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Uma luta contra as dificuldades


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 21/07/2021 15:00

Geral Esportes   REVELAÇÃO

É no tatame amarelo da Escola de Judô Juliano Campos, no ginásio do Esporte Clube União Corinthians, que a santa-cruzense Letícia Ribeiro Bauermann dedica grande parte da sua rotina realizando treinamentos e aprimorando questões técnicas com o sensei Juliano Campos. Assim, não é difícil encontrar razões para o grande sucesso da jovem na modalidade que a cada ano vem ganhando mais praticantes em todo o Estado. 

No caso de Letícia, a sua relação com o esporte é marcada por uma dificuldade que lhe acompanha desde os dois anos de idade: a surdez profunda. Conforme a santa-cruzense, depois de receber o diagnóstico, foi através de um médico que o envolvimento com o judô se iniciou. “Conheci o esporte através de um médico pneumologista que fazia judô. Assim, acabei me interessando muito quando ele falou sobre o esporte e então minha mãe me levou pra conhecer o judô. Depois que comecei a praticar, acabei gostando tanto que nunca mais parei de lutar”, conta a judoca, que afirma ainda ter afinidade com outros esportes, como taekwondo, patinação, natação e futebol.

Virtudes

Conforme a atleta, a prática da modalidade - que está incluída nos Jogos Olímpicos de Tóquio - lhe acompanha desde os 13 anos de idade. Além de ter ajudado no seu desenvolvimento físico, o esporte proporcionou para a judoca conhecer novas realidades e pessoas. “O judô para mim é tudo. Os propósitos dessa luta se baseiam no equilíbrio físico e emocional, condicionamento físico, equilíbrio da mente e do corpo. Ser um bom atleta exige muito tempo de treinamento, disciplina e buscar melhorar sempre através das técnicas e repetições que levem ao aperfeiçoamento”, destaca a judoca.

No currículo vencedor de Letícia, se destacam as diversas medalhas conquistadas em competições regionais estaduais, chanceladas pela Federação Gaúcha de Judô (FGJ), além de conquistas nacionais. Ao todo, a santa-cruzense conta com 37 medalhas de outo, 21 medalhas de prata  e 12 medalhas de bronze. Ainda, a jovem revela ter no armário medalhas conquistadas em outros esportes, como por exemplo seis no futebol e quatro no xadrez.

Adaptação e futuro

Segundo a judoca, não foi necessário realizar grandes adaptações para que pudesse participar de competições pelo Estado. A única diferença que Letícia tem em relação aos demais atletas é um símbolo no kimono que a identifica como atleta surda. Assim, a santa-cruzense teve que desde o princípio se adaptar a enfrentar adversários sem nenhuma limitação. “Eu me adaptei com ajuda dos senseis (professores). Nos campeonatos, os árbitros sempre que falam alguma coisa, fazem sinais com a mão e oralizam ao mesmo tempo,o que facilita muito para aqueles que têm problema de audição”, pontua a atleta, que tem nos judocas brasileiros João Derly e Mayra Aguiar suas maiores inspirações.

Segundo o sensei Juliano Campos, poder trabalhar com Letícia sempre foi muito positivo, pois acabou permitindo que ele pudesse ter conhecimento de novas situações em sua carreira. “Para mim foi uma escola, pois aprendi a desenvolver a paciência, além de ter que criar uma nova metodologia de treinamento. Atualmente, somente com a minha expressão ela já entende o que deve fazer durante a luta”, ressalta o sensei, que afirma  estar preparando Letícia para a disputa da 24ª Surdolimpíadas, que será realizada em Caxias do Sul.


Foto: Gabriel Fuelber/Jornal Arauto
Judoca santa-cruzense realiza três vezes por semana treinamentos no União Corinthians
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Foto: Gabriel Fuelber/Jornal Arauto
Atleta se prepara para a Surdolimpíadas do ano que vem
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