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Criatividade: paixão passada de pai para filho se transforma em miniaturas


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 02/05/2021 18:00

Geral   BRINCADEIRA DE GENTE GRANDE

A fruta não cai longe do pé. Certamente, em algum momento da sua vida, ouviu ou falou este ditado. É antigo. Mas o significado continua válido ainda nos dias de hoje. A frase pode remeter a diversas interpretações. Todavia, aqui, foi empregada para representar uma paixão passada de pai para filho. João Henrique Mueller tem apenas 10 anos. Mas a pouca idade não corresponde à coleção de mini caminhões em seu quarto. Filho de pai caminhoneiro, aos quatro anos o amor pelo veículo já era intenso. Por muitas vezes, nas viagens de Claus Mueller, o filho foi companhia.

Entre idas e vindas, juntos, percorreram cidades em Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. Esperto e atento na estrada, João foi pegando o jeito do pai, as manhas das carretas e pescando sobre os diferentes modelos. Daí, o conhecimento pelo veículo foi se espichando todos os dias mais. Vez ou outra, João também auxilia o pai na manutenção do caminhão quando estacionado no quintal de casa, em Vale do Sol. “Eu fico ao redor para tentar aprender algo novo”, frisa o menino. 

João tem Distrofia Muscular de Duchenne, a DMD. Foi diagnosticado aos quatro anos, mesma época em que a paixão pelos caminhões floresceu. A doença é um distúrbio hereditário de fraqueza muscular progressiva. No entanto, não é barreira para o seu interesse pelo veículo. 

Hoje, a varanda da casa da família transformou-se em uma “montadora” de caminhões e carretas. Bastante profissional para uma criança, diga-se de passagem. É que o João é tão apaixonado que passou a produzir os veículos em tamanho reduzido. Antes, os modelos eram fabricados em papelão. Desde a roda, até o espelho retrovisor. Agora, a mãe Luciana Cristina Berle Mueller compra os caminhões de madeira e entrega-os para o filho, ao dispor de sua criatividade. 

Da criação à finalização, os caminhões saem tal qual os legítimos. A estilização é pensada em seus detalhes. Placas, cores, cordas, lonas, entre outros itens. “Eu compro o caminhão bruto para que ele introduza todos os equipamentos que um veículo como esse tem. O mais impressionante é que, através da observação e inteligência, ele cria tudo com tamanha perfeição”, diz a mãe orgulhosa. Estacionados na varanda, João possui mais de seis mini modelos que relembram diferentes marcas. Entre as aulas remotas, o menino encontra tempo para se dedicar à produção. “Eu faço tudo, do início ao fim. Crio, recorto, pinto”, realça o pequeno, listando os seus afazeres. 

Depois, é ele também o responsável pela limpeza do cômodo. A mãe não vê problema na algazarra. “Diariamente eu estimulo para que ele faça o que gosta. E ele ama montar caminhões, então eu apoio. Compro material, tinta. E quanto à sujeira, nada que um sabão, água e boa vontade não resolvam”, ressalta Luciana. 

Ao fim, é hora de brincar. “Eu faço os caminhões para mim mesmo, pois gosto muito. Assim que termino um, eu testo e brinco junto”, enfatiza João. O sonho do menino é ser caminhoneiro, tal como o pai. A mãe é a maior incentivadora. “Mesmo sabendo do diagnóstico do meu filho, enquanto mãe, o que eu puder fazer para vê-lo feliz, vou fazer”, reforça.


Foto: Caroline Moreira/Jornal Arauto
Menino cria diferentes modelos de caminhões na varanda de casa
Menino cria diferentes modelos de caminhões na varanda de casa

Foto: Caroline Moreira/Jornal Arauto
João exibe com orgulho o modelo que mais gosta: um Scania 113
João exibe com orgulho o modelo que mais gosta: um Scania 113