisa o pai de cinco filhos, sete netos e quatro bisnetos, que se preocupa com o futuro do campo. Apenas um dos filhos seguiu seus passos na agricultura, e assim enxerga a realidade em muitas famílias. “A pergunta que fica é: quem vai continuar na roça?”, indaga, temendo a resposta. Se o futuro a Deus pertence, seu Theobaldo trata de viver o presente, e com o perdão da redundância, com o presente de ter saúde e disposição para seguir ativo, se sentindo útil, com vontade de produzir mais e mais, sempre com um sorriso largo estampado no rosto.


Foto: Carolina Almeida / Jornal Arauto
Desde jovem, Theonaldo aprendeu a cultivar de tudo
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