Um casal investigado pela prática de estelionato, falsidade ideológica e falsificação de documentos foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta terça-feira (30), em Encruzilhada do Sul. A ação contou com apoio da Delegacia de Polícia da Regional de Santa Cruz do Sul e da Brigada Militar, e cumpriu ao todo cinco mandados de busca e apreensão.
De acordo com a titular da Delegacia de Polícia Civil de Encruzilhada do Sul e responsável pela investigação, delegada Luana Medeiros, foram apreendidas provas das falsificações, além de computadores utilizados, celulares, um carro de luxo pertencente aos investigados, e duas armas de fogo de calibre permitido. A ação também resultou no bloqueio de 20 contas bancárias e suspendeu as atividades da empresa do casal, uma financeira que, conforme a polícia, era usada para a aplicação dos golpes.
De acordo com a delegada Luana Medeiros, que chegou a reabrir casos anteriormente arquivados, os investigados cometiam as infrações penais há mais de 10 anos na cidade. "Chegaram a aplicar mais de 100 golpes em idosos e analfabetos, utilizando-se da Instituição Financeira, que tem aparência lícita. Verificou que, de posse dos dados pessoais das vítimas - os quais conseguiam de maneira ilícita-, os investigados acessavam as informações bancárias, bem como a margem consignável que elas possuíam em suas aposentadorias", explica.
Assim, realizavam empréstimos não consentidos em nome das vitimas, por meio da falsificação das assinaturas nos contratos ou em procurações, ou mesmo através de engodos, tais como dizer aos idosos que haviam ganho um “prêmio” e, para que o recebessem, deveriam assinar um recibo – o qual era, em verdade, um contrato de empréstimo em branco a ser, posteriormente, completado pelos criminosos.
Outra maneira de agir era fazendo com que as vítimas assinassem os contratos sem saber do que se tratava. "Não foram poucos os casos em que, em meio a contratos lícitos, consentidos pelos clientes, os investigados colocavam outros documentos para serem assinados, fazendo com que as vítimas firmassem outros empréstimos, esses sem ter vontade. Por meio desse tipo de fraude, teve uma vítima idosa que chegou a sofrer um prejuízo de cerca de R$ 225 mil", pontua.
Em geral, as vítimas notavam que suas aposentadorias estavam vindo em valores bem abaixo do que deveriam e, após retirarem um extrato do INSS, percebiam a inclusão de inúmeros empréstimos, por elas não consentidos.
Muitos idosos sofreram, desde abalos mentais, sem dormir bem à noite, devido ao nervosismo, até graves dificuldades financeiras. "Houve quem não pudesse, ao final da vida, sequer comprar os remédios de que necessitava", conta a delegada.
A operação ("Audácia") teve o nome escolhido pelo fato dos investigados ostentarem uma vida de glamour, com festas e viagens caras, veículos de luxo, diversos imóveis e uma mansão no centro da cidade. Para isso, tiravam valores de pessoas humildes.
Durante o cumprimento dos mandados, mais uma possível forma de estelionato foi descoberta. Ao ser localizada a carteira de trabalho da investigada, percebeu-se ter sido assinada pelo investigado, dono da Financeira, a demissão dela. Entretanto, as testemunhas afirmaram que a infratora continuou trabalhando diariamente na função de gerente da Instituição Financeira. "Verificou-se que ela está recebendo auxílio emergencial pago pelo Governo Federal em função da pandemia. Em razão dos indícios, esse fato será encaminhado à Polícia Federal, devido à atribuição", destaca.