Das brincadeiras de infância, certamente a boneca está entre as que mais marcam essa fase da vida. Para Lurdes Dummer, hoje com 60 anos e moradora de Linha Henrique D’Ávila, em Vera Cruz, não foi diferente. Aliás, foi um pouco, se comparada as gerações mais jovens. Em sua época de menina, a brincadeira ganhava forma com uma espiga de milho que, com a ajuda da imaginação, se transformava em boneca. Nesta semana, ao participar da Oficina de Bicho Boneca, realizada junto à Casa do Artesão, na Capital das Gincanas, ela pôde relembrar os velhos tempos e, enfim, aprender a confeccionar a boneca que tanto sonhava em ter quando pequena.
A atividade, promovida com apoio da Emater/RS-Ascar de Vera Cruz e da Cooperativa Sicredi Vale do Rio Pardo, ocorreu entre esta segunda e quinta-feira, envolvendo cinco alunas de diversas idades. “Estamos confeccionando bonecas, além de gatos, cachorros, corujas, galinhas e guirlandas de fuxico que podem ser usados como decoração, peso de porta, entre outras utilidades. Para isso, elas aprendem a fazer o molde, cortar o tecido no formato desejado, costurá-lo e preenchê-lo com a fibra, dando forma às peças. Tudo isso, sem precisar ter uma máquina de costura. Por fim, aprendem a fazer os acabamentos, como o olhinho, nariz, boca e cabelo, conforme seu gosto e criatividade, deixando a peça pronta”, conta a presidente da Associação dos Artesãos do Município de Vera Cruz, Fátima Machado, ao acrescentar que o aprendizado do curso pode levar a um novo hobby, como uma forma de terapia, além de uma nova fonte de renda, com a venda das peças produzidas.
Dona Lurdes escolhe a primeira opção: quer ter na atividade uma forma de distração. Ainda mais com as quatro netas, para as quais quer confeccionar inúmeras bonecas. “Éramos entre 12 irmãos, tínhamos uma vida simples, mas brincávamos muito juntos. E isso quero resgatar um pouco com minhas netas, essa brincadeira da boneca. Vai ser um orgulho poder dar esse presente pra elas”, revelou a aprendiz.
“Todo mundo pode aprender a fazer artesanato”, enfatiza Fátima, ao citar o orgulho que sente com a participação na oficina de artesãs já experientes, mas dispostas a aprender mais, como Ivoni Steil Gilsdorf, de 74 anos, bem como de jovens de 13, 14 e 20 anos. Como exemplo estão Alice de Oliveira, Marcela Baierle e Quezia Stallbaum da Silva. “A gente fica muito acomodada, só em casa, nas redes sociais, por isso queríamos aprender algo novo, que pudéssemos nos orgulhar e, quem sabe, mais tarde, usar como uma fonte de renda extra”, frisam as jovens.
Assim como as colegas, Camila Kraemer, de 27 anos e portadora de necessidades especiais, agarrou a oportunidade de aprender algo novo. “É algo muito bom para a socialização dela e seu desenvolvimento. Para ser artesão, basta ter interesse e buscar aprender”, salienta a mãe, Clair Kraemer Weschenfelder.
