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Número de óbitos fetais em Santa Cruz dobrou em 2020


Publicado 19/02/2021 20:00
Atualizado 19/02/2021 20:18

Geral   PREOCUPAÇÃO

De 2019 para 2020, o número de óbitos fetais registrados em Santa Cruz do Sul mais do que dobrou. Foram 17 mortes contra oito no ano anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (17) pela Prefeitura. A pauta havia sido reivindicada pela vereadora Nicole Weber que solicitou informações sobre o assunto durante a sessão ordinária do dia 8 de fevereiro. Clique aqui para relembrar

Entre os 17 óbitos de 2020, apenas um ocorreu sem pré-natal - acompanhamento médico da mulher durante a gravidez. Dos oitos casos de 2019, um foi sem pré-natal.

Do total de casos, em 15 os bebês eram prematuros, ou seja, tinham menos de 37 semanas (antes do início dos nove meses de gestação). Dentre esses 15 casos de prematuridade, e de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde, cinco bebês foram considerados prematuros extremos, três eram muito prematuros e sete eram prematuros moderados.

Segundo a enfermeira Maitê da Silva Lima, presidente do Comitê Municipal de Ações de Redução da Mortalidade Infantil, Fetal e Materna de Santa Cruz do Sul, há uma certa dificuldade, muitas vezes, em determinar a causa básica de um óbito, sendo necessário fazer associações às condições e às patologias relacionadas à gestante. "Em função disso, há muitos óbitos nos quais a causa básica registrada no sistema de informação oficial consta como “Causa não especificada”. No ano de 2020 foram 11 casos em que a expressão foi descrita na Declaração de Óbito", explica. 

Conforme Maitê, até o momento, não é possível atribuir causas específicas para o aumento do número de óbitos fetais de 2019 para 2020. "Há indicação, em alguns casos, para melhor elucidação do diagnóstico, de realização de exames genéticos, por exemplo, que nem sempre estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde, ou seu acesso é dificultoso (necessidade de idas à Porto Alegre, por exemplo) e também, há casos em que a elucidação através de necropsia seria indicada", ressalta.

Além disso, a enfermeira destaca que é importante ressaltar que esse aumento se deu a nível regional e não apenas local e que em 41% dos casos analisados as gestantes fizeram acompanhamento em serviços privados e 53% no SUS.

Comitê acompanha a situação

Um dos objetivos do Comitê Municipal de Ações de Redução da Mortalidade Infantil, Fetal e Materna é avaliar as circunstâncias de ocorrência dos óbitos e propor medidas para a melhoria da qualidade da assistência à saúde. "Nesse sentido, frente a constatação do aumento do número de óbitos fetais, o Comitê Municipal e o Comitê Regional de Mortalidade Infantil, recomendaram que fossem realizadas auditorias e reuniões específicas com os serviços (unidades de saúde, hospital, coordenadoria de saúde), além de solicitações de esclarecimentos a outros serviços (como Instituto Médico Legal e Central de Regulação do Samu de Porto Alegre)", destaca Maitê. 

Segundo ela, um dos próximos passos é a organização de uma capacitação para melhorar os registros nas Declarações de Óbitos que está em construção junto à Epidemiologia do município. Além disso, as reuniões do Comitê Municipal de Ações de Redução da Mortalidade Infantil, Fetal e Materna seguem ocorrendo ordinariamente uma vez por mês e, sempre que necessário, extraordinariamente.


Foto: Pixabay
Comparação com 2019 acende um alerta sobre a mortalidade no município
Comparação com 2019 acende um alerta sobre a mortalidade no município

Número de óbitos fetais em Santa Cruz dobrou em 2020