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Luthier: a arte de dar vida aos instrumentos


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 02/10/2021 20:10

Geral   TALENTO

Por trás das curvas de um violão ou uma guitarra, do brilho que reluz da madeira e do som que encanta os ouvidos do público, existe o trabalho de um luthier. Feito uma gestação, que dura menos de nove meses, levando em média 90 dias - como no caso do cavaco -, esse profissional dá vida a instrumentos de corda acústicos, como violões, violinos e violas brasileiras, e de eletrificados, a exemplo de guitarras e baixos elétricos. Por sua vez, os clientes que contratam seu serviço, tal como pais acompanham o desenvolvimento de “seus filhos”, que neste caso, “nascem” com as características  que sempre sonharam. 

Além de construir, o luthier é responsável pela restauração e manutenção de instrumentos, trabalho que exige dedicação e amor, conforme Alexandre Ruschel, de 38 anos, que atua desde 2005 na área. “A profissão veio naturalmente em função do amor pela música. Não tem como fugir disso”, revela. 

Paixão essa que, segundo ele, nasceu ainda na adolescência, quando aprendeu a tocar alguns instrumentos musicais, como a guitarra, influenciado pelo rock. Tempos depois, o primeiro contato com a arte de confeccionar instrumentos veio através de um curso, realizado em Caxias do Sul. “Foi bem na fase dos 18 anos, quando ainda estava descobrindo o que queria fazer da vida e acabei me encontrando. Lá pude construir meu primeiro violão, ele tinha 12 cordas de aço e era um Folk”, recorda. Já finalizado o curso, em 2005 passou a realizar a manutenção para conhecidos e confeccionar as primeiras peças para venda, em um ateliê montado em um quartinho nos fundos da casa da mãe. 

Apesar do conhecimento adquirido até ali, o que já lhe rendia alguns clientes, Alexandre percebeu que era preciso buscar mais experiência na área. Após mudar-se com a esposa para São Leopoldo, aos 24 anos, conheceu um luthier experiente na cidade - que tinha entre os clientes a Banda Tchê Garotos e Bebeto Alves -, de quem não desgrudou por cerca de dois anos. 

Dessa vez, sentindo-se mais preparado, em 2011 encontrou em Santa Cruz do Sul o local para montar seu próprio ateliê. “Precisava me instalar em uma cidade onde tivesse movimento de artistas e possibilidades para comercializar os instrumentos. E deu certo. Já atendi vários nichos musicais, grupos de bandinha, pagode, bandas de rock e por aí vai. Ser luthier me ensinou a não ter preconceito com nenhum estilo de música”, pontua. 

O OFÍCIO

Desde então, Alexandre já confeccionou violão clássico e de aço, cavaco, ukulele, contra-baixo, guitarra, carrom e até mesmo amplificador, além de trabalhar no reparo e manutenção de inúmeros instrumentos. No dia a dia, conta ele, muito além da habilidade, o luthier precisa ter paciência. “Cada instrumento leva um certo tempo para ser feito. Esse trabalho inicia com a forma, que é a parte mais difícil, pego a chapa de MDF, faço a silhueta e empilho, sigo nas laterais e assim por diante. Também há um processo de ferver na água quente e de colocar no ferro quente para moldar, o que é bem crítico porque pode quebrar. Depois tem que lixar e fazer o acabamento, é um trabalho bem manual”, revela, ao citar que os instrumentos carregam histórias, o que torna a profissão ainda mais atraente. “Acontece de usar madeiras que restauro e que já tinham uma história antes, como aquelas que davam formas a outros objetos e isso é muito bacana. Acontece também nos reparos, quando os clientes têm instrumentos que estão há tempos na família ou que têm um significado especial por outro motivo. Isso faz com que meu trabalho tenha ainda mais valor para essas pessoas”, afirma. 

NOVO FOCO

Após anos confeccionando instrumentos diversos, Alexandre quer focar agora na construção de guitarras, instrumento pelo qual é apaixonado. “Eu toco guitarra e isso torna muito mais fácil a produção, porque posso testar o instrumento e fazer um trabalho ainda melhor. Me vejo seguindo a profissão por muito tempo, porque os instrumentos são alegria, eles proporcionam momentos de felicidade e sentimentos tão únicos, que muitas vezes nem se consegue transmitir de outra forma”, arremata o luthier. 

SAIBA MAIS

Para conhecer mais sobre o trabalho do luthier, basta acessar as redes sociais @Alexandre Ruschel (no Facebook) e @ruschel20 (no Instagram). Para contato, o WhatsApp (51) 99649-4550.


Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
Ofício exige paciência e dedicação
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Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
Paixão pela música motivou a escolha da profissão
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