Consideradas uma alternativa importante para minimizar o custo do fornecimento de alimento para os animais, as pastagens de inverno apresentam outros benefícios aos agricultores, desde maior produtividade na criação de rebanhos até o aumento na fertilidade do solo.
No entanto, conforme o extensionista rural e coordenador do escritório municipal da Emater de Vera Cruz, Bruno Flores, a falta de chuva durante os meses de março e abril já vem causando prejuízos para os agricultores. “O plantio já está atrasado e prejudicado em razão da falta de chuva. Em condições normais, hoje essas pastagens já estariam semeadas, pois elas se desenvolvem com a diminuição das temperaturas, o que já está ocorrendo, mas na maioria das propriedades elas nem foram semeadas ainda”, afirma Flores.
De acordo com Flores, a implementação das pastagens no município, para só assim iniciar o semeio de aveia e azevém, por exemplo, tem tido um crescimento de 10% ao ano, tanto na questão de área como no número de agricultores que realizam o manejo. O motivo principal para esse aumento está ligado diretamente à valorização comercial da carne e do leite. “Os produtores realizam a implantação de pastagens visando aumentar a produtividade dos rebanhos, tanto de subsistência, quanto comercial (carne e leite)”, frisa o extensionista.
Além do rebanho, muitos agricultores realizam o manejo das pastagens como uma técnica para garantir maior produtividade do solo em outras culturas. “No que retiram o milho safrinha (resteva do fumo), os agricultores fazem a cobertura de pastagens para cobrir o solo e posteriormente dessecarem para plantio do tabaco em sistema de cultivo mínimo, similar a um plantio direto”, conta o coordenador.
Em Linha Dona Josefa, interior de Vera Cruz, o produtor de leite Delvane Luiz Zanette, a esposa Gertrudes Beatriz Goelzer e um funcionário trabalham com cerca de 29 vacas na produção leiteira. Conforme Zanette, a falta de chuva atrasou o semeio de pastagens de inverno nos cerca de nove hectares destinados para o plantio de aveia e azevém. “Geralmente no fim de abril as pastagens já estariam germinando na terra. Estou esperando uma oportunidade para realizar a semeadura. Não adianta semear sem perspectiva de chuva”, salienta o produtor, que ainda tem na propriedade pastagens perenes, que permanecem por anos numa área, como capim kurumi, tifton e brachiarias.
Segundo a Emater do município, muitos produtores não conseguiram realizar a semeadura das pastagens, o que possivelmente irá ocasionar na falta de pasto na entressafra. No entanto, teve quem conseguiu garantir bons resultados. É o caso dos produtores de leite Rosmar Kretzmann e Valquiria Inês Scota, de Fontoura Gonçalves, que utilizam sete hectares de pastagens. “No inverno fizemos a sobressemeadura com aveia e azevém, onde não se mexe com o solo, apenas se passa a roçadeira. Normalmente a semeadura é feita em abril, mas este ano atrasou devido à estiagem”, contam os produtores.