Elas são mulheres. São ótimas em multitarefas. São amigas e artesãs. O nome de um grupo de mulheres vale-solenses faz jus ao que elas representam na comunidade em que vivem: fazendo a diferença. A vontade e a persistência são suas principais ferramentas.
Tudo começou em 2010, quando a agricultora Márcia Liége dos Santos, entusiasmada em desenvolver um projeto para mulheres de baixa renda de Vale do Sol, criou um grupo. Uma das artesãs, Mari Durante, escreveu o projeto. E de lá para cá muita coisa aconteceu. “Percebi que outras mulheres, de diferentes classes sociais, também queriam participar. Então, o grupo foi crescendo e crescendo”, relembra Márcia, responsável pela coordenação do grupo.
Hoje, mais de 10 mulheres, entre 17 e 50 anos, de diferentes localidades do município, se envolvem no projeto. Em parceria com o Círculo de Pais e Mestres da Escola Padre Theodor Amstad, o grupo mantém-se vivo. As únicas exigências são: sentir-se bem, dialogar e ensinar. Isso porque a turma é multitarefa. Cada uma tem uma habilidade. Uma sabe costurar, fazer fuxicos, decoupage, outra crochê, trabalhos com vidros, pinturas, e por aí vai. A lista é enorme.
Durante os encontros – que em 2020 foram escassos em virtude da pandemia – as mulheres compartilham o seu saber às demais. Dessa forma, todas as participantes aprendem um pouco de outras técnicas artesanais. “Este grupo é a nossa família, aqui conversamos, rimos, brincamos, desabafamos, enfim, é um momento para relaxar”, dizem as artesãs.
O resultado final não poderia ser diferente: peças e utensílios decorativos de muito bom gosto, todos com materiais recicláveis. “Transformamos o lixo em luxo”, frisa Márcia. Ao longo deste período, a turma participou de inúmeros cursos para se aperfeiçoar e apresentar um produto de ótima qualidade com garrafas pet, filtros de café usados, calças jeans, caixas de leite, entre outros. Mas não foi só isso. A vontade de aprender é combustível para elas.
Dentre as especialidades do grupo adquiridas ao longo dos anos estão a confecção de xaropes, produtos naturais de limpeza, pomadas e o resgate da cultura dos chás. “Temos um horto medicinal no pátio da escola e, ali, cuidamos de várias plantinhas, cada uma faz parte do relógio humano e são benéficas para alguma parte do corpo”, destaca a coordenadora.
Para conseguir recursos e manter o grupo ativo, as mulheres realizam diversos eventos, como jantar baile, torneios de futebol e participam também de feiras em Vale do Sol. “Mesmo não tendo muito, retribuímos à comunidade. No Natal passado, por exemplo, compramos pacotes de balas e distribuímos com o Papai Noel pelo interior. São pequenas ações, mas que fazem a diferença, principalmente para nós”, conta.
O principal objetivo do grupo de mulheres é tornar-se uma cooperativa. “Gostamos muito do que fazemos. Muitas têm problemas emocionais, e ao passarmos pela porta, essas questões ficam para fora. Aqui tem muita união e alegria”, ressalta Márcia.
Um grupo que faz diferença para os outros, mas, principalmente, para elas. “É o nosso spa, uma terapia. Nos sentimos realizadas”, dizem, felizes. A junção é próspera. “Principalmente nesta época do ano, estamos mais exaustas devido ao trabalho com o fumo. Mas chegar aqui, deixar aflorar a criatividade e entregar para o cliente um artesanato lindo, não tem preço”, enfatiza a coordenadora.