Vicente Rosa Bohrer veio ao mundo no dia 7 de dezembro de 2021. E ainda que seu nascimento tenha ocorrido em Kingston, cidade perto de Toronto, no Canadá, muito longe dali, em Vera Cruz, os avós, tios, dindos e demais familiares e amigos vibraram com a chegada do filho de Keli Luana Rosa Bohrer, de 31 anos, e Rubens Bohrer, de 34. Entre tantos, a emoção tomou conta da vovó Gertrudes Wagner Rosa, de 55 anos, que se não fosse o visto negado para embarcar rumo ao país norte-americano - uma vez que a prioridade na época se dava para a entrada de refugiados do Afeganistão, após a invasão do grupo extremista Talibã - estaria ao lado da filha durante o parto e, na sequência, segurando o neto nos braços. Mas quem disse que o amor não vence a barreira da distância? Ainda que contada minuto a minuto, a espera vale a pena quando o reencontro, enfim, acontece - o que para Kéti, como é conhecida Gertrudes, se deu bem próximo ao Dia das Mães deste ano.
A distância dos pais e irmãos aumentou ainda mais há quatro anos - antes moravam em São Paulo -, quando Rubens mudou-se para o Canadá, e logo mais, Keli seguiu os passos do marido. Em última passagem de férias em Vera Cruz, Keli e Rubens acreditavam que meses depois estariam de volta, mas logo após embarcarem para o Canadá em janeiro de 2020, a pandemia de Covid-19 adiou os planos. No fim daquele mesmo ano, após muitas conversas, o casal decidiu que era hora de engravidar e em janeiro Keli já abrigava no ventre o primeiro filho. “Quando descobrimos, ficamos nos perguntando se contaríamos logo ou não para toda a família, até termos certeza de que estava tudo certo com o bebê. Mas como a família do meu marido tinha passado recentemente por uma perda grande [o falecimento do pai de Rubens], sabíamos que essa boa notícia seria muito positiva e porque esse bebê era muito desejado pelas nossas famílias”, recorda Keli. “Era próximo à Páscoa, então enviamos flores e um cartão que dizia que neste ano o Coelhinho estaria trazendo um presente ainda maior à nossa família, e em uma chamada de vídeo contamos que estávamos grávidos. Foi uma choradeira, muita emoção”, rememora a mamãe de primeira viagem.
Dali em diante, os familiares passaram a acompanhar o crescimento da barriga de Keli sempre por chamadas de vídeo. “Sentia muita falta deles tocando a minha barriga, porque era algo que todos sonharam muito. Tivemos a presença deles em todos os momentos, no chá de revelação do sexo, no chá de fralda [ambos realizados no Canadá e acompanhados por vídeo pelos familiares no Brasil], e até enviaram um enxoval lindo para o Vicente quando o Rubens veio pra cá em setembro do ano passado, mas eu não pude por conta do risco de contrair Covid-19. Mas parece que faltava isso, o toque deles na minha barriga”, relembra Keli. “Também, quando cheguei em casa com o Vicente nos braços, fiquei muito emocionada, porque imaginava que a mãe ia estar com a gente. Foi muito assustador cuidar de um bebê recém-nascido sem ninguém experiente por perto”, complementa ela, ao recordar que mesmo de longe a mãe deu todo o suporte que pôde. “Ela ligava e dizia: ‘Keli, não esquece de levar isso pra maternidade’, ‘Keli, não esquece daquilo’”, conta aos risos.
O sonhado reencontro da família ocorreu no dia 29 de abril deste ano. Por ser uma viagem cansativa e sabendo da expectativa que os familiares e a vovó Gertrudes tinham em conhecer Vicente, Keli alertou a todos de que ele poderia estar choramingando, cansado e com fome. Contudo, o primeiro contato com a família foi surpreendente. O garotinho era uma felicidade só, alargando ainda mais o sorriso sempre que pulava de um colo para o outro. “Quando ele enxergou a vovó, se riu todo”, conta Kéti ao segurar o neto nos braços. “Foi uma mistura de sentimentos, pois a gente achava que ele ia chorar, mas foi o contrário, ele estava muito feliz”, conta ela, ao citar que foi como se desde os primeiros dias de vida, Vicente convivesse ali com eles. E de fato convivia, contudo através das vozes constantes que interagiam por vídeo-chamada na hora do banho, de mamar, entre outros momentos especiais.
Com a família completa, esse será um Dia das Mães pra lá de especial para Kéti, que também é mãe de Lucas Alexandre Rosa, de 37 anos, Kátia Luiza Rosa, de 25, e Leonardo Alan Rosa, de 21. “Com certeza vai ser um dia inesquecível”, confirma a vovó do Vicente. Assim também será para Marlene Terezinha Gehlen Bohrer, de 66 anos, a mãe de Rubens, que não via a hora de rever o filho e conhecer o neto.
A comemoração vai iniciar já no sábado, pois no dia 7 de maio Keli completa 32 anos, assim como Vicente celebra os cinco meses de vida. A festa, que se estende para o domingo, Dia das Mães, será ao lado também do pai de Keli, Claudemir Flores Rosa, de 61 anos. “Quando saí de Vera Cruz a última vez eu nem pensava em ter filhos. Hoje voltei transformada, trazendo meu filho comigo e carregando um amor inexplicável no peito, que agora divido com eles”, revela Keli, feliz por, enfim, estar com a família completa.