As altas temperaturas e a falta de chuva já fazem com que a rotina dos vale-solenses sofram mudanças. Desde a noite deste domingo, dia 16, alguns pontos do município estão tendo que lidar com o racionamento de água, que ocorre com o intuito de minimizar e antecipar os prováveis impactos da estiagem, que tem assolado Vale do Sol de forma mais intensa nos últimos três anos.
Neste ano, as primeiras localidades afetadas com a redução no fornecimento de água foram Rio Pardense, Linha Emília, Campos do Vale, Três Barulhos, Pinhal Trombudo e Faxinal de Dentro, onde o racionamento já ocorre das 22 às 7 horas da manhã. No Centro, as novas medidas foram realizadas a partir desta segunda-feira, dia 17, das 13 às 17 horas. Conforme o prefeito Maiquel Silva, é necessário que a população se conscientize e busque economizar água por meio de ações simples que podem fazer uma grande diferença. “Temos que ser conscientes, pensar no próximo e evitar o desperdício. É com atitudes simples que podemos prevenir que a situação piore ainda mais”, enfatiza.
Atualmente, o abastecimento ocorre somente através de poços e vertentes, que em muitos locais acabaram secando por conta da forte onda de calor. Dessa forma, com a falta de chuva, as fontes de água têm tido uma queda significativa no volume de produção.
Conforme o secretário municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Alessandro Kappel, nos últimos dias houve um aumento de 20% no número de solicitações de transporte de água no município. “A gente já está aumentando os turnos de trabalho com os nossos caminhões devido à grande quantidade de pedidos de água. Têm dias que vamos até às 23 horas levando água para os moradores, então está sendo uma situação bem complicada para todos”, salientou o secretário.
Ainda, outro ponto destacado por Kappel foi a diminuição da produção das vertentes no município, que somente nas últimas semanas, tiveram uma queda de 20%. “A realização do racionamento ocorre em virtude de uma grande redução no volume de água nos reservatórios, que geralmente utilizamos para pegar água e levar aos moradores. Ao todo, se formos levar em consideração os últimos meses, as vertentes e os poços artesianos tiveram uma queda de mais de 40% na produção em decorrência da falta de chuva”, concluiu o responsável pela pasta.
Dessa forma, caminhões-pipa da Prefeitura estão dando suporte no abastecimento de água nas localidades mais prejudicadas. Cerca de mil famílias no município estão sendo afetadas pela falta de água. Conforme o levantamento realizado pela Emater, as perdas ocasionadas pela estiagem representam mais de R$ 25 milhões.
Tendo que lidar com a incerteza da presença de água na torneira, a família Vitalis vem sofrendo com os impactos da estiagem desde o início de dezembro. Moradores da localidade de Alto Formosa, interior de Vale do Sol, a família tira o seu sustento da agricultura, com a produção de diversas culturas. No entanto, desde 2020, a chegada do verão tem trazido más notícias para a família, que nessa época do ano já tem se mobilizado cedo para garantir o abastecimento na propriedade.
Conforme Gustavo André Vitalis, de 28 anos, desde o dia 8 de dezembro já foram solicitadas seis vezes a entrega de água para a Prefeitura. “Meus avós e pais moram aqui há cerca de 25 anos, e poucas vezes precisaram pedir água nesse período. No entanto, nos últimos três anos, nossa vertente ficou seca já no início de dezembro, fazendo com que fosse necessário o apoio dos caminhões-pipa. Tivemos que mudar muitas coisas aqui, os carros não são lavados desde novembro, só usamos para o essencial”, lamentou o agricultor.
Para evitar um possível desabastecimento, Gustavo e o pai Vilson acompanham diariamente o nível dos reservatórios, para pedir com dois ou três dias de antecedência a água para a Prefeitura, que devido à grande demanda, não consegue entregar no mesmo dia solicitado. “É um transtorno sempre termos que correr atrás e ficar com o medo de não ter água, mas vamos torcer para que chova e melhore a situação para todos os vale-solenses”, concluíram Gustavo e o pai.
