Aqui, na Terra da Oktoberfest, ela é uma princesa. Transmitiu todo amor pela cultura germânica, conquistou público, jurados e foi eleita soberana da 36ª Festa da Alegria. Mas é no universo dos gamers que a princesa vira rainha. Isso porque, desde novembro do ano passado, Renata Maria Müller decidiu compartilhar o amor de infância pelos jogos com pessoas de todos os cantos do mundo e, hoje, é uma streamer – criadora de vídeos de jogos – reconhecida pelas lives semanais de Euro Truck.
Tudo começou muito cedo. Dos jogos de cartas e tabuleiros, a jovem foi evoluindo para o ambiente digital. Jogava, por exemplo, o Super Mário e outros que rodavam – instalados ou em CD’s – nos computadores da época. “Depois, na adolescência, sempre me reunia com meus amigos para jogar FIFA ou PES no PlayStation. E quando adquiri meu notebook, ficava horas construindo casas no The Sims, e parques de diversão no RollerCoaster. Com o passar do tempo, também jogava jogos mobiles, de celular, e outros pelo computador”, conta Renatinha, como é conhecida nas redes.
Mesmo nutrindo a paixão pelos jogos, a jovem de 26 anos não visualizava no “hobbie” uma profissão. Mas como tudo na vida dela envolve a palavra amor, ela descobriu que a criação de vídeos de jogos poderia sim ser um trabalho rentável. “Passei a entender mais sobre o universo das lives de jogos quando conheci o Lucas, hoje meu noivo, já que ele tinha nelas uma fonte de renda extra. Um dia, rolando o feed do meu Facebook, apareceu a live dele. Entrei pra ver o que era e, com o passar dos meses, me envolvi cada vez mais. Realizei inclusive algumas lives na página dele até que, por incentivo do Lucas e de algumas seguidoras que me assistiam, criei a minha", relembra.
No início, Renata – que é formada em psicologia – via as lives como uma forma de “ocupar a mente”, já que estava desempregada em meio à pandemia. “Não pensava muito no dinheiro, até porque, não é logo que começa a rentabilizar e tem todo um protocolo na plataforma. Mas as coisas foram acontecendo e hoje não me vejo mais longe disso”, afirma. E entre as 2h a 4h de live que produz semanalmente, ela pode não só fazer o que gosta, mas também sentir o carinho das pessoas. "O jogo é sensacional porque tem várias alternativas de mapas brasileiros e estrangeiros, de carrocerias, de reboques/cargas, além de um gráfico super realista. Toda semana, tiro um dia inteiro pra mexer com o jogo, atualizar os perfis e a página. Poucos conhecem e alguns dizem que não é um trabalho, mas é. Sem falar do público que conquistei. Sou muito grata e feliz por tudo isso. Estar ali todos os dias conversando e rindo, é maravilhoso. Amo cada um que interage comigo", destaca.
Se a profissão de streamer já é pouco conhecida, o fato de ser uma mulher que trabalha com jogos virtuais também surpreende. Mas nada disso abala Renata. Muito pelo contrário: se torna combustível para que ela cresça cada vez mais. No entanto, a dica de ouro da princesa é: ter o emocional em dia para lidar, não só com os erros da plataforma e do jogo em si, mas também com as críticas, assédio e machismo. "No começo eu respondia, já chorei muito em lives com certos comentários. Mas hoje faço diferente. O Facebook conta com uma opção de moderador, que é um cargo que dou a pessoas de minha confiança pra controlar o chat. Então, quando surge alguém com comentários desnecessários, eles dão 'ban'. Isso faz com que aquela pessoa não consiga mais interagir com a live e com a página", explica.
E assim como ela topou viver a adrenalina dos jogos e de um concurso, Renata é um exemplo e busca ser um incentivo a todas as mulheres que desejam trilhar esse caminho. "Meninas que queiram entrar pro mundo gamer, se arrisquem, tentem. Hoje temos muitas de nós nesse meio e estamos crescendo cada vez mais. É um universo maravilhoso e surpreendente. Nos traz experiências lindas e pessoas incríveis. E o mais importante: saibam que vocês não estarão sozinhas", completa.