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Profissionais avaliam as dificuldades enfrentadas por alunos na retomada das aulas 100% presenciais


Publicado 02/05/2022 07:00
Atualizado 02/05/2022 07:02

Geral   EDUCAÇÃO

O fechamento das escolas em virtude da pandemia trouxe diversos reflexos na educação e inclusive o ensino das crianças, principalmente dos anos iniciais, foi fortemente afetado. Com o retorno das aulas presenciais, os professores sentem na pele os desafios nas salas e percebem a dificuldade por parte de muitos estudantes. Para lidar com esses problemas e contribuir com o desenvolvimento dos alunos, os profissionais da educação têm desenvolvido diversas estratégias de ensino, tanto nas escolas municipais, estaduais, quanto privadas. 

A chefe pedagógica da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), Joice Battisti Gassen, explica que a pandemia trouxe muitos impactos negativos no processo de ensino-aprendizagem de uma forma em geral. Nos anos iniciais houve um impacto  ainda maior, porque os pequenos de seis anos que deveriam estar no primeiro ano se alfabetizando ficaram durante cerca de dois anos afastados, acarretando um grande prejuízo: "Porque as crianças nessa idade precisam muito do processo de socialização e do contato com os seus pares. Sabemos que o processo de alfabetização se dá nos três primeiros anos na escola".

Joice observa que o alunos que estavam no segundo ano do ensino fundamental quando a pandemia iniciou também foram muito prejudicados. O fato das crianças estarem mais em casa, que não é um ambiente de escolaridade, e mesmo elas recebendo materiais da escola, não é o mesmo ambiente da presença física como na escola: "A aprendizagem se dá justamente em função do contato e colaboração das pessoas. As estratégias usadas nas escolas são muitas e está sendo dado todo o suporte para as escolas. Sabemos que não é fácil. Muitas escolas têm dificuldades e isso tem aparecido no terceiro e quarto ano, principalmente". Ansiedade está entre alguns dos problemas constatados.

ESTRATÉGIAS

Essas dificuldades identificadas nas salas de aula estão sendo resolvidas através de uma flexibilização da matriz curricular que está posta para esse período e que contempla as aprendizagens essenciais. Uma das primeiras ações após o retorno presencial foi o acolhimento: "As escolas realizaram atividades para aproximar e para reafirmar os vínculos sócio-emocionais. A base nacional comum curricular traz muito essa questão das competências sócio-emocionais. Os alunos, então, falaram sobre suas experiências, perdas e sentimentos".

Outra ação desenvolvida nas escolas estaduais, conforme Joice, se refere ao Programa Aprende Mais que inclui uma formação continuada dos professores. Esse programa capacita, semanalmente, os docentes através de estratégias para que os profissionais, dentro da sala de aula, possam recuperar e acelerar a aprendizagem dos estudantes. Neste momento o programa ocorre apenas para professores de Língua Portuguesa e Matemática, sendo realizado do primeiro do ensino fundamental até o ensino médio.

Uma avaliação diagnóstica também foi realizada no ano passado com todos os estudantes da rede estadual, do segundo ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio. O objetivo foi identificar as aprendizagens que os estudantes não tiveram e quais as principais dificuldades para, assim, buscar estratégias para resolver esses impasses. Também foi implementada a plataforma Foco Escola que apresenta as evidências de aprendizagem para que os professores possam, a partir do acesso a essa plataforma, olhar para os resultados dos estudantes e realizar o planejamento pedagógico, de acompanhamento dos alunos.

Proporcionar aulas de reforço com atividades diferenciadas, através de jogos e utilização de aplicativos pedagógicos, também está sendo uma das estratégias utilizadas nas escolas nesse retorno das aulas presenciais. Também é realizada semanalmente a formação continuada com os grupos de professores nas reuniões de planejamento das escolas.Contudo, de acordo com a chefe pedagógica da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), Joice Battisti Gassen, a ausência da socialização tem sido um dos principais problemas em virtude da pandemia. 

EDUCAÇÃO INTEGRAL 

O vice-diretor do Colégio Marista São Luís, Anderson Roberto dos Santos, conta que na instituição de ensino buscam trabalhar com uma educação integral que pode ser pensada de maneira simples com a formação acadêmica e a formação humana. "Nossa matriz curricular divide a construção dessa educação integral em macrocompetências: acadêmica, política, tecnológica e ético-estética", explica. Ele ressalta que durante toda a pandemia a parte acadêmica e tecnológica foram muito desenvolvidas por meio da plataforma da escola. Foi possível atingir os objetivos com todos os estudantes, pois foram elaborados planos individualizados para que ninguém tivesse dificuldades no acompanhamento das séries seguintes: "No entanto, uma demanda que se apresenta é no campo político e ético-estético, pois depois de um tempo sozinhos, vendo os colegas pelas telas, alguns aspectos da coletividade precisam ser resgatados e estamos intensificando ações nesse sentido, pois entendemos que esse aprendizado tem o mesmo peso do acadêmico".

O profissional explica que a transição da aula online para a presencial carrega também o ato de sair de casa - ambiente com as regras de cada família - para um ambiente de uma coletividade maior. "Essa demanda é extremamente atual. Não só das crianças, mas da sociedade como um todo. Hoje temos tudo customizado - transporte, comida, tv - e a educação online, mesmo com os momentos de sincronia gera essa mesma sensação", conta. A escola presencial, de acordo com o vice-diretor, porém, é de uma coletividade que precisa ser aprendida e ensinada. Hoje existe esse desafio como escola, ou seja, desenvolver mais essas competências coletivas com as crianças, uma lacuna já que não se.pode fazer de.maneira online. "Hoje a construção dos chamados contratos didáticos, o incentivo a atividades em grupo, os deslocamentos por espaços da escola e saídas de estudo são ferramentas importantes na retomada dessas aprendizagens", complementa. 


Foto: Divulgação
Escolas têm buscado desenvolver estratégias para lidar com os desafios
Escolas têm buscado desenvolver estratégias para lidar com os desafios