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Eu fiz história: De Villa Thereza a Vera Cruz, foco no progresso


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 07/06/2021 09:00
Atualizado 07/06/2021 18:12

Geral   62 ANOS DE VERA CRUZ

Quem chega pela primeira vez a Vera Cruz e circula pelas principais ruas, percebe um município em desenvolvimento, mas com um quê interiorano. Na arquitetura, prédios e casas se intercalam com comércios, mas uma imponente construção, em um dos pontos mais estratégicos da cidade, chama atenção dos que aqui passam pela primeira vez e traz as reminiscências aos que tiveram a oportunidade de conhecer a empresa que carregava também o legado do nome do município.

As memórias estão também muito vivas na lembrança de Horst Herbert Schneider. “A Lopes Sá foi incorporada a uma empresa do exterior, para que fosse feita a separação dos processos de processamento de cigarros e tabaco. Assim foi criada, aqui em Vera Cruz, uma empresa nova, chamada de Verafumos. A matriz era na Holanda, mas a proposta era inovadora: o lucro era investido no Brasil, muito pouco era remetido aos holandeses. Por isso, todo ano era um novo equipamento, vivíamos sempre construindo e implementavam novos equipamentos”, conta.

Horst, que atuou por 37 anos na indústria do tabaco, rememora a importância que se tinha com as pessoas. “Pegamos uma fase muito boa, com a transformação para indústria de tabaco. Antes tínhamos apenas postos de compra. No começo, lembro que era muito difícil encontrar pessoas habilitadas, com conhecimento e estudo. A Verafumos, então, pagava a universidade para formar mão de obra qualificada. A empresa financiava a construção da casa própria, os funcionários mostravam o projeto, construíam e depois tratávamos de como seria pago. Chegava um tempo que não precisava mais pagar, a dívida estava perdoada como reconhecimento pelo trabalho. A política social para a empresa era algo muito sério”, salienta.

Além de industriário, Schneider sempre se preocupou com o progresso do município. Foi vereador quando o cargo não era remunerado e chegou a ser vice-prefeito. “Na Câmara, não tínhamos nenhum assessor. Os documentos e as propostas eram todos datilografados por nós mesmos. Era um serviço comunitário. Concorri a vice-prefeito com o Ivênio Mueller. Foi uma campanha muito bonita. Naquele tempo era diferente, o adversário não era inimigo, íamos para o interior fazer comícios e depois nos reuníamos para comer e quando víamos chegavam os nossos concorrentes e confraternizávamos”, lembra.

Sempre preocupado com o progresso de Vera Cruz, Horst Schneider explica como se deu a construção do Hotel Dalmolin. “Eu tinha dois terrenos e era necessário apenas um para fazer um hotel, que não havia na cidade ainda. Eu me interessava em vender para alguém que fosse fazer algo e não para investidores. Financiei para ele, e hoje temos o hotel. Fiz o mesmo com a Kopp, as terras ali eram do meu sogro e estavam sem aproveitamento. Fiz o negócio e isso me deu muita satisfação, pois agora temos este bonito acesso”, explica.

Um dos bens mais importantes para Vera Cruz, a água, também recebeu contribuição do abnegado. “As indústrias Verafumos e Celina precisavam cada vez mais água. Um engenheiro de Porto Alegre, então, nos disse que era possível trazer água por gravidade até a Caixa d’água. Foi uma obra muito difícil. A prefeitura não tinha máquinas para fazer a canalização, só uma retroescavadeira. Lembro quando foi feita a ligação para água vir para o Centro. Isso demorou uns três dias ou mais e nos desesperamos. Aí o engenheiro disse para termos calma, pois todo ar que havia nos canos precisaria sair e se completar com água. Quando começou a correr água, foi uma festa”, conta Horst, que ainda lembra da primeira ligação telefônica que partiu daqui. “Na Lopes Sá não tinha como telefonar. Lembro que quando tínhamos que ter uma comunicação rápida com o Rio de Janeiro, saíamos daqui à tardinha em direção a Porto Alegre para que pela manhã pudéssemos nos candidatar para fazer uma ligação. Mesmo sendo os primeiros, às vezes demorava uma hora para poder falar, e aos berros. Vera Cruz não tinha atrativos, éramos muito dependentes de Santa Cruz. Com a emancipação veio o progresso”, lembra.

 


Foto: Letícia Dhiel/Grupo Arauto
Horst Herbert Schneider tem vivas as memórias do tempo da Verafumos
Horst Herbert Schneider tem vivas as memórias do tempo da Verafumos

Foto: Arquivo/Jornal Arauto
Processo de beneficiamento do tabaco era feito de forma manual
Processo de beneficiamento do tabaco era feito de forma manual

Foto: Arquivo/Jornal Arauto
Inauguração da sede administrativa da Verafumos, em 1987
Inauguração da sede administrativa da Verafumos, em 1987