A tradicional Páscoa na casa da vovó e do vovô, com caça aos ninhos e muitas guloseimas, faz parte da memória afetiva de muita gente. Contudo, assim como no ano passado, a Páscoa teve que ser adaptada devido à pandemia, que impossibilita os encontros em família, principalmente com os idosos, por serem do grupo de risco. Mas sempre há quem encontre uma maneira segura de viver este momento tão especial na vida das crianças - e dos avós.
Pensando nisso, a Residência Geriátrica Viver Bem, de Vera Cruz, organizou uma manhã especial com o intuito de manter viva a tradição da visita de netos e bisnetos na casa dos avós. Conforme a enfermeira e proprietária da residência, Vânia Frantz Schlesener, a ideia começou a sair do papel já no mês de fevereiro, quando os idosos, com a ajuda dos funcionários da casa, começaram a organizar o residência para a chegada da Páscoa. “Primeiro começamos a fazer a decoração da casa, sendo a maioria das ornamentações que estão embelezando o nosso espaço atualmente, produção dos próprios idosos. Eles se envolveram no projeto costurando, pintando e recortando durante as semanas que antecederam a data comemorativa”, ressalta a proprietária, que afirma ter vindo depois o desafio aos idosos de produzirem ninhos com o tradicional cri-cri para os netos e bisnetos. Segundo Vânia, foi realizado um levantamento para saber quem ainda tinha os netos e bisnetos com idade para ver o Coelhinho da Páscoa.
Ainda, a proprietária frisa que apenas o fato dos idosos conseguirem ver a família, já é um alento para eles em meio à pandemia. “Os idosos aqui estão isolados. Então, eles verem a alegria dos netos e bisnetos com o ninho de Páscoa com cri-cri que a vó ou o vô fizeram, de certa forma, já alivia o sofrimento de não poder estar junto na Páscoa”, complementa.
O relógio marcava 9h30min quando a primeira família chegou em frente ao portão da residência, que estava toda enfeitada com símbolos da Páscoa. No entanto, a atenção estava mesmo direcionada para a grade da residência, que estava repleta de ninhos produzidos pelo idosos. Cada cesto tinha o nome da criança e do avô/avó que produziu. Dentro do jardim, os idosos tinham a companhia do Coelhinho, que interagia com os avós.
Morando em Vera Cruz há cerca de dois anos, a porto-alegrense Clara Flores trouxe o filho Francisco logo cedo para ver a vovó Helena. Conforme Clara, o filho estava bem ansioso para o evento, principalmente ao saber que a vovó e os outros idosos eram ajudantes do Coelho, e que haviam preparado uma surpresa para todas as crianças. “A gente sempre fala que aqui é a casa da vovó. Então ele sempre fica bem animado para vir aqui. Hoje foi muito especial, pois foi a primeira vez que ele viu o Coelinho da Páscoa, e esse momento ser na casa da vovó é muito especial”, destaca Clara.
Quem também aproveitou para ir ver a sua vovó foi Gustavo Henrique Waechter, que esteve durante a manhã em frente a residência acompanhado da esposa e da filha Manuela, para ver a bisavó Wilma, que já está com 100 anos. Segundo Gustavo, a ação é muito positiva e traz um ambiente diferente para os idosos. “Eu acho muito legal as crianças poderem interagir com os avós. Eles ficam contentes com essas ações e contam os dias para que estes eventos ocorram”, salienta.