Há alguns dias, Cátia Kist falou durante o “Bom Dia, Arauto!” que nós seres humanos estamos egoístas. Eu concordo e isso me fez lembrar uma situação que observei em uma das minhas idas e vindas entre Vera Cruz e Santa Cruz. Era um dia quente e o trajeto entre a capital das gincanas e a cidade do chopp aconteceu com a trilha sonora da risada de uma garotinha.
Animada, ela questionava a pessoa que estava sentada com ela no ônibus – provavelmente sua mãe – e se mostrava interessada em todos os detalhes. Sua curiosidade acariciou meu coração. Afinal, eu gosto de quem é aberto para a vida, para o universo e crê na bondade humana. Sua inocência me encantou, mas a admiração não parou por aí.
Enquanto a maioria das pessoas caminha sem olhar ao redor, preocupadas com seus próprios umbigos, aquela garotinha virou para o lado. Olhou pela janela e observou uma cena que a deixou preocupada. “Cuidado, tio”, gritou ela, enquanto arregalava os olhos para um homem sentado na beira de uma construção.
Observar e entender a preocupação que a menina teve ao ver um pedreiro trabalhando sem proteção em uma obra relativamente alta, me fez pensar no quanto não nos importamos com os outros. Não reparamos nos perigos, desde que eles não nos atinjam. Não nos preocupamos com as consequências, desde que elas não aconteçam conosco. Olhamos muito para frente e pouco para o lado.
A voz da garotinha, provavelmente, não chegou até os ouvidos daquele homem. Porém, sem ele saber, teve a proteção e a oração mais poderosa do mundo: a prece de quem ainda não cresceu e não foi contaminado com a maldade humana. Sejamos mais crianças nessas horas.