Alguns por tradição, outros por religiosidade e tem aqueles que apenas usam a data como uma oportunidade para comer peixe. A Sexta-feira Santa, como já tradicional, é o momento que sucede as feiras do peixe. Na região, o movimento dos produtores inicia meses antes com a preparação, despesca, abate e limpeza dos produtos que serão comercializados antes da Páscoa, que aliás, é motivo de reflexão e tradições de uma forma geral. A colheita da macela, os ninhos, a via-sacra.
Comer peixe na Semana Santa faz parte da tradição e da devoção cristã. Na liturgia cristã, a Páscoa celebra a ressurreição de Jesus Cristo, três dias após sua crucificação. O costume de comer peixe é uma forma de praticar o jejum e a abstinência, no dia em que Jesus teria morrido, crucificado no Calvário. A prática de se alimentar com pescado é indicada pela Igreja não só na Sexta-feira Santa, como também nos 40 dias que antecedem a Páscoa, período conhecido como Quaresma. A troca da carne pelo peixe tem significado simbólico de fé.
Tanto em Santa Cruz do Sul como em Vera Cruz, os produtores comemoram os números. Na Capital das Gincanas a venda de pescado na Feira superou as 4,4 toneladas comercializadas em 2020. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Vera Cruz, neste ano o número foi quase 15% maior, com pelo menos 5 toneladas vendidas. Isso porque alguns produtores, além de levar os produtos para os pontos de comercialização, montados pela Prefeitura, ainda disponibilizam o peixe nas próprias propriedades.
Na Terra da Oktoberfest, onde muitos preferem o chopp, a cuca e a linguiça, a expectativa era de que 10 toneladas de peixe fossem vendidas. No entanto, conforme a Associação Santa-cruzense de Produtores de Peixe, até a tarde desta quinta-feira (1°) todo estoque de pescado inteiro levado para comercialização já havia esgotado.
Edson Daniel Schuck, piscicultor e membro da Associação, comenta que as vendas superaram a expectativa após dois anos seguidos de estiagem e pandemia. “Muitos produtores sofreram. Em Santa Cruz vendíamos em torno de 18 mil quilos todos os anos, mas com alguns fatos ocorridos neste período conseguimos produzir apenas 12 mil. Estamos muito felizes por já termos vendido tudo. Quem vier para a Feira que segue nesta sexta pela manhã vai encontrar apenas filés”, ressalta.
Valmor Luciano Regert, que cria peixes em Linha Capão, no interior de Vera Cruz, também comemora a qualidade alcançada no produto. “Neste ano vendemos três vezes mais do que no ano passado. Isso se deve, na minha opinião, à qualidade que conseguimos colocar no produto. Além de termos investido em outras formas de entrega. Muitas pessoas procuram pelo peixe inteiro, mas há quem opte por bolinhos ou peixes em postas ou filés, por exemplo. Sendo assim, investimos na diversificação”, explica Regert.