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Eles mostram como a Medicina é apaixonante


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 16/10/2021 19:00

Geral Conteúdo Patrocinado   DIA DO MÉDICO

Para celebrar a data neste 18 de outubro, Dia do Médico, quatro profissionais compartilharam suas trajetórias profissionais para mostrar o quanto a Medicina é apaixonante. As histórias de Eduardo Bauer Gröhs, Mauro Souza, Dario Carlos Hübner e Neori José Gusson podem ser conferidas abaixo:

Uma trajetória construída com equilíbrio

Filho do conhecido médico Adroaldo Gröhs, de Encruzilhada do Sul, Eduardo Bauer Gröhs seguiu naturalmente a vocação herdada do pai, assim como dois irmãos. Nascido no Paraná mas criado em Encruzilhada do Sul, Eduardo sempre acompanhou a rotina e as histórias do pai, sua inspiração e referência e, como se o destino não pudesse ser diferente, optou pela Medicina. Sua formação aconteceu na Universidade Federal de Pelotas, concluída no ano de 1997, e especializou-se em Urologia e Cirurgia Geral no Hospital São Lucas da PUCRS. Santa Cruz virou destino de Eduardo ao ser aprovado no concurso do Instituto Médico Legal (IML) e optou pela Terra da Oktoberfest para atuar como legista, ofício que desempenha ainda hoje. Mas o foco da atuação de Eduardo está na urologia e na medicina sexual masculina.

A especialidade foi escolhida pela amplitude de possibilidades, pois atende os problemas que acometem o trato urinário de ambos os sexos (rins, ureteres, bexiga e próstata) e as doenças genitais e disfunções sexuais masculinas. Da mesma forma, a urologia é uma área que realiza inúmeros procedimentos cirúrgicos e endoscópicos, por isso se sentiu cativado pela especialidade, que hoje é vista com mais naturalidade pela população, mas já foi alvo de muitos tabus e resistência, especialmente por parte dos homens.

Eduardo ressalta que a mulher, desde a menstruação e o início da vida sexual, culturalmente vai ao ginecologista, desde cedo. Com o homem, essa procura pelo médico acontece de forma mais tardia, mas o cenário também já mudou, frisa ele. “Hoje o homem está mais preocupado com sua saúde, prevenção ao câncer de próstata, com os avanços no tratamento de disfunção erétil, com as possibilidades de reposição hormonal”, exemplifica ele, frisando que a sua gama de pacientes é bastante variada, seja pelos exames preventivos ao câncer depois dos 40 anos, os jovens com queixas de problemas sexuais, a escolha da vasectomia para o planejamento familiar, e outras tantas demandas. Algumas vivências, por acaso, se tornaram marcantes na trajetória do médico. Como num encontro de formatura, com os colegas de universidade. Quando alguns deles sofreram um acidente de lancha, foram os próprios colegas que prontamente socorreram, um episódio inesquecível, dentre tantos já vividos na profissão.

UMA PAIXÃO SEM REMÉDIO

A Medicina, para Eduardo Gröhs, poderia ser resumida numa paixão que está no DNA, pela vocação herdada do pai. Mas ele vai além e confessa que a realização pessoal em ajudar outras pessoas, associada com os desafios da profissão, enfrentando as doenças que vão surgindo, conciliando as inovações tecnológicas e os avanços em tratamentos, só poderiam tornar este um ofício cativante. “A vida de médico é uma paixão sem remédio”, repete o urologista, relembrando de uma frase que gostou de ouvir certa vez.
E esta paixão pela Medicina se mistura pelo amor à vida e sua plenitude. O médico, que vive cercado pela natureza em abundância, encontrou nesta conexão sua forma de estar próximo a Deus, de buscar energia para trabalhar diariamente e de valorizar o equilíbrio em sua vida pessoal e profissional.

É desta forma que Eduardo Gröhs se enxerga realizado pelas escolhas que fez. Ser médico, atesta, é uma escolha tão natural que resume ser a sua vida. Com seu jeito simples de ser e de se expressar, procura tratar seus pacientes do mesmo modo como gostaria de ser tratado. E ainda que prefira ir sempre direto ao ponto, com objetividade e clareza em seus diagnósticos, não esquece o tato e a sensibilidade para tratar de doenças e tratamentos com seus pacientes e familiares. É o equilíbrio para fazer o melhor pelo próximo e a si mesmo que norteia a trajetória do médico urologista e que desperta nele a vontade de ser exemplo de vida ao seu filho, com os valores e a educação transmitidos por seu pai e sua mãe, e que refletem no ser humano que se tornou.

Por uma Medicina humanizada para tratar as pessoas

O santa-cruzense Mauro Souza é o médico da família. Não apenas porque foi o único dos cinco irmãos a escolher esta profissão para seguir, mas também por sua vocação na clínica geral, para cuidar de forma ampla da saúde das famílias, da criança ao vovô. De origem simples e humilde, foi na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, que Mauro fez sua formação, concluída em 2004. Não tardou para o médico, que já atuava pelas localidades do interior santa-cruzense, adotar Vera Cruz para trabalhar.

A inspiração para a Medicina talvez não tenha uma explicação precisa. Sua avó era parteira em General Câmara, talvez o vínculo mais próximo com alguém que trabalhou pela saúde em sua família. No caso dela, soube que foram mais de mil partos realizados pelo volume de apadrinhamentos de crianças registrados na igreja. Afinal, era moda a parteira se tornar madrinha. Mas Mauro acredita que o despertar pela profissão tenha se dado pela própria vivência. Em alguns tratamentos recebidos em postos de saúde, concluiu que poderia fazer melhor. Foi então que deixou de lado o gosto por outras áreas, como a engenharia mecânica e as artes plásticas, que havia começado a cursar, para estudar Medicina.

O gosto pela vida faz com que a profissão seja tão apaixonante, reflete o médico. A vontade de fazer algo pelo próximo, levar conforto, amenizar a dor, tudo isso o impulsionou a seguir na profissão, seja atuando na emergência de um hospital, no consultório próprio ou, ainda, mais recentemente, na Medicina do Trabalho, pelo SESI. O segredo é trabalhar com amor, a retribuição financeira, garante ele, é consequência. E justamente a dedicação e a recíproca ao acolhimento dos vera-cruzenses ocasionaram um dos momentos mais marcantes vividos pelo médico nestes 17 anos no município. Ao encerrar o ciclo e deixar de atender no Posto de Saúde Central, houve um abaixo-assinado da população pedindo seu retorno. “Este carinho foi um marco para mim”, declara. Em outra passagem marcante, houve um dia em que passava pelo Hospital Vera Cruz, fora de seu plantão ou atendimento, mas resolveu entrar. Na observação, deparou-se com uma senhora em parada cardiorrespiratória. Junto da equipe do hospital, foi feita massagem e a ressuscitação, até que a paciente retornou à vida. “Depois de algumas semanas encontrei ela pela rua e veio me abraçar, grata por termos salvo sua vida”, relembra, ao frisar que a equipe unida fez a diferença e conseguiu dar uma nova chance de viver para aquela mulher. “Eu não tinha que estar lá, não estava de plantão, não tinha atendimento. Não tem explicação, mas senti que deveria entrar”, comenta.

Por essas vivências que Mauro Souza diz que ser médico, em sua visão, é uma oportunidade de poder fazer o bem na vida das pessoas. O que ficou ainda mais evidente nestes últimos dois anos, com a pandemia da Covid-19. Muitos tiveram medo de se expor ao trabalho, com o risco de contágio e agravamento, comenta ele, “mas para mim foi o momento de mostrar porque me formei médico”, reflete Mauro, que viveu momentos tensos pelos colegas que padeceram e por tantos pacientes que tiveram um quadro grave ou que foram a óbito. Mas apesar disso, inegável é o momento histórico para a humanidade, inclusive como oportunidade de aprender.

O clínico geral, que chegou a se interessar por algumas especialidades, se viu atraído por tudo. E assim, acredita conseguir ajudar a uma parcela maior de pessoas. “Somos considerados de casa, o médico da família, conhecemos de longa data o paciente, seu histórico. E se preciso for, encaminho para outro especialista quando extrapola a minha alçada. Mas precisamos ouvir o paciente e fazer o exame físico, todos os outros exames são complementares”, resume Mauro, que atua nas mais diversas demandas. Independente da razão pela qual é procurado, a relação de confiança, de acolhimento, é a mesma. É a medicina humanizada, frisa ele. “Meu objetivo é tratar pessoas e não doenças”, declara.

Vocação para acolher o paciente de forma integral

O médico urologista Dario Carlos Hübner faz parte de uma geração que teve as escolhas profissionais conduzidas pelo trabalho de vocação realizado nas escolas, onde se identificava quem estimava as exatas e quem pendia para o lado das ciências humanas. Tendo o pai dentista, a inclinação pela área da saúde aconteceu naturalmente, especialmente pelo desejo em atender as pessoas. Formado em 1972 pela Universidade Federal de Pelotas, Dario é daqueles médicos que gosta de conversar para conhecer o paciente, acolhê-lo, saber a trajetória que o conduziu até ali pelo olho no olho. Essa relação médico/paciente, em sua visão, é o alicerce primordial para o diagnóstico.

Natural de Cruz Alta, Dario descobriu Santa Cruz por causa de um campeonato de golf que disputava, na época em que fazia a especialização na Santa Casa, de Porto Alegre. Não demorou para se apaixonar pela cidade, lugar propício para criar os filhos sem o estresse de cidade grande. Há 47 anos, Santa Cruz se tornou seu lar. Ao chegar, não havia urologista na região. As pessoas desconheciam o que tratava a especialidade e, para explicar, acabava resumindo que lidava com rins, bexiga e próstata, com diagnóstico que já pode ser feito antes mesmo do bebê nascer, o intrauterino, até cuidar das vovós e dos vovôs. Muitos associam apenas à saúde do homem, especialmente por causa do toque retal, para o diagnóstico do câncer de próstata. Mas o urologista atende ambos os sexos ao longo de toda a vida.

Pioneiro nas cirurgias endoscópicas da próstata e nos transplantes renais nos Vales, dr. Dario perdeu as contas de quantas palestras ministrou pelos municípios para explicar seu ofício e, principalmente, esclarecer sobre o câncer de próstata e a importância do exame preventivo, tabu para tantos. Aliás, ele opina que os preconceitos ainda existem, mas mudaram de roupagem. Por isso, a importância das campanhas, como Outubro Rosa, Novembro Azul, e outras, atingirem a massa, não apenas o indivíduo.

Além de mostrar a importância da urologia, outro desafio enfrentado foi a escassez de aparelhamento na sua área. Foi necessário ir para os Estados Unidos, em 1977, para comprar equipamentos e estagiar em hospitais para entender o manuseio. Assim começou com a endoscopia, relembra ele, novidade em Santa Cruz na década de 80. Em 50 anos de profissão, a evolução da Medicina é notável. Os médicos saíram do bisturi, da prática essencialmente manual, e hoje se deparam com a robótica na cirurgia, frisa ele, que reflete sobre problemas graves de saúde da atualidade, como a obesidade e a diabetes. Com tantos recursos e a evolução da medicina, o ser humano não acompanha porque não se cuida, desde a alimentação, o sono, os exercícios, o estilo de vida como um todo, aponta Dario.

A escolha da urologia se deu a partir da empatia com seu mestre na disciplina da faculdade. O professor o convidou para trabalhar com ele nas horas vagas e a partir desta convivência e dos ensinamentos para além do consultório, acabou fazendo sua escolha. “O mestre me ensinou que o médico deveria se envolver na comunidade. Isso me marcou, saber das demandas da sociedade para poder atendê-la, conhecer as políticas públicas de saúde, inserir-se. O médico precisa sentir isso”, reflete Dario, que considera a profissão tão apaixonante pelo casamento da história da Medicina existente há cinco mil anos, com a ciência que existe há 300 anos. “Ao entrelaçar a história com a ciência baseada nas evidências, o médico deixa o achismo de lado e se obriga a pensar. Sem contar no fato de poder minimizar o sofrimento da pessoa, aliviar a dor do corpo e a dor da alma olhando o ser de forma integral. Porque só podemos ter o corpo são se a mente estiver sadia”, pondera.

Por todos os desafios, aprendizados, experiências dolorosas e sucessos, na visão de Dario, ser médico é como o sacerdócio. Tem que estudar, se aparelhar, se atualizar constantemente e, mais do que tudo, gostar muito do que faz. “Gosto de tratar do ser, não somente da doença. Quem vem consultar comigo é a pessoa, não o rim, a próstata, o órgão em si, mas a pessoa como um todo”, destaca ele com sua sabedoria aos 70 anos de idade.

A Medicina por quem a vive de corpo e alma

O dr. Neori, como é conhecido e carinhosamente chamado o médico Neori José Gusson, é daqueles profissionais que alia a técnica apurada em suas cirurgias e consultas na clínica geral com uma boa dose de sensibilidade, acolhimento, paciência para entender a pessoa além dos problemas físicos, mas a enxergar pelas questões comportamentais. Ele é doação por sua vocação, descoberta após anos de seminário - já que o primeiro desejo era ser padre - seguido pelo dilema entre ser piloto de avião ou médico. O medo de altura o inibiu de ser aviador, e ao colocar os pés no chão percebeu que seu destino era mudar a vida de muita gente.

Nascido no município de Sério, Neori se formou pela Universidade de Caxias do Sul e fez sua residência no Rio de Janeiro. Antes de chegar a Vera Cruz, município que adotou em julho de 1988, atuou no Paraná, próximo a Cascavel. De lá para cá, o médico coleciona momentos marcantes. Relembra um ainda da época de formação, quando ao terminar o sexto ano no Rio de Janeiro, acabou retornando a Sério antes de ser chamado para fazer a residência médica. Sabia, claro, de coisas básicas de cirurgia, de parto, de atendimento clínico, mas na prática, ao atender no hospital de Boqueirão do Leão, se deparou com um paciente pálido, visivelmente em sofrimento na sala de espera. Havia relatado ao jovem Neori que sofrera um acidente e uma carroça passou sobre seu tórax. Como no hospital havia o aparelho de radioscopia, possibilitou o diagnóstico de pneumotórax hipertensivo em poucos instantes. “A solução é drenar o tórax e foi o que eu fiz, adaptei o que havia disponível lá e salvei ele. Em pouco tempo estava em casa. Ou fazia isso ou em meia hora ele iria morrer”, recorda.

Os episódios inesquecíveis também envolvem vivências administrativas dele, que tem uma vida de dedicação ao Hospital Vera Cruz, seja na restruturação da casa de saúde, qualificação de serviços e equipamentos, iniciativas emblemáticas, como a Campanha do Um e a organização da Fundação de Saúde Dr. Jacob Blész. Sua experiência de longa data junto à cooperativa médica Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo, da mesma forma, o conduziu à presidência. Todas estas atuações, classifica Neori, são diferentes, desafiadoras e gratificantes, e o transformam diariamente no profissional que é, um apaixonado pela Medicina, que a vive pelas 24 horas do dia, dos sete dias da semana.

Nesta profissão a gente se depara com situações e às vezes um detalhezinho muda a vida das pessoas, amplia o ciclo da vida, é envolvente”, resume ele, ao definir que o ofício requer paciência para ouvir. Estar próximo das pessoas tem sido um aprendizado constante e dr. Neori usa da sua sensibilidade apurada para transformar a vida dos seus pacientes. Não à toa que ao ser questionado sobre o que é ser médico, ele se emociona fácil, porque deve passar um filme junto a um emaranhado de respostas possíveis. Poderia resumir que é doação, em vários sentidos da palavra - tempo, dedicação, recursos para viabilizar algum procedimento ou ajudar a manter vivo o hospital -, também poderia dizer que é desafio, que é inspiração, que é resultado técnico e econômico, que é transformação.

Enquanto brinca que nasceu com os dois pés direitos, Neori revive a própria trajetória, saído de casa com 10 anos para estudar em seminário. Desde então soube conviver com ausências no convívio familiar, mas ganhou o aprendizado de conviver com pessoas heterogêneas e, ao entender a própria personalidade e usar seu lado humano aflorado, soube garimpar seu espaço e se realizar com cada conquista. Para quem vive um dia diferente do outro, com criatividade, inovação, aprendizados, o clínico geral e cirurgião projeta o futuro. “Passar o poder é muito fácil, mas estou na fase de passar o legado”, reflete Neori, presidente da Unimed VTRP, e que não tem dúvidas de que fez a escolha certa: “pilotar” só na mesa de cirurgia, como o médico que se dedica a ser.


Fotos: Carolina Almeida/Jornal Arauto
Gröhs, Hübner, Gusson e Souza
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