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Jaime Almansa: o motorista dos prefeitos


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 25/07/2022 17:00

Geral   COLONO E MOTORISTA

Difícil quem não conheça Jaime Almansa, 61 anos, na Prefeitura de Santa Cruz do Sul. Prestes a completar 37 anos de serviço público como motorista - e outros anos antes em empresas privadas - ele já esteve na Secretaria de Obras para carregar pedras numa caçamba a gasolina. Também começou a levar as crianças no ônibus quando o transporte escolar passou a ser municipalizado. Hoje, atua realizando um sonho, que é conduzir os pacientes SUS para hospitais de qualquer lugar do Estado, como motorista da ambulância. “Sempre pensei: o paciente em primeiro lugar. Penso como se fosse um familiar meu ali”, descreve, sensível com os enfermos, especialmente quando se trata de crianças. Mas talvez o período que mais desperte curiosidade, nestes quase 37 anos de Prefeitura, seja aquele dedicado a dirigir o carro oficial do Prefeito de Santa Cruz. O que fez por vários anos e várias gestões. Começou nos dois últimos anos do governo de Arno Frantz, seguiu pelos quatro anos de Edmar Hermany, os oito de Sérgio Moraes e os quatro anos de Kelly Moraes.

Em todos esses anos, Jaime coleciona belas recordações. Recorda dos tempos do prefeito Arno, quando se aproximava da residência para buscá-lo, com o Diplomata da Prefeitura, dona Traude (Edeltraud, a esposa do Prefeito), prontamente servia a xícara de café para o motorista juntar-se à mesa. O mesmo acontecia na casa dos Hermany. Lembra de chegar, pegar o carro da família para levar os filhos de Edmar e Helena na escola, depois voltava para saborear o café da manhã ao lado do casal, antes de conduzir o Prefeito pelo giro habitual entre as secretarias. Com a família de Sérgio Moraes, com quem conviveu por mais tempo no ofício, a relação é de amizade, a tal ponto dos filhos já o pararem na rua para apresentar seus bebês, netos de Sérgio e Kelly. “Fui amigo de todos eles, nunca falei mal de um para o outro. Sempre fui muito discreto e mantive relação de confiança com todos os gestores”, reflete.

Relação fundamental para ter permanecido ao longo de tantos anos convivendo com prefeitos de diferentes partidos. Lembra com carinho quando conduziu Arno para Jaguarão, na abertura da colheita do arroz, evento que teve a presença do então presidente Collor. Também recorda das tantas decisões políticas tomadas dentro do carro, entre uma viagem e outra, e que sempre manteve em sigilo. “Ninguém nunca soube nada de mim, nem minha esposa. Só sabia quando saía no jornal”, diverte-se.

Exemplo disso foi quando Sérgio Moraes questionou o senador Sérgio Zambiasi, no carro, sobre a necessidade de encontrar alguém para concorrer a deputado federal. De pronto, Zambiasi respondeu: a Kelly. Dito e feito. Foi o primeiro cargo público eletivo assumido por Kelly Moraes. E assim, Jaime guarda com carinho as passagens vividas com os gestores de Santa Cruz, cada qual com sua personalidade marcante, mas que o receberam de braços abertos, como alguém da família. “Essa profissão me realiza. Se tivesse que fazer tudo de novo, faria sem sombra de dúvidas”, arremata.

Confira essa e outras histórias de colonos e motoristas no caderno especial do Jornal Arauto de 22 e 23 de julho.


Foto: Carolina Almeida/Jornal Arauto
Caderno especial conta a história de colonos e motoristas
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