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Quadrilha do golpe dos nudes volta a fazer vítimas em Santa Cruz


Publicado 01/10/2021 06:42
Atualizado 01/10/2021 07:30

Polícia   ESTELIONATO

Criminosos se passam por adolescentes, abordam homens entre 40 e 60 anos pelas redes sociais, iniciam uma conversa, pedem o WhatsApp e então convencem a trocar fotos íntimas. A partir do envio do popular nude, o golpe começa a ser finalizado. É assim que age uma quadrilha especializada nesse crime que faz vítimas em todo o Rio Grande do Sul, inclusive em Santa Cruz do Sul. De acordo com a Polícia Civil de Santa Cruz, os policiais recebem aproximadamente dois casos por semana, seja para conferência da situação ou após terem perdido dinheiro para os estelionatários. As investigaçõs ficam a cargo da 1ª e 2ªDP.

Na ação, uma pessoa se apresenta como pai da jovem, após a troca de fotos da vítima com a suposta adolescente, dizendo que a filha é menor de idade e a conduta da vítima se amolda ao crime de pedofilia. Após ameaçarem a fazer denúncias na polícia ou a expor as fotos do homem para os contatos dele nas redes sociais, os estelionatários acabam extorquindo dinheiro uma, duas ou até três vezes. Caso isso não funcione, um segundo contato é realizado, agora em nomes de advogados, defensores públicos ou delegados, muitas vezes conhecidos da comunidade. Para criar ainda mais legitimidade, termos técnicos, símbolos policiais e da Justiça são utilizados no diálogo. Na maioria das vezes, após o recebimento de valores, o extorsionário continua exigindo dinheiro dizendo que haverá a necessidade de submeter sua filha a tratamento psicológico. 

Durante a conversa, segundo a polícia, os supostos defensores públicos narram que foram procurados pelos pais da adolescente para esclarecer os autos do processo. Na maioria dos casos, eles destacam que a menina tem 12 ou 14 anos e utiliza medicamentos controlados por sofrer de problemas mentais, bipolaridade avançada ou depressão profunda. Em uma das situações, os estelionatários chegam a dizer que a menina danificou eletrônicos e móveis da família por conta da situação. 

Após diferentes abordagens, os criminosos apontam que caso o suposto investigado não colabore com uma negociação - a fim de preservar a identidade da vítima - ele será investigado por pedofilia, assédio sexual e crime cibernético. De acordo com a polícia, os bandidos chegam a lucrar de R$ 500 a R$ 3 mil por golpe em Santa Cruz do Sul, mas valores mais altos já foram obtidos com crimes em outros municípios. 

Na última sexta-feira (24), suspeitos de aplicar o golpe dos nudes no Estado foram presos em Caxias do Sul e em Bento Gonçalves. Foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva. Dois homens integrantes do grupo já estavam no sistema prisional da região e agora respondem por mais estes crimes de extorsão e associação criminosa. Nesta quinta-feira (30), uma ação semelhante foi deflagrado.

Segundo a Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), os integrantes da quadrilha passaram a ser investigados após a morte de uma das vítimas em março de 2021. Um policial militar da reserva de 72 anos, que residia em Viamão, se suicidou após ter sido extorquido diversas vezes. No total, o homem efetuou 25 pagamentos - em um valor final de cerca de R$ 100 mil - a fim de que a situação não fosse exposta para a esposa e os filhos.