Não é de hoje que a incidência expressiva de acidentes na ERS-412, especialmente no trevo de Linha Capão, em Vera Cruz, chama a atenção. Após mais uma grave ocorrência no local, no dia 28 de dezembro de 2021, que envolveu uma carreta e um carro, deixando cinco pessoas feridas, o prefeito Gilson Becker e os vereadores Ludwig Conrad e Mártin Nyland se reuniram com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) na semana passada para solicitar intervenções na rodovia, principalmente no trecho. Conforme o chefe do Executivo, pediu-se ao superintendente do órgão em Santa Cruz do Sul, o engenheiro Leonardo Ribeiro, a recuperação do asfalto na extensão entre Vera Cruz e Santa Cruz do Sul, nos moldes feitos recentemente na RSC-153, bem como reforço na sinalização junto ao trevo. Em resposta, o responsável pelo órgão na região se comprometeu a fazer uma avaliação no local e solicitar um estudo técnico para a execução de melhorias.
Dos acidentes ocorridos somente em 2021, a reportagem do Grupo Arauto noticiou situações de capotamento, colisão entre carros ou entre carro e carreta, tombamento de carreta, atropelamento, entre outras, que deixaram pelo menos 13 pessoas feridas - sem contar as ocorrências não registradas pela imprensa e os órgãos de segurança pública.
Mas quem viu de perto esses e outros acidentes é Lauro Alceu Albrecht, que mora bem em frente ao trevo de Linha Capão, na rua Tiradentes, no trecho de acesso para a rodovia estadual. “Pelas minhas contas, desde que a obra do trevo foi finalizada [há mais de uma década], já foram 56 acidentes aqui neste trevo e duas mortes. Já liguei muitas vezes para o SAMU [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e para os bombeiros para avisar que tinha pessoas feridas e em situação de risco”, desabafa o morador, que já presenciou ocorrências das mais variadas circunstâncias. “Tem até motorista que se acidenta sozinho, pois se distrai e perde o controle do veículo. Muitas vezes se trata de veículos grandes também e esses são acidentes graves. É só olhar para o meio-fio no trevo, está cheio de falhas por conta das colisões”, observa Lauro.
Além dos acidentes, outra moradora próxima ao trecho, Simone Beier, relata ouvir constantemente barulhos de freadas bruscas, buzinas e pneus de caminhões estourando vindos do local, o que a preocupa, pois para se deslocar até o centro da cidade, por exemplo, precisa atravessar o trevo. “O trevo é algo que favorece o tráfego no local, mas o que a gente percebe é que questões como a falta de atenção dos motoristas, a pressa em atravessar logo o trevo e a alta velocidade, principalmente de quem circula pela rodovia, além do vandalismo de quem remove as placas de sinalização, são fatores que contribuem para os acidentes. Por isso, acho que é um conjunto de ações que pode melhorar esta situação, tanto esta movimentação do Município em exigir melhorias, de encontrar alguma forma de fazer com que os motoristas sejam obrigados a reduzir a velocidade, mas também dos próprios condutores, que precisam ter respeito pela sua vida e a das outras pessoas”, salienta.
Assim como os moradores, quem vivência de perto as muitas ocorrências no trecho são as equipes de resgate e segurança. A exemplo, o sargento Éder Ferreira, do Corpo de Bombeiros Comunitário de Vera Cruz, frisa que por se tratar de um cruzamento, naturalmente a incidência de acidentes é maior. Porém, observa que mesmo sendo o trecho sinalizado, a imprudência dos condutores - seja pela alta velocidade e desatenção de quem trafega na ERS-412, como daqueles que vão ingressar na rodovia -, são fatores preocupantes. “Tudo parte do respeito dos condutores, mas também de estratégias que possam ser executadas para que eles tenham que reduzir a velocidade, parar quando necessário e, neste sentido, a provocação do poder público ao órgão competente se faz necessária”, enfatiza o profissional.