A insulina é um medicamento usado por pessoas com problemas ligados a diabetes. O medicamento é um controlador dos níveis de glicose no sangue e sua distribuição é, normalmente, feita pela farmácia do Estado, porém, chega ao Rio Grande do Sul enviado pelo Ministério da Saúde. Recentemente, quem precisou de insulina se deparou com a falta nas prateleiras. O jeito, para quem tem condições, foi recorrer à rede privada de farmácias. Outro problema foi o prazo de validade curto que, em alguns casos, não ultrapassava os 30 dias.
A nutricionista Ana Júlia Kegler é diabética tipo 1. Ela foi diagnosticada ainda na adolescência e desde então faz uso do medicamento, que judicialmente teve que requerer ao Estado. “Eu sou diabética há 17 anos, e há 10 eu recebo a medicação pelo Estado. Eu sempre busco essa insulina na farmácia do Estado, e desde o inicio do mês não tem e não tem previsão de chegada. Desde o dia 1º eu preciso comprar, mas nem toda farmácia tem, e se tem não é a que a maioria do pessoal usa. Como não tem nas farmácias, o pessoal tá garimpando e comprando mais de uma, o que faz com que o remédio acabe faltando também na rede privada, devido à grande procura”, explica.
Ana Júlia comenta que já buscou, inclusive, saber a razão da falta do medicamento, mas que até agora não obteve resposta. “Eu procurei na internet um 0800 para que eu pudesse entrar em contato e entender o porquê da falta. Pegaram meus dados e a atendente me disse que realmente a insulina de ação rápida está em falta e que iria restabelecer a distribuição em breve. No entanto, ninguém dá uma explicação, a farmácia estadual também não dá um número pra reclamar, isso tudo eu tive que ir atrás”, destaca.
No e-mail recebido pela nutricionista, a Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS) informa que o Estado já trabalha para restabelecer o envio do medicamento às farmácias da 13ª Coordenadoria Estadual de Saúde (13ª CRS), mas não informa quando isso ocorrerá. “O estado me disponibiliza dois tipos de insulina, uma de ação lenta, que usa uma vez ao dia, e a rápida, usada várias vezes, todas as vezes que vai comer. A rápida que tá faltando e não sabemos por que tá faltando”, desabafa.
Conforme o relato de Ana Júlia, além da falta do medicamento, outro problema vem ocorrendo. “Eu buscava no dia 1º, mas a validade só durava para aquele mês. Se eu deixasse para pegar no dia 20, por exemplo, só durava até o dia 30, estava vindo para vencer logo. Recentemente eu fui buscar no dia 28 e o remédio estava por vencer, isso aconteceu seguidamente. Os de ação lenta estão vindo, não chegaram a faltar”, frisa.
O Jornal Arauto fez contato com a 13ª CRS, com Secretaria Estadual da Saúde (SES) e com o Ministério da Saúde (MS). A Coordenadoria informou que apenas recebe os medicamentos enviados pelo Estado e coloca à disposição dos cidadãos na farmácia do Estado.
A Secretaria de Saúde disse em nota, através da assessoria de imprensa, que “O Ministério da Saúde já enviou 9 mil canetas de insulinas ao Rio Grande do Sul. Este quantitativo já está sendo distribuído aos municípios gaúchos”. Ainda de acordo com o documento, o novo lote do medicamento chegou na última quinta-feira, dia 15, ao Estado. A quantidade enviada pelo Ministério da Saúde será suficiente para, em média, 15 dias de tratamento, conforme a Secretaria.
Sobre o prazo de validade, também em nota, o Estado informou que a compra do medicamento é feita pelo Ministério da Saúde que distribui aos estados e que questões sobre a aquisição devem ser tratadas diretamente com o MS.
O Estado não informou, no entanto, o porquê da falta, apenas que vem tomando as medidas necessárias para a regularização do estoque.
O Jornal Arauto também obteve a informação de que o Ministério da Saúde estaria trocando a marca do medicamento distribuído aos Estados. O MS também informou por meio de nota “que adquiriu 33.370 canetas de insulina de ação rápida para atender o período de julho, agosto e setembro, conforme o quantitativo solicitado pelo Estado. Deste lote, 9 mil canetas já foram enviadas ao Estado e a previsão é que as outras 24.370 canetas sejam entregues até o fim de julho”. Sobre as demais questões o Órgão não se pronunciou.