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Merenda muda para prevenir obesidade


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 06/07/2021 19:00

Geral   NUTRIÇÃO

Mais alimentos in natura para o prato dos estudantes vera-cruzenses e menos açúcar. Esses são os principais reflexos da reformulação que teve o cardápio desenvolvido pela Secretaria Municipal da Educação (SMED) para atender a resolução 6, de 8 de maio de 2020, fruto de atualização da lei do programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), que vai ao encontro do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. As mudanças se justificam por uma razão simples e cada vez mais preocupante em todo país: o aumento da obesidade, que começa na infância. Para ser aliada neste processo, a SMED reforça a importância da continuidade da reeducação alimentar em casa.

A fim de prevenir o excesso de peso e contribuir com a alimentação mais saudável, uma série de adequações vem sendo feita desde o início deste ano. Uma delas é a proibição do açúcar e dos preparados para crianças menores de três anos. Isso inclui, além do açúcar branco e mascavo, por exemplo, schmier, achocolatados, bolachas, cucas e bolos com o ingrediente; além de doces como mel e melado. Já para maiores de três anos, uma vez por semana é permitido o consumo de preparações regionais doces, no caso local a introdução de mel, melado e schmier, por exemplo.

Com a limitação surgem também novas oportunidades, frisa a nutricionista da Secretaria Municipal da Educação, Caroline Ortolan, responsável pela elaboração do cardápio escolar. Sem açúcar, a agroindústria prepara o bolo com banana, aveia e uva passa. Como também não pode utilizar alimentos ultraprocessados, como a margarina, para passar no pão outra produtora fará a pasta de amendoim. E se a presença de itens panificados na merenda reduziu por causa dos carboidratos envolvidos, outras apostas foram feitas, como omeletes e massa de panqueca - mais um nicho para agroindústria local. O kit sopa, com as verduras higienizadas e já cortadas, vem para facilitar o preparo nas escolinhas, especialmente com o aumento do consumo pelos bebês.

Com tudo isso, frisa Caroline, os produtores da agricultura familiar e da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Vera Cruz (Coopervec) tiveram ganhos a partir das mudanças, que envolvem as crianças desde o berçário A. São mais verduras e frutas adquiridas, além da possibilidade de inserir novos itens. Todas as mudanças propostas, que incluem ainda a limitação da linguiça e da bebida láctea, têm sido testadas para avaliar a aceitação com os alunos. Para eles, a principal diferença está nos lanches servidos, com mais alimentos naturais no lugar de doces.

Apelo aos pais

Caroline faz o pedido aos pais, para que sejam parceiros neste processo de mudança de hábitos e restrições do doce na alimentação dos seus filhos. Se na escola será preciso adaptar a rotina sem açúcar, leite sem achocolatado, entre outros, em casa é importante atentar para isso também. “Caso contrário a criança vai apresentar recusa à alimentação escolar. É preciso afinarmos o cardápio da escola com o de casa”, sugere a nutricionista. Apesar de não ter pesquisa recente nas escolas locais, em função das aulas remotas ano passado, visualmente a profissional observa o aumento significativo de peso na população, problema que intensifica a partir dos cinco anos de idade. Com estas mudanças por uma melhor alimentação, Caroline espera reverter o quadro. “Esperamos colher os frutos disso daqui uns três anos”, aposta.


Foto: Carolina Almeida/ Jornal Arauto
Ao invés do doce no pão, omelete feito com espinafre e ovos recheou o lanche das crianças da EMEI Pingo de Gente na sexta-feira
Ao invés do doce no pão, omelete feito com espinafre e ovos recheou o lanche das crianças da EMEI Pingo de Gente na sexta-feira