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Polvos de crochê acolhem e tranquilizam os recém-nascidos


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 03/04/2021 14:00

Geral   AMIGUINHO

Eles são coloridos, fofos e muito lindos. Mas os polvos confeccionados em crochê não são meros enfeites de decoração. Eles também são utilizados como recurso terapêutico para o processo de recuperação de recém-nascidos que internam na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e na unidade Mãe Canguru, no Hospital Santa Cruz.

Desde 2017, a casa de saúde passou a usar o objeto nas incubadoras para que, quando abraçado, o brinquedo transmita tranquilidade e proteção ao bebê, já que os tentáculos remetem ao cordão umbilical e causam a sensação de segurança parecida ao do útero materno. Na instituição, a atividade foi nomeada como Meu amiguinho dos setes mares. “Observamos que os bebês se agarram nos tentáculos, evitando retiradas acidentais de acessos venosos e sondas que utilizamos para alimentá-los, além do novo companheiro oferecer aconchego”, explica a enfermeira da Unidade de Cuidados Intermediários, Adriana Pradebon.

O projeto se mantém a partir de doações de polvos de crochê vindas da comunidade. “O projeto iniciou em 2017 e, desde então, ele acontece com polvos doados por várias instituições, pessoas físicas e entidades da nossa cidade e dos municípios vizinhos”, salienta Adriana.

A enfermeira realça que existem critérios para que o recém-nascido receba o amiguinho. O objeto é destinado para recém-nascidos estáveis, bebês que permanecerão na UCI pelo menos cinco dias (em geral, neonatos que estão em uso de antibioticoterapia ou fototerapia), recém-nascidos em isolamento social, que estejam sem a presença da mãe, do pai ou de outro familiar. Além de pacientes provenientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, conforme a avaliação da enfermeira.

Adriana destaca que a utilização dos bonecos traz humanização à terapia e possibilita resultados positivos no tratamento dos bebês. “O uso do amiguinho dos setes mares promove estabilização da frequência cardíaca e respiratória e, em consequência, diminuição da retirada acidental dos dispositivos, antes causada pela agitação dos bebês. Auxilia no ganho de peso do recém-nascido e incentiva pais e mães a participarem do processo de hospitalização do seu filho”, ressalta a enfermeira.

ORIGEM

A ideia surgiu a partir de um grupo dinamarquês que criou o Projeto Polvo, em 2013. A primeira instituição a fazer uso do recurso foi um hospital na Dinamarca, que constatou uma melhora significativa nos sistemas respiratório e cardíaco dos bebês que receberam o brinquedo.

COMO CONFECCIONAR?

Os polvos devem ser confeccionados seguindo padrões pré-definidos: material 100% algodão, fibra sintética e pedaço de TNT ou meia de náilon. O tamanho da cabeça do boneco deve ter entre 11 e 13 centímetros de comprimento e de 25 a 26 centímetros de diâmetro. Os tentáculos, quando esticados, não devem ultrapassar 22 centímetros para que não se enrolem no bebê. O polvo não pode apresentar botões nem adornos de outros materiais para que não se enrolem em sondas e nem machuquem o recém-nascido.


Foto: Divulgação
Tentáculos do polvo se assemelham ao cordão umbilical
Tentáculos do polvo se assemelham ao cordão umbilical