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Mais de duas mil pessoas aguardam por transplante de órgãos no Estado


Publicado 17/06/2022 07:00

Geral   SAÚDE

Conforme a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o número de transplantes de órgãos no Brasil caiu 6,9% nos primeiros três meses de 2022. O resultado faz parte do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), e segundo a pesquisa, trata-se do pior resultado para o setor desde o primeiro semestre de 2021. No Rio Grande do Sul, 2.515 pessoas estavam aguardando por um transplante até o dia 10 de junho.

No Estado, conforme os últimos dados da Central Estadual de Transplantes, das 211 notificações de morte encefálica – quando acontece a parada das às funções do cérebro - que ocorreram entre janeiro e abril, apenas 28% foram efetivados em doação de órgãos. 

De acordo com os dados, as principais causas para a não efetivação da doação acontece principalmente pela negatividade familiar; por não ser um doador em vida; religião; demora na entrega do corpo ou desconhecer a vontade de doar. A contra indicação médica e parada cardiorrespiratória também são fatores que implicam na efetivação das doações e ocorrem em virtude da pessoa ser diagnosticada com Neoplasia, Covid-19, Sorologia e outra doenças.

Nos primeiros quatro meses do ano, foram captados no Rio Grande do Sul 176 órgãos. Em destaque está o transplante efetivo de Rim (114) e de Fígado (46). Pulmão (10) e Coração (6) fecham a lista. Já transplantados foram 200 – o número de transplante é maior, pois alguns órgãos podem vir de outros estados.

Conforme a enfermeira na Unidade de Terapia Intensiva Adulto e Coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital Santa Cruz,  Fernanda da Cunha Salvi, a pandemia ocasionou queda na doação de órgãos, causando consequentemente redução nos transplantes. Ela explicou que no Hospital Santa Cruz, em 2021, foram abertos quatro protocolos para doação de órgãos e tecidos, porém sem doações efetivas.

Na lista de espera do Estado para receber uma doação, estão 2.515 pessoas. Destas, 1.316 aguardam por um transplante de Rim e 941 por transplante de Córnea. Os demais são para Fígado (161), Pulmão (75), Coração (12), Pâncreas + rim (4), Fígado + rim (5) e Pâncreas (1).

Fernanda sublinhou que no Hospital Santa Cruz, o procedimento de captação dos órgãos é realizada por uma equipe especializada da Central de Transplantes do Estado, no Centro Cirúrgico do hospital onde está o doador. “O tempo médio para realização do procedimento varia conforme os órgãos a serem captados, com tempo de duas a três horas. Após a captação, os órgãos são transportados pela Central de Transplantes até Porto Alegre para serem implantados nos receptores, os quais estão cadastrados em lista única de espera, regulada pelo Sistema Nacional de Transplantes”. Ela destacou que pessoas da região e até de outros estados podem receber os órgãos captados, pois é necessário haver compatibilidade de ambos para o implante (receptor-doador), papel desenvolvido pela Regulação de Transplantes.

Como ser um doador

Para ser doador de órgãos é necessário conversar com a família e deixar claro o desejo de ser doador, pois é a família quem decidirá sobre a doação dos órgãos. Este desejo precisa ser compartilhado com ela, caso você queira ser doador.

Existem duas formas de doar

Doador vivo: é quando uma pessoa saudável, que concorde com a doação, e que faça isto de forma voluntária e altruísta. Este doador pode doar um dos rins, parte do Fígado, parte da Medula Óssea e parte do Pulmão. Perante a legislação, parentes até quanto grau e cônjuges podem ser doadores, não parentes, somente com autorização judicial.

Doador falecido: são pacientes com diagnóstico de morte encefálica, que se encontram internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou Emergência.


Foto: Divulgação / Ministério da Saúde
Queda nas doações aconteceu em virtude da pandemia e também da negativa familiar
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