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Os amores que a distância não impede; conheça histórias de quem se conheceu pela internet


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 15/12/2019 12:00
Atualizado 15/12/2019 12:01

Geral   SEM LIMITES

Cartas não olham nos olhos. Foi bem mais fácil escrever.” No passado, tantos namoros começaram depois de traços no papel, como na música do Roupa Nova. Mas eles foram se modernizando. Transformaram-se em ligações, às vezes urbanas, que serviam para mandar um beijo e um recado de “não posso demorar, pois tem mais gente pra ligar”, como na música de Bruno e Marrone. A tecnologia evolui e as pessoas passaram a se conhecer pela tela do computador. “Não precisamos de correio. É só por e-mail que falamos de amor”, como na canção da Banda Passarela. As redes sociais, então, vieram com força. Nada mais de carta, ligação urbana ou e-mail. Agora, aplicativos de paquera, de relacionamento e de mensagens. Facebook, Instagram, Tinder, Badoo e tantos outros ganham cada vez mais espaço. É como na música do tradicionalista João Luiz Corrêa: “Nessa tal de internet é bem fácil namorar”.

DO INSTAGRAM PARA O CORAÇÃO
Ana Pilz tem 21 anos e iniciou uma relação afetiva através das mídias digitais. Tudo começou num momento em que a jovem mexia no Instagram. No explore, apareceu a foto de uma paisagem. Muito bonita, segundo ela. “E eu curti aquela foto, na maior inocência, porque achei bonita mesmo”, diz. No outro dia, o “dono” da foto passou a seguir Ana, que retribuiu. Não demorou e Marlon Medeiros, de 23 anos, mandou um “oi, nos conhecemos?” pelo Direct - canal para conversar no Instagram. “Eu demorei alguns dias para responder, até porque namorava na época”, lembra. Depois que o respondeu, passou a questionar informações básicas, como “qual tua idade”, “o que gosta de fazer” e “o que curte”. Foi aí que perceberam que tinham muitas coisas em comum - opiniões, famílias parecidas, visão de mundo, de futuro, entre outras. “Eu sabia que não rolaria nada, justamente por eu namorar e por ele morar tão longe [Marlon mora em Governador Celso Ramos, perto de Florianópolis, em Santa Catarina]. Mas poderia surgir ali uma boa amizade”, conta a santa-cruzense. 

A amizade foi se fortalecendo. Os dois passavam boa parte do dia conversando. “Eram assuntos aleatórios, sem maldade, sendo bons amigos que compartilham seus dias”, conta. O tempo foi passando e Ana começou a gostar de Marlon. Foi então que terminou com seu namorado da época. Era hora de conhecer pessoalmente o amigo conhecido por acaso nas redes sociais. “Decidimos nos encontrar, mas isso não seria fácil. Tínhamos que enfrentar nossas famílias, convencendo-as de que não era uma mentira e que a pessoa do outro lado da telinha realmente existia”, lembra. Para isso, Marlon ligou à mãe de Ana para convencer de que aquilo tudo não era loucura e que faria bem para os dois. “Foi bem complicado, mas ela acabou cedendo”, conta. 

PRIMEIRO ENCONTRO
Marlon comprou as passagens e veio para Santa Cruz do Sul. O primeiro encontro foi em frente a um hotel, onde o jovem se hospedou durante uma noite. “Encontrei ele de manhã e à tarde minha mãe foi conhecê-lo. Fomos ao cinema e curtimos muito. Depois de quatro meses conversando diariamente finalmente nos encontramos e percebemos que aquilo não era um sonho”, comenta.
No dia seguinte, os dois compraram passagens e foram a Santa Catarina. Lá, estiveram juntos por cinco dias. “Era nossa única oportunidade por causa das férias na época. Era isso ou nada”, sorri a jovem. Na despedida desse encontro, a tristeza. “Aqueles dias foram incríveis e não sabíamos se nos encontraríamos de novo e nem quanto tempo demoraria”, conta ela. Mas em abril, dois meses depois, o reencontro: Marlon e o pai vieram a Santa Cruz, desta vez de carro, para conhecer a cidade. “Foi muito bacana e minha mãe ficou mais tranquila conhecendo o pai dele”, diz. 

ENCONTROS MENSAIS
Desde 2015, quando se encontraram pela primeira vez, o namoro é à distância. Marlon trabalha com tecnologia em Santa Catarina e Ana é formanda em Administração, pela Unisc. Com encontros uma vez por mês, eles aproveitam também os feriados e as férias para se visitaram. Em algumas vezes, se veem no fim de semana, mas o que é muito cansativo, segundo Ana, sobretudo pela viagem, pois são mais de 600 quilômetros. “Já são quatro anos sobrevivendo à distância. Muitos dizem que não conseguiriam fazer isso, mas acredito que se existe amor de verdade, a distância é só um detalhe. Adoramos viajar e sempre que possível planejamos nossas férias pra aproveitarmos da melhor forma possível. Nossos reencontros são recheados de abraços, carinho e amor. Aproveitamos cada segundo juntos e acredito que essa é uma das principais diferenças de alguns casais que se veem com mais frequência. É maravilhoso e eu amo ele demais”, encerra a jovem, que usa da tecnologia que uniu o casal para manter a relação à distância. Os dois trocam mensagens, fotos e chamadas de vídeo.

Namoro começou no Tinder e já dura mais de dois anos
Juliana Ottato Marin tem 20 anos. Assim como a maioria dos jovens, curte tecnologia e alguns aplicativos. Entre eles, o Tinder. E foi ali o início do namoro com Nícholas Matheus Lau, de 23 anos. Tudo começou nos likes e deslikes do aplicativo, em janeiro de 2018, quando Juliana passou a morar em Santa Cruz do Sul – antes disso ela residia em Cachoeira do Sul. Depois, começaram a conversar pelo Tinder e migraram para o WhatsApp, outro aplicativo - mas esse de troca de mensagens. O encontro saiu do virtual para o real quando o semestre iniciou na faculdade. “Ele tinha uma foto antiga no Tinder. Então, foi meio que uma surpresa quando eu encontrei”, conta ela, mas que frisa que foi uma surpresa positiva. 

A partir daí, embora estudando na mesma universidade, na Unisc, eles não faziam o mesmo curso – ela cursava Comunicação Social e ele Engenharia Civil. Então, os encontros eram no intervalo das aulas. Passaram dois meses e decidiram começar a namorar – namoro este que já dura dois anos e meio. Ela diz que a prioridade não é casar e que não há planos para o futuro. Nesse momento, a aspiração é viajar.
Assim como muitos dos que procuram um amor virtual, Juliana se considera uma pessoa tímida e diz que sempre usou da internet para conhecer as pessoas. “Virtualmente, consigo me expressar melhor”, observa a jovem, que antes de namorar Nícholas teve outros relacionamentos iniciados através dos meios digitais, inclusive com quem mora em outros estados do país. É o amor que não tem latitude ou longitude que impeça.

Confira a matéria completa na edição do Jornal Arauto desta sexta-feira.  


Foto Divulgação
Juliana e Nícholas namoram há mais de dois anos
Juliana e Nícholas namoram há mais de dois anos

Foto Lucas Batista/Jornal Arauto
Ana Pilz namora a distância com Marlon Medeiros, de Santa Catarina
Ana Pilz namora a distância com Marlon Medeiros, de Santa Catarina