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Entregue com o dobro do peso permitido, Castramóvel ainda está longe de se tornar realidade nos bairros


Publicado 07/05/2021 20:50

Geral   IMPASSE

Entregue oficialmente à Prefeitura de Santa Cruz do Sul em novembro de 2019, o Castramóvel ainda não está em operação. Isso por conta de uma série de problemas, identificados com o passar do tempo. A unidade, adquirida com R$ 150 mil do Governo Federal e R$ 40 mil de contrapartida do município, foi entregue com o dobro do peso permitido para transporte, o que impossibilita que ele circule pelos bairros, principal função que teria se tivesse sido equipado da maneira correta. 

A identificação do excesso de peso ocorreu neste ano após averiguação de um outro problema. Conforme a secretária de Saúde de Santa Cruz, Daniela Dumke, a pasta foi informada que o veículo - ainda no ano passado - havia sido danificado enquanto era empurrado. Porém, ao analisarem o Castramóvel, obstáculos ainda maiores foram identificados. "Na verdade, ele ter sido deslocado de uma maneira equivocada é o menor dos nossos problemas. Ao pesá-lo, percebemos que ele tem o dobro do peso permitido. Começa por aí, mas há várias questões bem complicadas", diz. 

Com isso, o que seria apenas um conserto das partes danificadas tornou-se um processo complexo e burocrático. "Não é só arrumar. Ele está irregular, começando pelo peso e chassi. São questões que na entrega deveriam ter sido identificadas e não foram. É uma situação delicada", diz. Além disso, a empresa - responsável pela fabricação e entrega do veículo - não atende os telefonemas da Prefeitura. "Eles sumiram do mapa. Descobrimos um município em que ela prestou um serviço e estamos indo atrás do município para tentar chegar na empresa", comenta.

O Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) também já foi contatado pelo Executivo sobre o problema. Afinal, atualmente, é ilegal movimentar o veículo. "Assim que conseguirmos contato com a empresa, veremos sobre a legalização. Não temos autorização de mexer nele, pois é responsabilidade da empresa nos dizer o motivo de ter o dobro do peso do que o registrado no veículo. É irregular!", lamenta. 

Uma sindicância para apurar os fatos está em andamento no município. Além disso, reuniões com a vereadora Bruna Molz - autora do projeto do Castramóvel - já foram realizadas. "Ela está bem ciente da gravidade. Não é uma coisa fácil de ser resolvida. Viemos fazendo tudo com muita transparência ao lado da Bruna. Não é nem questão de custo, mas de regularização. Então precisamos da empresa para fazer isso. Por nós, o projeto já estaria em andamento, mas não temos condições legais para isso", explica. Em um dos encontros com a vereadora, a Prefeitura chegou a sugerir sobre a instalação do veículo em um ponto fixo, mas identificaram ser inviável, pois a comunidade espera por um serviço móvel e acessível para todos os bairros. 

De acordo com Bruna Molz - que mensalmente encaminha pedido de informação sobre o assunto na Câmara de Vereadores - a situação lhe deixa muito triste. "O problema é muito maior do que imaginávamos. As pessoas me cobram, com razão, mas é uma situação que foge do nosso controle. Todos nós queremos o Castramóvel funcionando. É prioridade para os bairros. Nem sempre as pessoas conseguem levar os animais até o Hospital Veterinário", considera.  

O que é o Castramóvel?

A unidade móvel foi construída com o objetivo de controlar a natalidade entre a população de cães e gatos de rua e também dos animais pertencentes a famílias de baixa renda, além de ser um serviço em prol do controle de zoonoses. 

Com materiais cirúrgicos, o veículo - equipado no Paraná - conta com uma sala de medicação pré-anestésica, sala de cirurgia, sala de pós-operatório, sala de assepsia e autoclavagem. As operações do Castramóvel estavam previstas para ocorrer por médicos veterinários da Prefeitura ou conveniados. 


Foto: Arquivo/Portal Arauto
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