Com um início de safra preocupante e cheio de incertezas devido à falta de chuva e consequente diminuição no volume dos rios, os produtores já se preparavam para mais um ano de perdas e prejuízos nas lavouras.
No entanto, com a ocorrência de chuvas significativas e estabilização das bacias hídricas no município, foi possível que o desenvolvimento da soja pudesse atingir um patamar superior ao esperado em relação à produtividade média dos grãos. Conforme o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Emater de Vera Cruz, Alberto Evangelho Pinheiro, o desenvolvimento do cultivo de soja ocorreu dentro do esperado para obtenção de bons resultados. “Houve alguns períodos de estiagem e temperaturas altas no final do ano passado que afetaram as lavouras mais tardias, que estavam em fase de germinação ou no início do desenvolvimento vegetativo. As outras lavouras, semeadas mais no início do período indicado para o plantio, já estavam com um porte maior e não apresentaram prejuízos neste mesmo período. A partir da segunda quinzena de janeiro, com a volta das chuvas regulares e temperatura estável, a cultura foi muito favorecida”, ressalta.
Atualmente Vera Cruz conta com cerca de 700 hectares de soja distribuídos no município. Conforme Alberto, a estimativa é que a média geral fique um pouco abaixo de 40 sacas por hectare, tendo em vista que algumas pequenas áreas tiveram severos prejuízos. No entanto, é esperado que muitas áreas superem 50 sacas/hectare, principalmente em razão da cultura ter sido favorecida a partir de meados de janeiro.
Em Linha Sítio, interior de Vera Cruz, o agricultor Edson Ristow, de 58 anos, realiza a colheita em sua propriedade de 22 hectares, dos quais utiliza sete para o cultivo da soja. Há cerca de oito anos envolvido com o cultivo, o produtor revela que o preço do grão está muito bom, fazendo com que mesmo tendo um custo de produção alto, seja possível obter resultados satisfatórios. Por conta das condições climáticas que desfavoreceram no início do desenvolvimento da planta, Ristow espera colher cerca de 40 sacos por hectare. “A expectativa inicial era de 50 sacos de soja por hectare. No entanto, devido ao clima não ter favorecido em alguns períodos, vai dar em média 40 por hectare”, conta o agricultor, que revela ter interesse de expandir a produção, o que no momento é inviável pela falta de área para o cultivo da cultura em sua propriedade.
Ainda no interior de Vera Cruz, em Linha Fundinho, o produtor Samuel Jost, de 35 anos, iniciou no último domingo, dia 28, a colheita da sua produção de soja. Para esta safra, somando a sua área própria e também a que arrendou em Santa Cruz do Sul, o agricultor afirma ter utilizado cerca de 350 hectares para o plantio de soja. Com a boa produtividade em razão das condições climáticas favoráveis, Samuel revela a expectativa de colher em média 60 sacas por hectare, número bem melhor do que em 2020, quando a média ficou em 30 sacas.
Agora, o vera-cruzense aguarda uma boa compra por parte das cooperativas para que o investimento traga lucratividade. “A expectativa é muito boa, pois esta safra apresentou uma produtividade muito acima do ano anterior. Espero terminar no mês de abril a colheita e poder contabilizar bons resultados”, complementa.
Conforme Alberto Pinheiro, houve um aumento em relação à área de soja cultivada em Vera Cruz da safra anterior para a de 2021. Segundo o engenheiro agrônomo, o acréscimo foi de aproximadamente 100 hectares, chegando a 700 hectares de área utilizada para o cultivo da soja. No entanto, este expressivo aumento não deve se repetir para a próxima safra, mesmo com uma valorização de mais de 100% no preço pago pela soja neste ano.