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Aumento de casos de FeLV em Santa Cruz acende alerta sobre importância da vacinação de gatos


Publicado 19/04/2021 19:00
Atualizado 19/04/2021 21:06

Geral   ATENÇÃO!

No último mês, o número de casos de FeLV em Santa Cruz do Sul aumentou consideravelmente. Responsável por diversos problemas como leucemia, anorexia e falhas reprodutivas, a doença viral ataca gatos e traz um alerta para a importância da vacinação dos felinos. Em duas clínicas veterinárias consultadas pelo Grupo Arauto em Santa Cruz do Sul, houve um acréscimo no número de casos de animais infectados. 

Conforme a veterinária Patricia Rossi, apenas na clínica em que trabalha foram diagnosticados 40 casos de FeLV no último mês. "Acredito que os casos tenham aumentado principalmente pela falta de conhecimento sobre a doença e de sua gravidade e pela falta da vacinação em geral dos gatos. Um gato contaminado e que não esteja apresentando os sinais clínicos pode infectar diversos animais na rua durante os passeios", destaca.

A leucemia felina, que não possui cura e tem alto índice de mortalidade, provoca os primeiros sinais clínicos a partir de um ano de idade até os seis anos. "Praticamente todos os casos diagnosticados evoluem para óbito, normalmente ocorre de maneira rápida a evolução, o animal para de se alimentar pela falta de apetite, perde peso, começa a ficar mais fraco e apresentar dificuldades respiratórias", diz. 

Por isso, a única maneira de prevenir a doença é fazendo as vacinas anuais. "Como a FeLV é uma doença contagiosa, acredita-se que nos últimos anos estamos tendo mais animais infectados, assim como mais animais diagnósticos na clínica, pois nos anos anteriores muitos vinham a óbito sem nenhum diagnóstico", explica. Atualmente, as vacinas disponíveis contra a doença variam de R$ 90 a R$ 130, com a necessidade de aplicar duas doses iniciais por animal e repetir uma deles anualmente.

Assim como na clínica de Patrícia, a veterinária Mariana Bremm também percebeu o aumento no número de casos. "Dos gatos atendidos na clínica com sintomas de anemia ou imunossupressão, 90% dos casos positivaram, demonstrando a alta incidência e morbidade do vírus da FeLV", ressalta. Segundo ela, os casos continuam em alta devido à natureza “selvagem” dos gatos e seu instinto de demarcação de território e brigas por fêmeas. "A atitude dos tutores ao permitirem que seus gatos tenham livre acesso a rua e a não esterilização de machos e fêmeas estimulam esse comportamento", fala. Por isso, além da vacinação, Mariana também pontua o quanto é importante a castração dos animais.

O que é FeLV?

De acordo com a veterinária Mariana Bremm, a FeLV é uma doença viral causada por um retrovírus que ocasiona várias síndromes clínicas. "Os gatos doentes podem ter sintomas como anemia, leucemia, letargia, anorexia, abcessos, estomatite, gengivite, diarreia e conjuntivite. Também ocasiona falhas reprodutivas como abortos e filhotes natimortos", destaca.

A transmissão, principalmente oronasal, ocorre através de secreções e saliva, sangue, urina, fezes, leite e transmissão transplacentária (gestação). Conforme Mariana, a doença está relacionada com a alta densidade populacional (contato direto frequente entre os animais) e a contaminação pode ocorrer através de mordidas, cuidados mútuos com os pelos, lambedura, fômites como vasilhas de água e comida, além de sanitários. Não há risco de transmissão para humanos.

Conforme a veterinária, testes rápidos para o diagnóstico da doença podem auxiliam no tratamento precoce e evitar que o quadro se agrave, o que geralmente acontece. "A taxa de mortalidade é alta, o prognóstico é ruim. A doença desencadeia uma série de prejuízos, desde linfomas malignos, anemia não responsiva ao tratamento e a profunda depressão do sistema imune. A maioria dos gatos infectados vem a óbito em um período de dois, três anos", afirma. 

No município

No Canil Municipal de Santa Cruz do Sul todos os felinos são testados para Fiv/Felv no momento da chegada e aqueles positivos são alojados em instalações separadas para evitar o contato com os animais negativos. Conforme a veterinária do local, Amanda Bragato Pereira, no momento da adoção a equipe orienta os futuros tutores quanto a importância da testagem de todos os animais que irão conviver na residência. "Orientamos a respeito da vacinação, assim como recomendamos a criação de felinos “indoor”, que consiste em não permitir que seu animal tenha acesso à rua, impedindo a disseminação de doenças infecciosas, diminuindo o risco de atropelamentos, envenenamentos, fugas, etc", destaca. 

Segundo ela, apesar de ser uma doença sem tratamento específico, com um manejo sanitário adequado, consultas periódicas ao médico veterinário, um animal Felv positivo pode viver normalmente. Além disso, ela reforça que a castração dos felinos também é um fator primordial no controle da disseminação de diversas doenças. "O animal persistentemente infectado sem sinais clínicos é o ponto chave da disseminação do vírus na população felina", explica. 


Foto: Freepik
Dentre os problemas, doença pode causar leucemia e falhas reprodutivas nos animais
Dentre os problemas, doença pode causar leucemia e falhas reprodutivas nos animais