No interior, além das tradicionais celebrações de Natal e Ano Novo, o fim de ano para muitas famílias marca o encerramento da colheita do tabaco, um alívio aos fumicultores, que correm contra o tempo para diminuir o impacto do calor nas folhas de fumo na lavoura. Prova disso é a antecipação dos produtores na hora de realizar o plantio, que em muitas propriedades ocorre com um mês de antecedência, na comparação com 10 anos atrás.
Conforme o tesoureiro da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcílio Drescher, na parte baixa do Vale do Rio Pardo - que inclui Santa Cruz, Vera Cruz, Vale do Sol, Sinimbu, Venâncio Aires - aproximadamente 85% do tabaco já havia sido colhido até a última sexta-feira, dia 31 de dezembro. Na comparação com a mesma data de 2020, o percentual colhido nas lavouras da região representava cerca de 80%, uma diferença de 5% que demonstra uma tendência que deve ser recorrente nos próximos anos, tendo em vista a adaptação do tabaco às condições climáticas do inverno, quando ocorre o transplante das mudas das bandejas para as lavouras.
Conforme o fumicultor vale-solense Dionas Gilberto Schroeder, de 42 anos, morador de Linha Formosa, interior de Vale do Sol, na atual safra foram plantados cerca de 135 mil pés de tabaco, em uma área de oito hectares.
Segundo Schroeder, a expectativa é de que a última fornada seja colhida no máximo até a primeira quinzena de janeiro. “Há 10 anos já plantamos no fim do mês de julho. De um tempo para cá, cada safra estamos tentando antecipar mais. Este ano, por exemplo, plantamos no final de junho, pois a mudança do clima afeta cada vez mais a qualidade e a produção. Cerca de 90% já está colhido, pretendemos finalizar a safra até metade de janeiro. Estamos a cada ano investindo em novas tecnologias, ano passado colocamos mais uma estufa elétrica, para ter maior tranquilidade e qualidade na cura do tabaco”, salientou o fumicultor.
De acordo com o agricultor, a safra deste ano, no que diz respeito à qualidade do tabaco, está sendo positiva, mesmo com a incidência de fortes precipitações nos primeiros meses da safra 2021/2022. “O clima, no início, prejudicou pelo excesso de chuvas, mas no final estamos satisfeitos com a qualidade do tabaco. Acreditamos que a quantidade é muito importante, mas a qualidade é o que nos dá o maior retorno financeiro. Estamos apreensivos em relação à compra, na expectativa de uma boa valorização do tabaco para que nosso esforço seja recompensado”, destacou o agricultor, que planta tabaco há cerca de 28 anos.