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Como os municípios da região se preparam para enfrentar uma possível nova estiagem


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 08/11/2020 07:00

Geral   PRECAUÇÃO

Com a proximidade do verão, a falta de chuvas já começa a refletir nos cultivos e o estado fica em alerta para os possíveis efeitos de uma nova estiagem, não só no que diz respeito à falta d’água para a manutenção da agricultura e pecuária, mas também para o consumo humano. Nos períodos mais críticos da seca, o Corpo de Bombeiros de Vera Cruz fez a entrega de mais de um milhão de litros d’água para o consumo de dezenas de famílias, de pelo menos 13 bairros e localidades do município. O dado foi compartilhado na edição do dia 3 de novembro do Jornal Arauto, na coluna “Bombeiros em Ação”, juntamente com um pedido para que a população adquira reservatórios e armazene o maior volume de água da chuva possível.

Conforme a corporação, quase a totalidade das famílias atendidas não possuíam reservatórios adequados para armazenamento. “Algumas famílias de seis pessoas tinham apenas duas caixas d’água de 250 litros, o que dificultava o armazenamento de um volume maior”, frisa o sargento Edson Luiz dos Santos. Também, explica o sargento Eder Porto Ferreira, em algumas propriedades a água era colocada dentro de poços, diretamente no chão, provocando desperdício, já que o solo se encontrava extremamente seco, absorvendo grande parte da água. Entre as dicas, os sargentos orientam às famílias a adquirir reservatórios maiores, a partir de mil litros, pelo menos, além de aproveitar para armazenar maior volume de água no inverno, período em que a ocorrência de chuvas é maior.

No município, além das entregas d’água para o consumo humano, equipes da Prefeitura abasteceram as propriedades, atendendo as necessidades do trabalho agrícola e pecuário durante a seca. Entre as estratégias para aumentar a capacidade de retenção de água, frente à nova estiagem, o secretário de Desenvolvimento Rural, Diego Halmenschlager, explica que foram realizados diversos trabalhos de abertura e limpeza de açudes. “Só em serviços de escavadeira houve mais 500 atendimentos, fora os particulares”, comenta ele, que acredita que os produtores estão mais preparados para a próxima seca.

Na última estiagem, a água que abastecia os caminhões-pipa para a distribuição nas propriedades vera-cruzenses era captada de açudes fornecidos por produtores que tinham grande volume nesses reservatórios. Caso, novamente seja necessário utilizá-los, Diego salienta que eles devem dar conta de fornecer volume de água suficiente.

VALE DO SOL

Em Vale do Sol, as Linhas Bástian, Boa Esperança, 24 de Fevereiro e Bernardino foram as que mais sofreram os efeitos da última estiagem. Para atender as famílias dessas e de outras localidades foram transportados aproximadamente 5,4 milhões de litros d‘água. Tamanha foi a situação vivida pela comunidade que, em março de 2020, o racionamento de água atingiu cerca de 250 famílias, além de que os dois caminhões-pipa da Prefeitura rodaram diariamente, inclusive nos fins de semana, das 6 horas à meia-noite. Mesmo após meses do período de seca, ainda há moradores do município que sofrem com a falta d´água, como em Linha Boa Esperança. O poço que abastecia essas famílias não voltou ao nível normal após a estiagem e, dessa forma, elas são abastecidas pelo caminhão-pipa até hoje.

Desde o início da estiagem o apelo aos vale-solenses foi para que providenciassem caixas d’água de modo a armazenar a maior quantidade possível do volume de chuvas. A administração municipal acredita que atualmente mais de 50% da população já tenha adquirido reservatórios próprios. Se as previsões de poucas chuvas para os próximos meses se concretizarem, frisa que as entregas de água com caminhão-pipa serão retomadas. Da mesma forma, salienta que as fontes e os poços artesianos de Linhas Alto Rio Pardense, Trombudo e Formosa, de onde era retirada a água para abastecer os caminhões-pipa, novamente devem dar conta de ofertar o volume necessário para o serviço. Além disso, o reforço poderá prover dos 180 mil litros d’água de um novo reservatório junto ao Rio Pardense, que também facilitará a captação para possíveis emergências no município.

SANTA CRUZ DO SUL

Na terra da Oktoberfest, informa a secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, foram entregues nove milhões de litros d’água no período de seca. O volume foi distribuído em localidades onde ainda não há redes de abastecimento de água, famílias que não aderiram à rede pública, por terem optado por uso de captação artificial ou em poços tipo cacimba - fontes que reduziram pela falta de chuvas. No município, cita a pasta, as famílias têm adquirido, na medida do possível, os reservatórios para uso residencial e, além disso, recomenda que façam a proteção de nascentes para aumento quantitativo e implantação de cisternas para captação de água da chuva para usos não potáveis.

A secretaria salienta, ainda, que o volume de água que abastecia os caminhões-pipa nos períodos mais críticos de falta de chuvas era captado de poços artesianos de boa vazão, próximos aos locais desassistidos, que podem dar conta de uma nova estiagem.


Foto: Arquivo Jornal Arauto
No Vale, entregas d’água ocorreram diariamente em função da seca
No Vale, entregas d’água ocorreram diariamente em função da seca