Não são todas as crianças que têm o privilégio de ter o Fritz e a Frida esperando por elas na saída da escola, assim como Aquiles Pavani de Moura, de seis anos, e Heitor Pavani Gall, de nove anos. Algumas vezes na semana, os garotos são surpreendidos pelo avô Sergio Adalberto Pavani e sua companheira Ana Maria Mozzaquatro que, vestidos com traje típico germânico, aguardam os meninos depois da aula, em frente ao Colégio Mauá. Mais do que encontrar os netos, o casal tem por hábito “desfilar” pela cidade com a vestimenta, seja para ir ao restaurante, uma loja, ou mesmo fazer um passeio. É dessa forma que vivenciam diariamente a cultura germânica e levam alegria por onde passam. “Queremos manter viva a tradição muito além das duas semanas da Festa da Alegria”, revelam.
A paixão pela cultura germânica, conforme Sergio, se intensificou há alguns anos, quando passou a morar na cidade e se encantou pelos desfiles da Oktoberfest. “Achei muito bacana a forma como as pessoas cultuavam a tradição e resolvi participar. Fiz uma roupa simples, carreguei os netos e fui desfilar”, relembra o professor universitário, ao contar que no ano seguinte resolveu se entregar mais ao personagem Fritz. “Fiquei pensando numa forma de me tornar mais parecido com o Fritz e percebi que ele tinha um bigode amarelo. Foi então que deixei o bigode e o cavanhaque crescerem e pintei de amarelo. Foi um sucesso”, recorda.
Neste ano, quando conheceu a namorada, compartilhou com ela essa paixão e descobriu que Ana também era uma admiradora da tradição alemã. Conversa vai, conversa vem, o casal decidiu, então, montar o traje típico, com direito a diversos acessórios. “Fomos compondo os trajes aos poucos, pesquisando referências na internet e com a ajuda de uma costureira. Um dos acessórios que resolvi fazer diferente foi o sapato. Vi que aqui muitas pessoas usam o sapato social com o traje, mas pesquisando, encontrei um sapato com o bico redondo. Então, adaptei um sapato desses de segurança e acrescentei uma fivela”, explica o Fritz. Além de impressionar pela beleza e fidelidade das roupas, o casal carrega consigo um bastão que leva as bandeiras do Brasil, do Estado e, claro, da Alemanha. “No topo tem um sino que anuncia sempre que nos aproximamos”, revela Sergio, bem humorado.
Com o traje, não é à toa que Sergio e Ana chamam a atenção por onde passam. Em viagem recente a Gramado se divertiram com os olhares curiosos dos turistas ao passear pela cidade. “Não podemos deixar a cultura se perder, por isso levamos ela com a gente para onde vamos”, diz Ana. “Temos vivido momentos difíceis com a pandemia, então por que não fazer diferente e levar um pouco de alegria para todos?”, questiona Sergio, ao citar que o sonho do casal é conhecer a cidade alemã de Munique, o berço da Oktoberfest.