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É golpe: migração de criminosos para o ambiente virtual chama atenção da Polícia de Santa Cruz


Publicado 05/05/2022 06:56
Atualizado 05/05/2022 07:16

Polícia   FIQUE ATENTO

Os crimes de estelionato têm feito cada vez mais vítimas e não apenas em Santa Cruz do Sul, mas em todo o país. As ocorrências, que vêm sendo constantes, estão na mira da Polícia Civil que também orienta a população sobre os principais cuidados a serem tomados. Muitos criminosos, até de alta periculosidade, abriram mão dos crimes como assaltos e tráfico de drogas e migraram para os golpes pela internet. Entre as justificativas está a pena baixa, além de ser bastante lucrativo para o golpista que, muitas vezes, pratica o crime dentro dos próprios presídio, como destaca a delegada titular da 1ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz, Ana Luiza Aita Pippi. "Hoje, muitos criminosos têm migrado do tráfico de drogas, dos assaltos, dos furtos e de diversos crimes para o estelionato, porque, primeiro, dificilmente a justiça concede uma prisão preventiva no delito de estelionato. Não é um crime violento e com grave ameaça e isso facilita muito e atrai cada vez mais criminosos para essa área do golpe", ressalta.

Conforme a delegada, costumam ser registrados em média até cinco golpes por dia em Santa Cruz. Em relação ao golpe dos nudes, por exemplo, a maioria dos presos está praticando esse golpe de dentro dos presídios. "Eles precisam sustentar a família e começam a se aventurar nessa nova modalidade de crime. Golpe do familiar sequestrado, golpe da clonagem do whats e inúmeros outros são comuns. De dentro da cadeia eles comandam e a família que está fora auxilia na prática. Em presídios aqui da região a prática existe. Costumam aplicar em pessoas de outras cidades", explica.

A delegada Ana Luiza ainda conta que geralmente os golpistas escolhem vítimas de outra cidade para não serem descobertos, na tentativa de dificultar o trabalho da polícia. Entre os golpes mais aplicados está clonagem do Whats e Instagram, nudes e o conto do bilhete. As vítimas são de todas as idades, sendo elas atraídas por valores baixíssimos de carros até eletrodomésticos.

Cuidado na compra pela internet

Golpe bastante comum tem sido a venda de produtos pela internet. Nesse caso, a pessoa se interessa, manda alguém buscar e transfere o valor. Com isso, a pessoa entrega o produto e no outro dia verifica que o dinheiro não entrou na conta, percebendo que se trata de um golpe. "Muitas vezes os golpistas contratam motoristas de aplicativo pra fazer o translado do objeto. Às vezes o motorista está envolvido no golpe, às vezes não. Em outras só é chamado para pegar de um destino e levar até o outro. O motorista poderia ser uma testemunha, mas como não viu nada também não pode ser. É mais uma forma de burlar a polícia", explica. 

Conforme a delegada, a Polícia Civil já teve várias indicações de pessoas trabalhando nesses golpes em Santa Cruz, bem como, de pessoas de outras cidades que aplicam de fora o golpe. "Durante a investigação pedimos o maior número de informações para as vítimas para que se consiga rastrear e produzir provas. Mas, às vezes, a vítima não sabe muitas coisas, o que dificulta o trabalho de elucidação dos crimes", complementa. 

PANDEMIA

Durante a pandemia, aumentaram consideravelmente os casos de estelionato e isso segue. No entanto, a Polícia Civil tem buscado se especializar nesses golpes: "Estamos criando cartórios e delegacias especializadas para podermos dar uma atenção especial para essa demanda. É uma investigação longa e demorada e um trabalho árduo, sendo que a maioria dos golpes são aplicados em pessoas físicas. As empresas também sofrem, mas não é comum", disse. 

Golpe do bilhete: presença física e boa lábia

É o tipo de golpe em que a "lábia" é tão boa que a vítima chega a entrar no veículo, anda com o estelionatários, e muitos delas são levadas pelos criminosos até as casas para dar objetos e até joias como garantia de recebimento do bilhete/prêmio com o suposto ganhador: "Eles fazem a situação tão real que a vítima acredita. Se a pessoa ganhou um prêmio certamente ela vai pedir ajuda de um familiar. Ela não vai abordar alguém no centro que ela nunca viu na vida e vai abordar dizendo que ganhou e que vai te dar a metade de um prêmio. Isso as vítimas precisam se dar conta".

A partir do momento em que a vítima fornece a senha dos cartões, os estelionatários fazem transições bancárias, saques e transferências. Até a vítima se dar conta, o golpe já foi aplicado. Os estelionatários do golpe do bilhete costumam ser pessoas de fora de Santa Cruz."São organizações criminosas especializadas no golpe do bilhete e interagem no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, atuando em conjunto. Eles vêm para as cidades do interior do estado e aplicam. Vão mudando os figurantes para não serem pegos pela polícia. Não acreditem em um bilhete premiado. Se questionem e desconfiem. Mulheres idosas são os alvos principais", alerta a delegada.

 


Foto: Pixabay/ Divulgação
Número de estelionatos tem aumentado consideravelmente em Santa Cruz do Sul e em todo o país
Número de estelionatos tem aumentado consideravelmente em Santa Cruz do Sul e em todo o país