Crescidos no interior de Santa Cruz do Sul, os irmãos Douglas Miguel Frantz, de 22 anos, e Lidiane Elisa Frantz, de 18, nutrem desde a infância uma paixão em comum: o amor pela agricultura. Moradores de Linha Andrade Neves, os dois encontram diariamente nas lidas do campo novos motivos para sonhar e se apaixonar pelo que fazem. Douglas e Lidiane são exemplos de jovens que dão ainda mais sentido ao Dia Estadual da Juventude Rural, data comemorada nesta quinta-feira (15).
Os dois contam que embora gostem do trabalho na agricultura, o incentivo da família sempre foi importante. Seguindo os ensinamentos dos pais Albino e Nair, da cunhada Martina e do outro irmão Ronaldo Frantz - todos agricultores na localidade - que Douglas e Lidiane apostam na área e garantem o sustento.
Os irmãos comentam que a participação no trabalho da agricultura sempre fez parte do dia a dia, seja nas produções ou, até mesmo, criações. "Aprendemos a cuidar dos animais e dos alimentos desde crianças", afirma Lidiane. A paixão pela agricultura é tão grande que Douglas inclusive chegou a estudar na Escola Família Agrícola de Santa Cruz (Efasc), se formando em 2016, concluindo também o curso técnico em agricultura.
Atuando na propriedade e auxiliando nas várias atividades, Douglas continua apostando na agricultura. Lidiane, atualmente, está no terceiro ano do Ensino Médio na Efasc. "Tanto eu quanto o meu irmão estamos na propriedade onde produzimos e cultivamos grande parte dos alimentos consumidos pela família. Um certo excedente é comercializado. Sempre tivemos a ajuda e incentivo dos pais e dos irmãos para darmos continuidade às atividades e conhecimentos observados pelos nossos pais que já foram jovens e já construíram uma caminhada a partir da agricultura", comenta Lidiane.
Incentivo da família e produções
Douglas e Lidiane ressaltam que a permanência na agricultura foi motivada principalmente pelo incentivo da família. Conforme eles, além do momento difícil de pandemia, os preços dos produtos de consumo básico estão cada vez mais caros. Diante disso, residindo e produzindo no meio rural, eles acreditam que conseguem produzir o próprio alimento sem veneno, com custos menos elevados, além de terem conhecimento a respeito da forma como foram produzidos, ensinamentos que adquiriram enquanto estudantes na Efasc.
Na propriedade em Linha Andrade Neves, onde residem, a principal cultura de renda é o tabaco semi-orgânico. Além disso, a família produz alguns alimentos como feijão, batata doce e batatinha, mandioca, milho, amendoim, frutíferas e hortaliças de forma geral. Apostam nas culturas de melancia, abóbora, cana de açúcar para in natura que também possibilita o processamento, tanto melado, como schimier. No local ainda há criação de gado, cabrito, suínos, aves, peixes, abelhas para a produção do mel e para a polinização de grande parte das culturas. Há, ainda, mulas e burros para tração animal.
Na opinião dos dois, é perceptível a quantidade de jovens que abrem mão do meio rural e acabam se inserindo no mercado de trabalho na cidade. "Certamente esses jovens que acabam deixando a propriedade rural não têm o interesse e apoio familiar, além de não verem uma perspectiva de futuro na agricultura. Tanto eu quanto o meu irmão gostamos de lidar na agricultura, pois ela proporciona momento de aprendizado, de estar inserido em meio à natureza, sem o estresse e correrias existentes na área urbana", destaca a jovem. Encantados pelo trabalho, os irmãos observam que entre as vantagens de trabalhar na agricultura também está o fato de que não há a obrigação de atingir metas de trabalho como na área urbana, mas sim, construir o trabalho do dia conforme é apresentado, seja no frio, chuva, sol ou neblina.