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Apesar da falta de chuva, região tem na soja boa rentabilidade nas propriedades


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 05/01/2021 07:00
Atualizado 05/01/2021 07:19

Geral   AGRICULTURA

Estão em desenvolvimento na região as lavouras tradicionais de soja, semeadas principalmente a partir de outubro do ano passado, além das cultivadas na resteva do tabaco, cujo plantio segue até este mês - já tendo alcançado no total os 90%. Como para as demais culturas, a principal vilã tem sido a falta de chuva, que tem impacto direto no estabelecimento e bom desenvolvimento das plantas. “Mesmo que não haja uma perda total das lavouras, a cada dia com déficit hídrico o potencial produtivo vai gradualmente reduzindo”, explica o extensionista rural Alberto Pinheiro, da Emater/RS-Ascar de Vera Cruz.

Além de atingidos pelos problemas de desenvolvimento inicial das plantas, alguns produtores do município tiveram de deixar de lado o plantio de parte da lavoura em dezembro devido ao clima seco. Em Vera Cruz, conforme a Emater/RS-Ascar, a estimativa de plantio para a safra 2020/2021 é de 700 hectares. “É provável que parte dessas lavouras de dezembro, aproximadamente 10 a 15% do total, sejam convertidas em lavouras de milho, visto que esse tem indicação de plantio até 20 de janeiro”, frisa Alberto. 

MESMO SEM CHUVAS, CULTIVO É APOSTA

Apesar do receio em função da seca, que levou, inclusive, muitos produtores vera-cruzenses a apostarem mais em seguros agrícolas, a soja ainda tem grande demanda no mercado, representando boa rentabilidade e levando a manutenção da área plantada nas propriedades, sem migração de atividade por parte dos agricultores. Entre eles, Flávio Overbeck, da localidade de Ferraz, interior do município.

O produtor afirma que apesar da falta de umidade para o plantio na safra passada, a colheita ficou dentro da expectativa, por isso, não diminuiu a área plantada desta vez - que corresponde a 20 hectares. “Preciso desta diversificação na propriedade, planto também arroz e tabaco, porque assim garanto rendimento em diferentes períodos do ano, entre eles da soja, que tem tido um bom preço de venda”, garante o produtor, que havia parado anos atrás com a produção, mas voltou justamente pelo bom retorno financeiro adquirido com o cultivo.

Flávio plantou a lavoura tradicional de soja em novembro e diz que os cultivos já vêm apresentando problemas pela falta de chuva. Porém, segundo ele, o que mais deve sofrer com a seca é o plantio da resteva. “Esse plantei há umas três semanas e não tivemos boas chuvas. As plantas estão com uns 20 centímetros e precisam de umidade para florescer. Já dá pra ver bem na lavoura que elas estão ficando murchas”, diz o agricultor vera-cruzense. Segundo ele, a antecipação do plantio não seria opção - buscando maior incidência de chuva -, pois o clima frio da época não iria favorecer as plantas.

Na comercialização, é preciso avaliar mercado

A colheita da soja na região só ocorrerá daqui a alguns meses, mas a Emater/RS-Ascar de Vera Cruz, assim como os escritórios de Vale do Sol e Santa Cruz do Sul (na terra da Oktoberfest a área plantada chega a 3.300 hectares) já alertam que para comercializar a produção por valores mais atrativos os produtores vão precisar ficar atentos ao mercado, que sofre oscilações constantes de preço. “A soja é uma commoditie, é um produto global e tem variação de preços por vários fatores, como estoque internacional, clima, consumo, câmbio, entre outros. É difícil determinar o momento mais assertivo para vender o produto, tendo de ser avaliado pelos agricultores”, recomenda a Emater do Vale, onde a estimativa de área plantada de soja se manteve em cerca de 750 hectares. 

Flavio, que comercializa a produção para a Cooperativa Coagrisol, confirma a importância deste processo. “Tiro como exemplo a comercialização da safra passada, quando vendi bem mais cedo, conseguindo por volta de R$ 92 a saca. Porém, se tivesse vendido mais tarde, poderia ter ganho R$ 165 por saca. Então, neste ano quero avaliar melhor o mercado”, afirma o agricultor, que também frisa que se a seca demandar falta de produto, os agricultores que mantiverem a produtividade poderão vender bem. 

 


Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
Na lavoura, cultivo de soja já sente os efeitos da seca
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