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Recuperação como esperança aos que ainda estão em tratamento


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 23/11/2021 06:36
Atualizado 23/11/2021 06:36

Geral   NOVEMBRO AZUL

A  cada 38 minutos um homem morre no Brasil em decorrência do câncer de próstata. A doença é também a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Quem já teve a doença sabe das dificuldades do tratamento. Acreditar, no entanto, é o primeiro passo para que o tratamento tenha sucesso. “Nunca pensei em morrer. Tanto é que sempre deixei claro aos meus amigos e à minha família que tudo daria certo. Foi isso que aconteceu e hoje estou aqui, totalmente curado”, conta o empresário e político santa-cruzense Sérgio Ivan Moraes, hoje com 63 anos, que desenvolveu a doença há aproximadamente 20 anos, quando ainda era prefeito de Santa Cruz do Sul.

Apesar de ser uma notícia que pegou Moraes de surpresa, ele comenta que se manteve tranquilo e confiante na recuperação. “Eu estava saindo da Prefeitura quando o meu cardiologista me pediu um exame de PSA e apareceram os sintomas. Fui para o urologista, que confirmou, e fizemos a biópsia. Com isso eu comecei a ler e me informar sobre a doença. Fique meses estudando sobre ela e optei então pela braquiterapia. Havia três possibilidades, entre elas a radioterapia e a cirurgia. A braquiterapia é a popular “sementinha”. Ela joga mini-cápsulas contra as células cancerígenas e aos poucos vai matando o câncer. O tratamento foi muito bom e logo veio o resultado de que eu estava curado”, explica.

Chamado de doença silenciosa, o câncer é difícil de ser identificado por sintomas. Tanto é que na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas. De acordo com o INCA, quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Na fase avançada, os sintomas são dor óssea, dores ao urinar, vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina. Os sintomas são bastante genéricos e facilmente confundidos com o de uma infecção urinária.

O exame PSA é conhecido como Antígeno Prostático Específico. O aumento da concentração da enzima produzida pelas células da próstata pode indicar alterações na glândula, como prostatite, hipertrofia benigna da próstata ou câncer de próstata.

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata estão o histórico familiar em pai, irmão e tio; os homens negros que sofrem maior incidência deste tipo de câncer; e a obesidade. “Eu não tinha conhecimento nenhum do câncer, não sabia nem mesmo o que era o PSA. Dois ou três meses depois eu conhecia bastante sobre o assunto pois estudei muito, seja por meio de conversas com médicos ou até mesmo na leitura de livro e artigos. Não temos histórico de câncer de próstata na família, pelo menos que eu tenha ficado sabendo”, ressalta.

Segundo Moraes, uma das principais dificuldades foi lidar com o anímico da família, que sentiu bastante a doença. “Lidar com a doença, para mim foi muito tranquilo. No entanto, percebi que a família fica mais doente que o próprio paciente. Por incrível que pareça, a minha família murchou naquele momento, todos estavam demolidos e acabados. E eu não sentia esta pressão, tanto é que minha vida seguiu normal. Foi um ensinamento que tive e passo isso para quem eu puder: prestem atenção na família, ela fica mais doente que o próprio paciente”, lamenta.

A única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce. A orientação dos médicos é que homens a partir dos 45 anos com fatores de risco ou 50 anos sem fatores, procurem um urologista. “Eu discordo dos médicos neste sentido. Eu tive câncer de próstata com 43 anos. Eu estava no consultório de um médico e tinha um rapaz com 32 anos e com o mesmo diagnóstico que eu. Meu conselho é que os homens se preocupem antes dos 50 anos, porque com esta idade, no meu caso já seria tarde, pois eu já teria o câncer há sete anos. O tratamento seria diferente, muito mais forte, desgastante e traumatizante. Isso sem falar nas chances de cura, que reduziriam muito”, orienta.

Se identificado o câncer, a indicação sobre a melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos discutidos entre médico e paciente. Mesmo depois de curado, no entanto, a orientação é que os pacientes sigam com orientação médica. “Eu fiz o acompanhamento por 10 anos após a cura. Todos os anos eu ia no médico. Agora, a meio ano atrás, novamente pedi um exame PSA ao médico e estava tudo certo. Depois de viver na pele tudo isso, ainda quando deputado, lutei para que este tratamento, que é menos invasivo, fosse incluído no Sistema Único de Saúde (SUS), pelos diversos benefícios ao paciente. Apesar de ser mais caro, acho que com o tempo se tornaria mais barato para o Estado do que manter uma pessoas hospitalizada, por exemplo”, destaca.

Existem, em geral, duas forma de identificar o câncer de próstata. O exame de toque retal e o exame de sangue (PSA). De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente com o exame de toque retal. “O exame de toque não deixa ninguém mais ou menos homem. Mais homem sou eu que deixei fazer o toque e estou vivo. Aqueles que se acharam espertos e homens acabam morrendo porque não foi permitido o tratamento”, aconselha.

 


Foto: Divulgação/Agência Brasil
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