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Em um ano, custo de construção subiu cerca de 40% em Santa Cruz do Sul


Publicado 13/02/2021 09:30

Geral   ECONOMIA

Embora a permanência em residências tenha estimulado pequenas reformas durante a pandemia da Covid-19, o cenário da construção foi totalmente reformulado com os aumentos nos preços dos materiais. Afinal, itens essenciais na fase de estruturação das obras tiveram expressivos reajustes e teve até produto que dobrou de preço no período, como o caso do ferro. Na média geral, de acordo com especialistas na área em Santa Cruz do Sul, o aumento ficou em aproximadamente 40% no valor total da construção. 

Conforme o gerente da Casa Nova Materiais de Construção, Clóvis Juarez Haeser, a diferença nos preços foi ocasionada após o período em que as fábricas ficaram fechadas, quando começou a faltar mercadoria e os valores sofreram o aumento. "O maior ajuste foi no aço - ferro de construção - que praticamente dobrou de um ano para cá. Depois disso são os materiais de PVC, como os canos, que aumentaram entre 70 a 80%", destaca. Já os materiais que mantiveram os preços, segundo o gestor, são os regionais, como areia, brita e pedras de construção. 

O proprietário da Construmac, Roni Schuh, concorda. "As maiores mudanças com a pandemia foram a falta de mercadoria e depois os aumentos abusivos. As fábricas ficaram com menos pessoas, pois eliminaram alguns grupos de funcionários. Todo mundo achava que as coisas iam piorar, que não teria movimento. Mas as coisas começaram a melhorar e as vendas reagiram e até melhoraram", explica. Com os consumidores que passaram a ficar mais tempo em casa, a procura por materiais aumentou enquanto a produção se manteve menor do que antes da pandemia. 

Porém, segundo Schuh, o aumento do valor final não significa somente o reajuste no produto. "As vendas no varejo estavam bem abaixo. Quando o mercado não absorve toda a produção de uma fábrica, ocorrem muitas promoções. Começam a baixar os valores para vender devido à concorrência. Com a situação da pandemia, as fábricas estão aproveitando para repor as perdas que tiveram nos últimos anos. Teve produto, como o cimento, que ficou aproximadamente de três a quatro anos sem aumento", destaca. Entretanto, segundo ele, alguns produtos tiveram aumentos muito acima do normal - como o PVC - por estarem nas mãos de poucas empresas produtoras.  Assim como citou Haeser, o empresário Roni Schuh também destaca outro reajuste expressivo no preço do ferro. "O que era comprado por R$ 20, hoje custa R$ 40", diz. 

Os dois empresários projetam a melhora nos preços a partir do segundo semestre de 2021. "As fábricas vão começar a produzir como antes e vão conseguir atender o comércio em geral de todo o país. Assim, podem acontecer algumas baixas, mas sem voltar ao que tínhamos há quase um ano. Porém, no momento que tiver estoque, serão obrigados a reduzir os preços para colocar o material para fora", acredita Roni Schuh. 

Situação preocupa

Conforme o vice-presidente do sindicato em Santa Cruz do Sul, Astor José Grüner, a construção civil fica preocupada com esses grandes aumentos por terem acontecido num curto espaço de tempo. "Sentimos, principalmente em aço, concreto, cimento e eletrodutos, aumentos muito altos. E isso impacta, porque são materiais representativos no custo de uma obra, principalmente na fase de estruturação", salienta. 

A expectativa do sindicato é que a estabilização dos preços ocorra ainda no começo deste semestre. "Com a redução das restrições, com a melhora nas questões da Covid-19 e com a vinda da vacina, esperamos que o mercado entre num ritmo normal e que os valores diminuam. Estamos com esperança de que isso aconteça, para o impacto não ser tão grande no valor final das obras", pontua. Segundo ele, se isso não acontecer logo, a situação irá refletir, inclusive, nos preços dos imóveis colocados à venda. 

De acordo com Grüner, a estabilidade dos itens regionais e do valor da mão de obra contribuíram para que o cenário não se tornasse ainda mais complicado, assim como a perspectiva para o futuro seja mais positiva. "Percebemos que as obras em papel irão iniciar esse ano. O Governo Federal também melhorou as condições de crédito. Então, as obras que usam financiamentos habitacionais estão andando. A Caixa Econômica Federal tem recursos para financiar. As condições indicam o retorno do crescimento da construção civil", analisa. 


Foto: Arquivo/Jornal Arauto
Aumento nos preços atingiu diversos itens e teve produto que dobrou de valor durante a pandemia
Aumento nos preços atingiu diversos itens e teve produto que dobrou de valor durante a pandemia