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Tomate, carne, leite, gasolina e gás voltam a subir e valores preocupam


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 10/07/2021 11:37

Geral   NO BOLSO

A semana foi marcada por mais anúncios de aumentos. Depois das tarifas de energia elétrica serem mantidas na bandeira vermelha - a mais cara das tarifas extras -, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no final do mês de junho, a primeira semana de julho trouxe o desprazer de novos aumentos nos combustíveis, além do anúncio da variação positiva no custo da Cesta Básica Nacional no sexto período do ano, que foi puxada pelo tomate, pela carne e pelo leite.

Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, o custo da Cesta Básica, pesquisada pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), apresentou elevação de R$ 4,72 no período de 4 de junho a 5 de julho de 2021, passando de R$ 513,09 para R$ 517,81. O crescimento representa 0,92% em apenas um mês. Dos 13 produtos pesquisados, cinco apresentaram redução e os demais oito produtos apresentaram elevação de preço. No primeiro semestre, a elevação foi de 2,94%. No levantamento apresentado em janeiro, o valor dos produtos era de R$ 503,04.

As maiores contribuições para esta elevação dos valores neste último levantamento foram da carne bovina, com alta de 2,56%, do tomate, com aumento de 1,20% e do Leite Tipo C, com contribuição de 0,32%. Por outro lado, a batata inglesa, com queda de 1,45%, o pão francês, com redução de 1,36% e a banana, com baixa de 0,55%, ajudaram a frear uma elevação ainda maior.

Além destes produtos, a pesquisa mensal busca saber os valores do arroz, do açúcar, da banha, do café moído, da farinha de trigo, do feijão preto e da margarina.

Com o valor atual, um trabalhador santa-cruzense que recebe um salário mínimo precisa de 103,5 horas de labuta para adquirir o conjunto, quase uma hora a mais que o verificado no mês de junho.

Gasolina e Gás

A Petrobras também reajustou nesta  semana o preço dos combustíveis. Com o novo aumento, os valores de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras tiveram reajustes médios de 6,3% e 3,7%, por litro, respectivamente. A estatal também anunciou que o preço médio de venda de gás de cozinha teve alta de 5,8% por quilo. Esse é o primeiro aumento realizado na gestão do general Joaquim Silva e Luna.

O repasse dos reajustes aos consumidores finais nos postos depende das margens de distribuição e revenda, impostos e adição de etanol anidro e biodiesel. Conforme dados do último levantamento divulgado pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), a gasolina comum mais cara em Santa Cruz do Sul pode ser encontrada a R$ 6,29 e a aditivada a R$ 6,39. O óleo diesel teve queda de R$ 0,15 por litro. O comum custa R$ 4,56, enquanto o S-10 sai a R$ 4,69 o litro. Já o gás, para retirada, pode custar R$ 98 e na tele-entrega R$ 108.

Dói no Bolso

A variação no valor tanto dos combustíveis como da Cesta Básica mexe não só com o consumidor final, que sem dúvida é o mais atingido, como também com os empresários, que não têm o que fazer a não ser repassar o valor aos clientes. No entanto, mesmo com as reiteradas altas, alguns donos de estabelecimentos optam por segurar a elevação dos produtos com as margens de lucro. É o que conta Rodrigo Franke, proprietário de um restaurante no Centro de Vera Cruz. “Não há como repassar todo o valor para os clientes, com certeza acaba afetando nossa margem, pois temos que entender também o outro lado. Sabemos que está difícil. O pessoal está bem apertado, principalmente por conta da  pandemia”, explica.

O empresário também ressalta que a principal elevação sentida por ele é no preço da carne e do gás de cozinha. “Com a alta do GLP tivemos que repassar um pouco do custo aos nossos clientes. Compro carne diariamente para que meus clientes tenham sempre qualidade e nos últimos tempos o valor subiu cerca de 40%. Não tive outra alternativa se não aumentar um pouco o valor do meu produto. Não repassei todo o valor porque se não seria inviável. Percebemos um aumento geral em nossos insumos, mas a carne é o carro-chefe do buffet e é também o produto mais oneroso. O tomate e o leite, por exemplo, notei alta, mas foi bem menos do que a carne”, comenta.

Outro cuidado que o empresário destaca é na manutenção da clientela fixa do estabelecimento. “Tenho em média 80% dos meus clientes que são diários, ou seja, fixos, e 20% que são clientes eventuais, como viajantes ou pessoas que vêm uma ou duas vezes por semana. Construí esse público ao longo dos anos e não posso perder isso, portanto tenho o cuidado de por vezes diluir e absorver um pouco dos aumentos para que também as pessoas não sejam atingidas diretamente”, frisa.

Fiscalização

O Ministério da Justiça e Segurança Pública deflagrou a operação Petróleo Real nesta semana. O objetivo foi  fiscalizar os postos de combustíveis em todos estados, prevenindo e reprimindo irregularidades. Além disso, os fiscais buscaram ainda analisar a estrutura dos postos, verificar se há adulteração dos combustíveis e fiscalizar preços. A Operação teve desdobramentos em Santa Cruz, com a fiscalização sendo realizadas em quatro postos. Ministério Público, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Guarda Municipal, Vigilância Sanitária, Polícia Civil e Procon participaram da ação.

Em Santa Cruz, nove bombas apresentaram irregularidades. Os equipamentos foram lacrados pelo Inmetro. Oito apresentaram vazamentos e uma apresentou quantidade menor do que deveria.

Conforme o coordenador do Procon do Município, Marcelo Estula, a fiscalização buscou alertar os estabelecimento para os cuidados e proteger os consumidores. “Verificamos questões como a quantidade para ver se a bomba está realmente abastecendo corretamente, se o estabelecimento tem código de defesa do consumidor, a composição da gasolina se está correta, se tem a placa que pede valores especificados dos combustíveis, entre outras coisas”, disse.


Foto: Rafael Cunha/Grupo Arauto
Consumidores e empresários sentem reiteradas altas em produtos básicos para manutenção da alimentação e logística
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