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Quando uma boa ação vira rotina


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 26/12/2020 12:00

Geral   ESPECIAL DE NATAL

Se tem uma palavra que está em alta neste ano é solidariedade, tão usada quanto pandemia. E uma está, em 2020, bem atrelada à outra. As dificuldades cresceram para muitas famílias, seja por problemas de saúde, seja financeiros, ou ambos. Nas cartinhas ao Papai Noel entregues na Prefeitura de Vera Cruz, muitos foram os pedidos de brinquedos, natural da criança. Mas muito se revelou sobre as dificuldades enfrentadas.

A fisioterapeuta Glaucia Kohls conta que ajudar o próximo é prática corriqueira em sua casa. Todo fim de ano a tarefa da filha, Luiza, é fazer uma limpa nos brinquedos e nas roupas em desuso para serem doados. A boa ação, frisa Glaucia, é rotina. É o terceiro ano que a família escolhe uma cartinha. Ano passado foi a mochila, em outro material escolar. Desta vez, parece que a cartinha os escolheu.

Como Luiza ganhou um quarto novo, Glaucia colocou à venda a cama e o criado mudo das Princesas que ela tinha, e por coincidência, na Prefeitura, uma das cartas externava justamente este desejo. “Nossa ideia sempre foi essa: se não vendesse iria para a doação. Então caiu como uma luva”, destaca. “Quando eu li aquela carta, logo conversei com a Luiza e o Marcos (esposo) e não pensamos duas vezes. A Luiza ficou muito feliz em poder ajudar e ainda doamos a poltrona do quarto”, complementa.  Para quem doa, aponta Glaucia, é um sentimento de felicidade em ver a alegria da outra família em receber. “Mas a quem recebe, o sentimento deve ser maior. Ainda mais em um ano difícil, de pandemia, é um gesto ímpar. A gente fica feliz em retribuir de uma maneira simples, que é doar aquilo que a gente não vai mais fazer uso, mas que para outra pessoa vai ser imensa alegria, um presente de Natal”, enaltece a vera-cruzense.

... e realiza o sonho da princesa

Quando a fisioterapeuta Glaucia Kohls leu a cartinha escrita por Nathalia Victória da Silva Rodrigues, oito anos, sabia que o quarto da filha, Luiza, que estava à venda, seria doado. E como não se encantar com palavras como estas? “Desejo ganhar um quarto completo, bem bonito, de menina, esse é o meu sonho... sempre quis isso, mas minha mãe não tem condições... estou rezando que Papai do Céu me ajude a ganhar...”.

Foi a mãe de Nathalia, Márcia da Silva, quem orientou a menina a colocar realmente seu sonho. Ela dizia que gostaria mesmo de um quarto das princesas, mas Márcia disse que isso seria muito difícil, improvável. Então a estudante apontou apenas um quarto de menina. “Mas quando me ligaram da Prefeitura dizendo que a cartinha da Nathalia foi escolhida e que ela receberia um quarto das princesas, até eu me emocionei. Minha filha ficou eufórica, feliz, surpresa, com o olho brilhando e contando os dias para chegar”, descreveu Márcia. Quanta coincidência. Ou seria destino? Para a menina, que ainda acredita no Papai Noel e reza ao Papai do Céu, é clara a resposta: fé e esperança. “Vai ser o melhor Natal dela”, acredita Márcia, ao dizer que já é costume a menina ficar horas brincando no quarto e que agora vai aproveitar mais ainda.

O presente vai transformar o Natal da família que, como tantas, tem amargado problemas que cresceram com a pandemia. Márcia e o companheiro, Jader Barreto, estão desempregados. Ela deu à luz há três meses ao caçula Stefan, e além dele e Nathalia, ainda tem Taylor, de seis anos. Beneficiários do Bolsa Família e com a ajuda do CRAS em mantimentos, a família vai se mantendo, driblando as dificuldades. É na alegria das crianças que os sentimentos se renovam. E é com a solidariedade que o Natal será transformado em empatia e amor.

 

 


Foto: Divulgação
Todo fim de ano a tarefa de Luiza, é fazer uma limpa nos brinquedos e nas roupas em desuso para serem doados
Todo fim de ano a tarefa de Luiza, é fazer uma limpa nos brinquedos e nas roupas em desuso para serem doados

Foto: Taliana Hickmann/ Jornal Arauto
Quando a fisioterapeuta Glaucia Kohls leu a cartinha escrita por Nathalia Victória da Silva Rodrigues, oito anos, sabia que o quarto da filha, Luiza, que estava à venda, seria doado
Quando a fisioterapeuta Glaucia Kohls leu a cartinha escrita por Nathalia Victória da Silva Rodrigues, oito anos, sabia que o quarto da filha, Luiza, que estava à venda, seria doado