Uma tendência que vem se consolidando nos últimos anos, a antecipação da safra do tabaco faz com que os fumicultores já estejam envolvidos no processo de colheita, a fim de fugir do forte calor no fim do ano, que além de prejudicar a planta, torna o serviço mais desgastante. Conforme o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, a antecipação se tornará uma realidade ainda mais presente nas lavouras nos próximos anos, inclusive sendo orientada pelas próprias empresas fumageiras.
Morador de Rincão da Serra, o agricultor Fernando Luis Kussler, de 37 anos, iniciou na última quinta-feira, dia 30, a colheita de seu tabaco. Nesta safra, Kussler conta que realizou o plantio de 33 mil pés em cerca de dois hectares. Além da esposa, o fumicultor realiza os trabalhos com a ajuda de peões, que durante o processo irão contribuir no trabalho de quebra das folhas de fumo na propriedade.
Neste ano, o vera-cruzense conta que em dois momentos a geada atingiu as lavouras de tabaco. No entanto, as intempéries não afetaram o desenvolvimento da planta, diferente de outros anos, em que além da geada, algumas doenças prejudicaram o tabaco. “Tive problemas com murchadeira em anos anteriores, então acabei adotando algumas medidas como o plantio direto e escolher variedades de sementes tolerantes à murchadeira”, ressalta o agricultor.
Segundo Kussler, a expectativa para a safra atual está muito boa, tendo em vista que na sua propriedade, o tabaco conseguiu se desenvolver de forma ainda mais satisfatória do que na safra anterior. “O meu tabaco já está melhor que ano passado, que já era muito bom de quantidade e qualidade. Dessa forma, a expectativa é de que a venda posteriormente seja também muito boa, pois a procura está sendo grande. Espero que seja mais valorizado na hora da compra por parte das empresas, pois os insumos subiram demais e o custo de produção está muito alto”, enfatiza Kussler.
Ainda, o fumicultor cita a expectativa por uma colheita tranquila, tendo em vista que é o momento em que o resultado de muito trabalho nos meses anteriores é obtido das lavouras. “Na colheita a gente acaba retirando da lavoura todo o esforço realizado durante a safra com os canteiros, preparação do solo, adubação, cuidado do fumo. No geral, é um período de muito estresse, pois se lida com muitas pessoas. Fico feliz que aqui a gente tem uma turma boa pra colher, alguns já colhem há mais de 10 anos comigo”, ressalta.
Conforme o Presidente da Afubra, em razão do tabaco estar sendo plantado mais cedo e ter sofrido um pouco com o clima frio, a planta não está se desenvolvendo como se esperava. Além disso, Werner afirma que as chuvas dos últimos dias foram um pouco em excesso, o que faz com que seja necessária a presença do sol.
Ainda, Werner ressalta que haverá uma diminuição na área de plantio para a atual safra. “O que se projeta é uma diminuição de, em média, nos três estados do Sul, 8% de área plantada que, na safra passada foi de 273.317 hectares, no Sul do Brasil. Ou seja, em 2021/2022, ficará em torno de 252 mil hectares. Se tivermos o mesmo clima no desenvolvimento que tivemos na safra 2020/2021, podemos projetar uma produção de, em torno, 680 mil toneladas. Isso baseado em informações iniciais, uma vez que a estimativa é feita por Estado e por Sul do Brasil no fim de outubro, com informações obtidas junto ao número de pés inscritos no Sistema de Mutualidade da Afubra”, salienta.
Em relação ao preço do tabaco, Werner revela que a representação dos produtores definiu que a negociação de preço ocorrerá somente com as empresas que farão as visitas aos produtores para obter informações de valores para tabular o custo de produção, em conjunto. A negociação será em dezembro.