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Armazenamento de água também é aposta na área urbana


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 09/11/2021 18:00

Geral   COM PREVISÃO DE SECA

A estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul nos últimos anos trouxe lições valiosas sobre o consumo de água. Desde aquele novembro de 2019, quando a escassez de chuvas passou a preocupar a população, o armazenamento do líquido precioso virou assunto recorrente, com cada vez mais adeptos a sistemas e alternativas de captação e reserva de água - não só no campo, onde o volume proveniente das chuvas abastece os animais e os plantios, mas também na área urbana, quando usado em tarefas como a lavagem de roupas e veículos, e a irrigação das plantas e grama. 

Entre os reflexos, nos últimos dois anos as lojas de materiais de construção viram intensificar a compra de cisternas, movimento esse que foi antecipado pelo morador do centro de Vale do Sol, Laureno Kopp, de 66 anos, que há 10 anos investiu nesse sistema para a captação e armazenamento de água da chuva - eficaz para a redução no consumo, podendo ser instalada em apartamentos, condomínios e casas. “Comecei com quatro cisternas de mil litro cada. Hoje, tenho mais dois reservatórios de cinco mil litros, um deles adquirido há quatro anos e outro há alguns meses”, revela. Segundo Laureno, a captação da água da chuva ocorre através das calhas, sendo que suas impurezas - como galhos, folhas e demais resíduos - são eliminadas através de filtros existentes nos seis reservatórios. “Essa água chega diretamente para as funções da máquina de lavar, além de ser usada para a lavagem dos carros, caminhão, para abastecer a fonte decorativa em frente à casa, bem como para regar as plantas e a grama no jardim”, explica Laureno, ao citar que o investimento total foi de cerca de R$ 7 mil. “Após a primeira instalação, esse custo se pagou em três anos. Hoje, temos uma economia de água, bem como  financeira muito grande, pois não chegamos nem a gastar o equivalente à taxa da conta de água”, frisa ele. 

O secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Alessandro Kappel, atesta que, assim como na residência de Laureno, diversas famílias vale-solenses têm apostado na aquisição de novas caixas d’água, preocupando-se em reservar maior volume de água, caso o município volte a realizar o racionamento de água, como ocorreu em 2020.

SEM CHUVAS, É HORA DE AGIR

Com o alerta dos institutos de meteorologia para a previsão de uma nova seca no estado e com as escassas chuvas das últimas semanas, há quem mais recentemente tenha apostado em alternativas para o reaproveitamento da água das chuvas. É o caso dos moradores do centro de Vera Cruz, José Amaurino Faleiro da Silva e Tânia da Silva, cuja primeira cisterna, de 2,5 mil litros, chegou à casa da família há pouco mais de uma semana. “Fazia um tempo que a gente vinha interessado em investir em um sistema de cisternas, pois vimos que era preciso fazer a nossa parte. Pesquisamos na internet e percebemos que esse sistema, onde a captação de água da chuva ocorre através das calhas, funcionaria pra gente. É muito prático. Eu mesmo vou fazer a instalação e a captação da água ocorre de maneira rápida. Para encher mil litro d’água, basta uma chuvinha”, avalia José, que diz notar maior interesse dos moradores da área urbana pelo assunto. “Nossa faxineira até comentou que somos a terceira família para qual ela trabalha que está adquirindo cisternas. Isso nos mostra que está havendo uma maior conscientização por parte das pessoas, sabendo que caso enfrentemos novamente uma estiagem, estaremos de alguma forma preparados ou mesmo mais tranquilos por não estarmos desperdiçando a água potável”, arremata. 

Com o crescimento das cidades e, dessa forma, a escassez de água - que se intensifica com a estiagem - o coordenador do Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae), de Vera Cruz, Ivan Rodrigues, pede a colaboração da população para o não desperdício. “As pessoas não têm noção do quanto gastam de água potável para serviços que poderiam ser feitos com o volume reaproveitado das chuvas. Água essa que tem um custo alto, desde que é captada dos arroios, tratada e chega às residências”, enfatiza.  

NA ÁREA RURAL

Na área rural dos municípios a preocupação com a possível seca, prevista pelos institutos de meteorologia, também cresce conforme a incidência de chuvas diminui. Em Vera Cruz, explica o secretário de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Diego Halmenschlager, o trabalho é realizado no sentido de aumentar o volume das águas nos açudes, através de limpezas, como também abrindo novos reservatórios e conscientizando a população para captar o máximo de água da chuva possível, para as diversas atividades necessárias. “Pelo acompanhamento que temos no interior, no momento as águas estão em volumes consideráveis bons. Porém, também estamos quase no final do ciclo do fumo, necessitando da chuva para abrir as ponteiras, com muitas áreas de milho plantada e no início do plantio de soja, pastagens, hortifruti, dessa forma, sempre precisamos que a chuva tenha uma certa regularidade para o bom desenvolvimento dessas culturas”, esclarece o responsável pela pasta.

Em Vale do Sol, o secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Alessandro Kappel, revela que é percebida uma maior conscientização da grande maioria da população em relação ao consumo excessivo de água. Contudo, enfatiza ele, seguidamente são identificadas pessoas desperdiçando água de maneira abusiva, relógios adulterados e furtos de água antes do hidrômetro. Entre as alternativas para a captação de maior volume de água das chuvas, o secretário salienta que na área rural foram reativadas as cacimbas e preservadas as nascentes, bem como, construídas novas captações de água junto as vertentes. “Nosso empenho e mobilização são constantes para tentarmos amenizar e resolver os problemas da falta de água em Vale do Sol. Conforme o Prefeito Maiquel nos solicitou desde o início do mandato, uma das prioridades está sendo as melhorias no abastecimento de água à população. Estamos realizando consertos de vazamentos, limpeza das captações e reservatórios, extensão de redes, furação de poços artesianos, construção de novas captações junto a nascentes e aquisição de reservatórios para aumentar a capacidade da reserva de água nas localidades que mais possuem problemas com o abastecimento. Nossa equipe do Setor Municipal de Água e Esgoto (Semae), juntamente com a administração municipal, não está medindo esforços para desempenhar o seu trabalho, uma vez que a entrega de água pelos nossos caminhões pipas tem diminuído consideravelmente nos últimos meses”, afirma o chefe da pasta.

Na terra da Oktoberfest, os esforços para incentivar o maior armazenamento de água por parte dos produtores rurais segue constantemente. Conforme o secretário de Agricultura, Hardi Lúcio Panke, o trabalho é realizado com escavadeiras hidráulicas, trator esteira e retroescavadeiras, fazendo açudes e trabalhando na limpeza. Entre os planos, ainda, está o lançamento de um projeto piloto, através do qual serão instaladas 28 cisternas em residências da área rural. A prioridade, conforme Panke, é a instalação em locais mais afetados pelas últimas estiagens, a exemplo de São Martinho, que precisou de 135 caminhões-pipa para abastecer os moradores. “Esse sistema possibilitará aproveitar as calhas dos galpões e das casas dos produtores e, com isso, fazer acúmulo de água da chuva”, explica o secretário, ao citar que para o lançamento do projeto são aguardados recursos federais, que vão possibilitar a aquisição dos materiais.

 


Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
Laureno mantém sistema de cisternas há mais de 10 anos
Laureno mantém sistema de cisternas há mais de 10 anos

Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
José aposta pela primeira vez em sistema de armazenamento de água
José aposta pela primeira vez em sistema de armazenamento de água