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Na pandemia, oportunidades de trabalho crescem para cuidadores


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 01/06/2021 19:00

Geral   ÁREA EM ALTA

Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros - o que já é percebido em cidades como Vera Cruz, conforme a Secretaria de Saúde -, a profissão de cuidador de idosos é uma das que mais tem crescido no país. Se há alguns anos, esses profissionais já encontravam um mercado promissor – abrindo também o leque para os cuidados de jovens e adultos, sejam acamados, cadeirantes, internados em hospitais ou no pós-cirúrgico -, durante a pandemia do novo coronavírus têm visto as oportunidades de trabalho crescerem, como é o caso da santa-cruzense Carmen Letícia Rodrigues, de 37 anos. 

Com experiência de mais de 12 anos nos cuidados de pacientes adultos e idosos, tanto em domicílio como no hospital, há algumas semanas Carmen passou a atender também, mediante autorização médica, pessoas internadas na ala Covid das instituições de saúde de Santa Cruz do Sul. “Quando cheguei para cuidar da primeira paciente na ala Covid, ela estava muito debilitada. Com o passar dos dias, percebi que a presença de uma pessoa ao lado dela auxiliou muito na recuperação. Essa sensação de estar sozinho e de não ver o tempo passar leva à ansiedade, que pode fazer a saturação baixar e a pressão subir, ocasionando a piora do quadro”, salienta Carmen. 

Conforme os dias passaram e sua paciente teve alta, a cuidadora recebeu outros pedidos para ficar com pacientes na ala Covid e, assim, seguiu por mais 45 dias prestando os serviços no local. Entre as pacientes, esteve ao lado de Jenifer de Almeida da Cruz, de 38 anos, durante uma semana. “Meu marido foi o primeiro a internar por causa da Covid-19 e a Carmen permaneceu com ele no hospital. Quando eu internei, ela cuidou de mim também e isso fez toda diferença. Além de ajudar a passar o tempo, ela estava toda hora em contato com os médicos e enfermeiros, perguntava o que fosse preciso saber e nunca deixava dúvidas”, revela  Jenifer, hoje já recuperada da doença. 
Além de ser uma companhia durante a internação, Carmen afirma que a presença de um cuidador neste momento auxilia o paciente a cumprir recomendações médicas, por mais desconfortáveis que sejam, como quando precisa ficar deitado de bruços para a melhora da função dos pulmões. “Aí a gente faz o papel de ficar do lado, incentivando: ‘vamos lá’, ‘só mais um pouco’, ‘isso vai passar’. Esse gesto dá uma força tremenda ao paciente”, explica a profissional, ao citar a importância do apoio psicológico neste momento.

AMOR PELO QUE FAZ

Independentemente do local onde os cuidados são realizados, seja no hospital ou na casa do paciente, a profissional vera-cruzense Elaine Berlt, de 59 anos, frisa que o mais importante para ser um cuidador é amar o que faz. “Costumo dizer que o segredo é ter paciência, pois enquanto idosos, eles têm suas limitações. Também preciso ser alto astral. Não adianta eu chegar na casa de um idoso, que já não está muito bem de saúde ou está tristinho, e ficar cabisbaixa. Preciso chegar dizendo aquele ‘bom dia’ cheio de energia, aí o paciente também vai se alegrar”, aconselha. Assim como Elaine, Carmen frisa que o carinho com o paciente é imprescindível na profissão, tanto quanto a responsabilidade. “Geralmente o paciente está num momento frágil e precisamos distrair aquela pessoa, levar alegria pra ela, além de alimentá-la, dar banho, trocar a fralda, ajudar a se locomover. Temos que estar preparados para tudo o que ele ou ela precisar”, pondera.

As profissionais explicam que os serviços de um cuidador são requisitados, geralmente, quando determinada pessoa precisa de cuidados - seja pela falta de autonomia, na recuperação de problemas de saúde ou após uma cirurgia -, contudo, os familiares têm uma rotina agitada e trabalham, ou até mesmo quando o paciente demanda cuidados tão específicos que só um profissional pode atender suas necessidades. Segundo elas, mais recentemente, durante as hospitalizações ou a recuperação pela Covid-19, esse profissional também passou a ser referência neste tipo de cuidado, devido ao risco iminente para a família de se contaminar pela doença. 

Dessa forma, Carmen e Elaine precisam estar sempre dispostas a se adequar à rotina dos pacientes, seja em plantões à noite ou nos cuidados durante dias, semanas e meses, se for preciso. Pelo tempo de dedicação com cada um deles, revelam que na despedida o coração aperta, tamanho laço de confiança e afeto criado com seus pacientes e as famílias. 

 


Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
Carmen cuidou de Jenifer durante internação na ala Covid
Carmen cuidou de Jenifer durante internação na ala Covid