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Em Vale do Sol, tradição natalina corre nas veias da família Müller


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 25/12/2021 00:17
Atualizado 25/12/2021 16:32

Cobertura Especial   ESPECIAL DE NATAL

Com tanta casa que Papai Noel precisa percorrer nos quatro cantos do mundo, nada mais justo do que recrutar ajudantes para viverem este papel de magia e generosidade. Só que em algumas famílias, o Bom Velhinho parece ter contagiado mais do que um representante. Pelo menos é o que aconteceu com a família Müller. Dois irmãos, Paulo e Felipe, compartilham essa vivência e, de quebra, Rose, esposa de Paulo, dá vida à Mamãe Noela. O trio é conhecido em Vale do Sol por circular por diversas localidades para, mais do que distribuir balas e pirulitos, levar o clima de Natal para os mais distantes pontos do município, onde talvez esta visita seja a única para muitas famílias.

Na vida de Paulo, hoje com 48 anos, a motivação para este papel de Bom Velhinho veio do amigo Alfonso Scherer, que iniciou esta caminhada de felicidade para a criançada ao distribuir doces e presentes no Clube da Amizade, em Formosa. “Ele que foi o grande incentivador, me empolgava tanto que eu saía de casa escondido para ninguém desconfiar que eu me caracterizava. Sempre foi muito emocionante e ele é uma inspiração”, reconhece Paulo. Já o irmão, Felipe, de 27 anos, tinha 14 anos quando começou e a influência do irmão é inegável. Foi pouco tempo depois de descobrir a identidade  de Paulo nos Natais de família. Ao querer fazer algo também, Felipe diz: “cortei um papelão para fazer a máscara, colei algodão (era horrível, mas pra mim tava bonito). Minha touca era um calção vermelho. Encontrei casaco e calça vermelha e assim fiz a roupa”, diverte-se ele, que há pouco tempo adotou Vera Cruz como morada. Com o tempo e a ajuda do irmão experiente, a vestimenta foi melhorada e então Felipe passou a acompanhar Paulo e a esposa, Rose, que mais do que organizar roteiros e preparativos, virou Mamãe Noela. “Ela é minha guia, minha luz para não desistir nunca. Não há palavras suficientes que descrevam o que a gente sente. Acho que nasceu com a nossa família isso. A gente ouve ‘esse aqui sim é o Papai Noel de verdade. Como diz Felipe, a gente se sente um herói usando a roupa do Papai Noel”, sublinha Paulo. Quem disse que precisa de capa para ser herói?

Diferente da imagem que os irmãos viveram na infância, com o Noel chegando com varinha na mão, causando medo, o negócio deles é levar alegria e, de preferência, para localidades distantes do centro, onde muitas vezes é raro ter a presença do personagem natalino. “Eu meio que me transformo, parece que o Papai Noel fica adormecido o ano inteiro dentro de mim e no Natal eu encarno e ele faz o serviço dele. No Natal a gente vive o Papai Noel, não sou o Felipe quando estou vestido. O melhor é ver a alegria das pessoas quando a gente chega, ver a criança perdendo o medo, entregando o bico, são coisas pequenas, mas muito gratificantes”, reflete o caçula.

As vivências ao longo dos anos também marcaram a família Müller. Paulo destaca que as crianças carentes dão mais valor para esta visita. “Quem tem mais poder aquisitivo compra presente toda hora. Elas não. Às vezes percebemos que a criança está assustada, não chega. Aí tu conversa, senta, mostra que é bom, dá bala e logo fica à vontade, ganha o presente. Esta transformação do medo em alegria chama atenção e nos faz chegar às lágrimas às vezes. Também as situações com acamados, pessoas deficientes, eles sorriem com os olhos e isso faz muito bem”, descreve Paulo.

Uma situação em especial é inesquecível para Felipe. “Uma vez estávamos passando numa rua em Vale do Sol e o comerciante entrou numa estradinha de chão perto do centro. Veio uma senhorinha de idade e pediu para esperarmos porque traria o filho que nunca tinha visto o Papai Noel. Esperamos, logo pensando que viria uma criança. Para surpresa veio um adulto, deficiente. Ela pequena e ele enorme, ela trazendo ele no colo. Fiquei sem palavras, chorei, foi muito tocante ver os olhos dele brilhando, a emoção ao falar Papai Noel, com toda dificuldade, tocou lá no fundo”, completa.

O trio reconhece que Natal é sinônimo de alegria, de encontro, de bondade. Paulo, Rose e Felipe tratam de viver os dois dias com intensidade, como se fossem hipnotizados por este clima mágico que busca, incansavelmente, fazer as famílias rirem de felicidade e acreditarem no Natal. Recompensa maior não há.


Foto: Carolina Almeida/Jornal Arauto
Irmãos compartilham vivências e levam consigo a Mamãe Noela
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