O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região (Stifa) concluiu a análise das contratações de safreiros para a indústria do tabaco. A movimentação de trabalhadores ficou 9,06% menor do que na temporada passada, o que representa uma redução de 700 vagas geradas neste ano. Fatores como a estiagem do fim de 2020 e a nova onda de contaminação da Covid-19, do primeiro semestre, são as explicações para este resultado menor.
O presidente do Stifa, Gualter Baptista Júnior, revela que o primeiro impacto sentido na contratação de sazonais foi com a estiagem, especialmente entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, período de colheita. “Isso retardou o envio do produto para as empresas e, por consequência, a contratação de mão de obra para a safra, pois o ritmo das contratações ocorre de acordo com o recebimento do tabaco”, justifica.
Com as contratações tardias, outro evento que colaborou foi o aumento do contágio, entre os meses de fevereiro e março. “Entre os meses de abril e maio tivemos, pelo menos, sete semanas de recrudescimento das atividades, por causa dos altos índices de contaminação. Naquela época, a indústria de tabaco acabou operando com apenas 75% da sua capacidade”, frisa.
A soma destes dois fatores, segundo o presidente do Stifa, fez com que o quantitativo de empregados nas indústrias durante o mês de junho, ápice da atividade fabril da safra, tivesse redução de 9,06% na comparação com junho de 2020. “Isto confirma a projeção que havíamos feito em maio, e mostra que cerca de 700 pessoas ficaram sem emprego nesta safra. É com grande preocupação que observamos estes números, pois são famílias sem renda”, avalia.
O presidente diz que a falta de renda às famílias impacta em outros segmentos da economia local, uma vez que setores ligados ao consumo, como o comércio e serviços, também sentem a retração nas contratações temporárias. “Estes trabalhadores tiveram que recorrer ao auxílio do governo, que sabidamente é insuficiente, situação que amplia a nossa preocupação”, finaliza.
Com a necessidade de produzir para abastecer o mercado interno e às exportações a indústria do tabaco precisa manter, por mais tempo, a mão de obra contratada para a safra em curso. “Os mesmos motivos que foram responsáveis pela redução no número de safreiros, atraso na entrega da safra por causa da estiagem e a segunda onda da Covid-19, são agora os fatores que irão prolongar os contratos temporários”, analisa o presidente do Stifa, Gualter Baptista Júnior.
Neste sentido, a maioria das empresas processadoras de tabaco seguirá durante os meses de agosto e setembro – época em que geralmente ocorrem os desligamentos – com as linhas de produção ativas. “Há uma perspectiva pequena, na casa dos 10 a 15%, que a safra poderá ir até o mês de dezembro em algumas indústrias.” Segundo o presidente do Stifa, esta extensão de contratos será necessária para finalizar as entregas de tabaco processado, concluindo então a safra 2021 na indústria.
Antes do efeito da estiagem e da nova onda de contaminação com o coronavírus, havia uma expectativa de crescimento no número das contratações na casa dos 10% Este percentual foi medido em função da qualidade do produto que seria entregue à indústria, com aumento no volume de produção. “Qualidade excelente se traduz em mais negócios fechados no exterior, com a necessidade de uma compra antecipada, situação que não foi possível no último ano”, frisa o presidente do Stifa.
No entanto, conforme Baptista Júnior, para 2022 o cenário mostra-se, de fato, favorável. “Nossa perspectiva é de uma elevação da contratação, justamente por conta do avanço da vacinação no Brasil, cujo objetivo é imunizar toda a população até dezembro”, diz. Se o clima colaborar e a colheita do tabaco ocorrer no tempo certo, sem perdas ou quebras na produção, projeta o presidente, a tendência é de uma safra dentro da normalidade, com crescimento real no volume de contratos para a próxima temporada.