Ambos moram em cidades pequenas e precisaram ter coragem para assumir a homossexualidade. Separados por menos de 40 quilômetros, distância que separa Pantano Grande e Rio Pardo, Iago Martins e Jader Dutra se encontraram pela primeira vez na cidade histórica. Conviveram na escola, sem conversar, enquanto ambos viviam o mesmo processo de aceitação. Foi depois de se identificarem gays e de contarem para as famílias, que o destino os reuniu em um encontro de amigos em comum.
Depois de mais encontros e investidas, o relacionamento começou a evoluir. Foi quando Iago deixou Porto Alegre, onde estava morando, para ficar perto de Jader, que este último entendeu que era amor.
E foi por causa desse amor que eles não concordaram com a polêmica das últimas semanas. No dia 15 de setembro, a 14ª Vara do Distrito Federal autorizou o uso de terapias de reorientação sexual. A decisão atendeu a uma ação de três psicólogos que pediam a suspensão de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que estabelece como os profissionais da área devem atuar nos casos que envolvam a orientação sexual de pacientes. O caso trouxe a tona o antigo comentário do deputado e pastor Marco Feliciano, que defende a "cura gay".
Embora entendam a intenção da proposta dos psicólogos, Jader e Iago acreditam que a liminar não vá ajudar quem deseja ultrapassar a homossexualidade. Para eles, quem passa pela não aceitação, não terá coragem de buscar auxílio. Entretanto, na visão do casal, isso vai influenciar pais que vão se iludir de que existe "solução para o filho gay". O publicitário Jader salienta sua opinião: "É a mesma coisa que amar teus pais e fazer terapia para deixar de amá-los”. Iago, gerente comercial, destaca também que está faltando amor e empatia no mundo, fazendo com que as pessoas tenham dificuldade de entender o próximo.
Adriano Lima, um dos psicólogos da liminar, defende que a ideia da medida não é curar. Ele garantiu que o objetivo é acolher o sofrimento e dar assistência para quem, realmente, quer mudar.
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