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Custo Unitário Básico da Construção Civil cresce 19,2% em dois anos


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 20/04/2021 15:00

Geral   CONSTRUÇÃO CIVIL

O preço do Custo Unitário Básico (CUB) da Construção Civil no Rio Grande do Sul tem deixado quem precisa de materiais preocupado. Há pelo menos 21 meses, o índice tem apresentado altas sucessivas. Desde julho de 2019, os reiterados aumentos somam 19,2% no acumulado. Apenas entre fevereiro e março deste ano foram 2,1%. No entanto, esta não foi a maior alta registrada. Em agosto de 2019, o CUB subiu 3,1%.

O Custo Unitário Básico da Construção Civil é calculado por meio da norma brasileira 12.721. O cálculo leva em conta o preço de materiais de construção, custo da mão de obra e de equipamentos. A soma destes itens é dividida pela área total construída. Além disso, são levados em conta os padrões das construções e as finalidades que terão após liberadas para uso, tais como comercial, industrial ou residencial.

Outro fator que influenciou na alta dos materiais foi o momento pandêmico e os monopólios. Alguns tipos de materiais de construção são produzidos por apenas uma ou duas empresas. Além disso, durante a pandemia indústrias se viram obrigadas a parar ou reduzir a produção dos insumos devido às limitações impostas.

Vice-presidente e coordenador do Escritório Regional Vale do Rio Pardo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Astor José Grüner explica que a entidade fica de mão atadas, uma vez que cabe a ela apenas imputar na tabela o valor para o cálculo do metro quadrado construído. De acordo com Grüner, medidas em âmbito nacional estão sendo tomadas por entidades ligadas ao segmento. “Quem está atualmente tomando a frente é a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em nível nacional, para pressionar e tentar mexer um pouco com o governo nestas questões. Por exemplo, tirar a taxa de importação do aço, se aqui dentro [do país] não tem aço suficiente. Em Santa Catarina, os empresários se uniram e importaram o minério da Turquia, que é mais barato que o nosso. Isso é em nível de política econômica. O Sinduscon sozinho é muito pequeno frente a uma Siderúrgica Nacional, por exemplo, por isso a movimentação tem que ser em nível de país“, explica.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), é uma entidade que tem como objetivo tratar das questões ligadas à indústria da construção e ao mercado imobiliário, e representa o setor no Brasil e no exterior. A entidade tem trabalhado e se posicionado no sentido de encontrar medidas para que o crescimento do custo, principalmente da matéria-prima, seja minimizado.

Grüner, que também é empresário do ramo da construção, destaca que mesmo buscando alternativas para baratear o custo dos materiais, os aumentos são muito elevados. “Ano passado fiz uma compra programada para 10 meses, e dentro disso eu consegui manter o preço. No entanto, o concreto não tem como comprar antes, cimento vence em 30 dias. Os tubos de ferro subiram 60%, o fio de cobre, 109%, o aço subiu mais de 100%. Isso em 12 meses. A demanda aumentou e as fábricas diminuíram a quantidade de funcionários, com isso produziram menos e o consumo aumentou. A lógica do mercado fez com que faltasse produto. O aço tem duas ou três empresas do Brasil que são donas, cimento também. Temos produtos que levam de 90 a 120 dias para chegar”, ressalta.

Os reflexos da elevação dos custos, por lógica, se dão também no aumento dos preços dos imóveis para venda ou diminuição da margem para os investidores. Porém, segundo Grüner, o consumidor final também é afetado. “Não é o apartamento que tu compras que subiu, subiram os componentes que fazem a construção. Se tu fores fazer uma casa pra ti, ela vai ser mais cara. Isso é economia nacional e mundial”, exemplifica.
Enquanto o valor segue subindo os empresários buscam alternativas para reduzir os impactos. “Temos, por exemplo, uma central de compras. Unidos, vários compradores, conseguimos negociar. Por exemplo, ao invés de eu comprar um e fulano outro, a gente se reúne e compra dois. Com isso, conseguimos negociar um valor melhor e melhoramos o poder de barganha”, conta o empresário.


Foto: Rafael Cunha/Grupo Arauto
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