Safra após safra, quando o frio se aproxima a maioria dos produtores já se prepara para colocar novas mudas na lavoura. Desta vez não é diferente. Com a proximidade do mês de junho, a indústria já se prepara para encerrar a compra e dar mais foco ao processo de beneficiamento do tabaco. Contudo, ainda há fumo nos galpões. Alguns por tempo, outros por estratégia de injetar mais valor ao produto, ao passo que os produtores iniciam o processo de plantio para a nova safra que se avizinha dão destino às últimas manocas.
A realidade é vivenciada, por exemplo, na localidade de Formosa, em Vale do Sol, onde Odilo Martin cultiva aproximadamente 100 mil pés do produto. Segundo ele, não houve tempo suficiente para separar e preparar toda a produção da safra passada. “Seguimos preparando o produto para ser entregue, na semana que vem devemos entregar o restante para a indústria. Não conseguimos terminar, mesmo com ajuda de mão de obra externa, por conta da grande produção que tivemos nesta safra”, ressalta.
Martin, que produz para a China Brasil Tabacos, ainda comenta que a safra deste ano está melhor em termos de qualidade do que a do ano anterior. “Temos um produto melhor. A produtividade também foi melhor, conseguimos tirar mais em relação ao ano passado. Também nos adiantamos um pouco para que pudéssemos ter este resultado”, explica.
O produtor, que já comercializou nesta safra 950 arrobas de tabaco e espera entregar mais 250 na próxima semana, comenta que na propriedade há duas frentes de trabalho. “Estamos aqui no galpão fechando as últimas manocas e preparando os últimos fardos. Enquanto isso, já preparamos as piscinas e as mudas estão se desenvolvendo. Já podamos a primeira vez e vamos, no próximo mês, colocar as mudas na lavoura”, comenta.
De acordo com a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), até o momento já foi comercializado, nos três estados do Sul do Brasil - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná - 83% de toda a produção, que neste ano apresenta uma redução na área total cultivada de 5,9% em relação à safra 2019/2020. Ao todo foram 273.356 hectares plantados em 2021. Já no ano passado a área cultivada chegou a 290.397 hectares.
Segundo o gerente técnico da Afubra, Paulo Vicente Ogliari, neste ano os produtores venderam o fumo antes. “No ano passado, como as empresas estavam com o preço menor na comercialização, os produtores seguraram o tabaco para tentar ganhar preço. Neste ano as empresas pagaram mais. Por isso, os produtores também foram incentivados a entregar antes o tabaco produzido”, destaca.
Até agora o Rio Grande do Sul tem 17% de tabaco a ser entregue nas indústrias. Porém, no mesmo período da safra 2019/2020, menos produto havia sido destinado às indústrias. Naquele momento, 29% da produção ainda seria entregue. Entre os tipos de tabaco, até hoje o Comum lidera com 97% do total plantado já comercializado. Na sequência estão Burley com 96% e Virginia com 82%, que segue tradicionalmente ocupando a maior área de cultivo de tabaco. O tabaco Amarelinho é contabilizado junto com o Virginia.
Conforme a Afubra, que também realiza periódicas consultas aos produtores de tabaco, de maneira geral a qualidade do produto está melhor em relação à safra passada.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região (Stifa) está sob nova direção. A chapa eleita em dezembro do ano passado, com 96% dos votos, empossou o novo presidente Gualter Baptista Júnior, que oficialmente responde agora pelo sindicato. Nesta semana a entidade realizou um evento para apresentar as metas da nova gestão. Com o compromisso de renovar a gestão, após 25 anos de uma mesma administração, o novo presidente tem também como meta uma aproximação entre indústria, trabalhador e sindicato, imprimindo uma gestão moderna e inovadora em uma das entidades com maior representatividade na região, com atuação há 72 anos em Santa Cruz do Sul. Batista é funcionário, há 42 anos, da BAT Brasil.