A safra 21/22 do tabaco já pode ser considerada uma das mais rentáveis dos últimos anos. A melhora na compra fez com que muitos produtores saíssem do vermelho e pudessem realizar novos investimentos em suas propriedades. Dessa forma, a valorização trouxe esperança de dias melhores para a classe, que já vislumbra uma nova perspectiva após a última safra.
Conforme o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, é possível observar a grande valorização do tabaco, se comparar o valor pago pelas empresas nos últimos anos. Na safra 20/21, o preço do quilo do tipo Virgínia comprado no Rio Grande do Sul estava em R$ 10,60. Neste ano, o valor do quilo da variedade está avaliado em R$ 17,72, o que representa um aumento de 67,17% no valor pago pelas empresas aos fumicultores. No que se refere ao Burley, em 20/21 o preço estava em R$ 10,12, mas passou para R$ 16,42 na atual safra, uma variação positiva de até 62,65%. “O preço do tabaco superou as expectativas, pois houve uma concorrência muito forte entre as empresas na compra de tabaco”, salienta Werner, que prefere usar com cautela o termo “super safra” para definir o atual estágio da produção. “A super safra depende muito do que usamos para analisar: se falarmos em preço sim, tivemos preços que superaram totalmente as expectativas, superando as melhores classes de compra; porém, precisamos lembrar que muitos produtores foram atingidos com forte seca, causando uma quebra de receita para estes”, frisa o presidente.
Morador de Linha Tapera, o agricultor Vilson Wink Junior, de 23 anos, comemorou os resultados da recente safra. De acordo com o jovem, mesmo que a seca tenha atrapalhado um pouco no início, foi possível ter um excelente resultado. “Plantei 40 mil pés e tive um bom desempenho mesmo com a falta de chuva. Consegui fazer 9 arrobas por mil pés nessa safra. Em outros anos, a média estava em 11, mas a valorização não era a mesma desse ano. A compra acima da média representou um reconhecimento aos agricultores, que ficam muitos dias direto no sol trabalhando o seu produto”, salientou Wink.
Com o lucro obtido na atual safra, o vera-cruzense revela que foi possível fazer diversos aportes na propriedade. “Com o dinheiro dessa safra, conseguimos realizar a manutenção de equipamentos agrícolas, como o pulverizador e a semeadeira. Ainda, instalamos placas solares, trocamos de moto e em breve queremos fazer uma ampliação em nosso galpão. Ainda, estamos avaliando fazer a instalação de um forno de módulos, que geraria mais economia de lenha e maior qualidade para a cura do tabaco”, frisa o jovem.
Já de olho na próxima safra, o agricultor revela que irá manter a área de plantio igual a da última safra. Para os próximos meses, a expectativa é de que com a subida nos preços dos insumos, combustíveis, entre outros, o valor pago pelas empresas fumageiras pelo tabaco tenha elevação semelhante aos dos demais produtos presentes no mercado brasileiro.
Segundo o presidente da Afubra, diante das pesquisas parciais de comercialização, tem-se uma tendência de pequena redução no plantio para a safra 22/23. Porém, a situação dependerá muito do clima. “Se o clima for mais favorável que a última safra, poderemos ter uma produção maior, mesmo com redução de área. A orientação das entidades continua sendo, para no máximo, manter a área. Considerando fatores normais de produção, qualquer aumento na safra tende a alavancar a oferta, causando redução nos preços no mercado mundial. E, muito importante também, é manter a qualidade do nosso produto, que sempre coloca o Brasil à frente dos outros países produtores”, conclui Werner.