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Mesmo imunizadas, as pessoas podem se infectar e transmitir a Covid-19?


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 23/03/2021 09:40
Atualizado 23/03/2021 09:47

Geral   FIQUE ATENTO

As vacinas contra a Covid-19 aplicadas no Brasil têm gerado dúvidas na população: elas são realmente eficazes? Quanto tempo após as duas doses ocorre a imunização? Oferecem proteção completa contra o vírus causador da doença? É com o objetivo de estimular a vacinação e combater as fake news que as autoridades e os pesquisadores da Saúde têm esclarecido essas questões. Em conversa com o Nosso Jornal, a diretora de Inovação e Empreendedorismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e doutora em Biologia Celular e Molecular, Andréia Valim, esclarece esses e outros questionamentos e ressalta a importância da vacinação.

Nesta fase, em que parte da população já recebeu a segunda dose da vacina, chama atenção que alguns indivíduos, mesmo imunizados, estão sendo infectados pelo coronavírus. Andreia explica que a formação de anticorpos leva um tempo após a vacinação. No caso dos imunizantes aplicados no país - a CoronaVac, produzida em parceria com o Instituto Butantan, e a Oxford/AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz – sabe-se até o momento que a proteção ocorre em média duas semanas após a aplicação da segunda dose – dependendo das características de cada indivíduo. “Só então teremos capacidade de produzir anticorpos que impedem que o vírus entre na célula”, acrescenta. Ela observa que se a pessoa tomar a vacina e se infectar antes de completar a imunização, não significa que a vacina falhou, mas que não deu tempo do sistema imunológico criar a resposta imune. Andreia revela, ainda, que estudos mostram que a CoronaVac apresenta 50,38% de eficácia em pacientes com sintomas leves e 78% em casos de internação. “Ou seja, posso me infectar mesmo vacinada, mas a chance de necessidade de internação diminui muito. Além de que a vacina apresenta 100% de eficácia para casos graves e mortes”, frisa. Já a AstraZeneca, segundo ela, tem melhor resposta, apresentando eficácia entre 62% e 90%. 

E SE ATRASAR A SEGUNDA DOSE?

Andreia esclarece que se passarem alguns dias do período indicado para aplicação da segunda dose da vacina não será comprometida a eficácia da imunização. Porém, caso passem muitos dias pode ser perdida a imunização primária e, como consequência, o sistema imunológico não vai responder da maneira desejada.

MESMO IMUNIZADO, POSSO TRANSMITIR?

Andreia orienta que cuidados como uso de máscara, higienização das mãos e o distanciamento social devem ser mantidos mesmo após a vacinação, já que até o período de imunização estar completo, a pessoa está suscetível à infecção. Além disso, alerta que não há comprovação ainda de que a pessoa vacinada não transmita o vírus. “Se eu me protegi, ainda posso apresentar a doença, mesmo que de forma leve, e contaminar pessoas que convivem comigo e não se imunizaram. Elas podem desenvolver formas mais severas da doença”, explica ao enfatizar a importância dos cuidados preventivos.

Como distinguir efeitos colaterais da real infecção

Conforme ensaios clínicos, com a participação de uma parcela pequena da população, os imunizantes contra a Covid-19 aplicados no país causaram efeitos colaterais, como dor de cabeça, febre, diarreia e dores localizada e muscular, em apenas 2% dos casos. Contudo, Andreia observa que somente a partir da vacinação em um número maior de pessoas é que será possível monitorar de fato os efeitos colaterais causados pelas vacinas no Brasil. “Por isso, é importante que a população relate os efeitos adversos às Secretarias da Saúde, que vão repassar ao Ministério da Saúde”, revela. 

A profissional lembra, ainda, que é preciso ficar atento aos sintomas da Covid-19 que possam aparecer após a vacinação, de modo a não confundir a real infecção pela doença com os efeitos colaterais. “É importante lembrar que após tomar a segunda dose da vacina a imunização não é imediata. Em caso de dúvida, procure a unidade de saúde, avaliação médica e faça o teste”, orienta.

A VACINA NO ORGANISMO

Conforme Andréia, a vacina imita o que o vírus causador da Covid, o SARS-CoV-2, faz. “Quando ela imita, o nosso sistema imune produz uma resposta imunológica que fica no organismo, para que quando tiver contato com o vírus verdadeiro, ele consiga responder de forma adequada, impedindo que o vírus entre em nossas células e a gente adoeça”, esclarece. 


Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
Especialista diz que vacinas aplicadas no país são eficazes
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